Sherlock
Final do século XIX. Sherlock Holmes é um detetive conhecido por usar a lógica dedutiva e o método científico para decifrar os casos nos quais trabalha. O dr. John Watson é seu fiel parceiro, que sempre o acompanhou em suas aventuras.
Oh, Wait! Não é bem assim que a história começa…
Na verdade, nossa história começa alguns séculos depois, mais precisamente no século XXI, na atual Londres, que mesmo após tantos anos, continua com o mesmo charme e crimes misteriosos do tempo de Sir Arthur Conan Doyle. Sherlock não é mais um taciturno detetive, ele é um sociopata, fundador da “Ciência da Dedução”, trabalha em um laboratório, é consultor da polícia nas horas vagas e tem um site na internet. Dr. John Watson continua sendo um médico do exército, só que dessa vez lutou no Afeganistão, onde foi ferido e volta para casa sob o diagnóstico de “estresse pós-traumático”.
Tudo se inicia com mais uma sessão de terapia de Watson, e vemos então a vida de merda triste que ele leva. Num passeio pelo parque, Watson reencontra um velho amigo dos tempos de escola militar que lhe apresenta a resolução de ao menos um de seus probelmas: Aluguel partilhado. No segundo momento, temos então a visão de um rapaz alto, bonito, com jeito de inteligente e um chicote na mão, pronto a desferir chicotadas em mais um defunto fresquinho, tudo em nome da ciência, que fique claro. Então, o esperado encontro acontece, Watson conhece Sherlock e já decidem conhecer um apartamento na Baker Street, 221B.
A princípio, essa série produzida pela BBC pode parecer mais um remake das famosas histórias desse detetive inglês, porém, ela acerta no que tange a adaptação do enredo para roupagens mais modernas. Nesse novo universo para o brilhante detetive temos celulares, internet, notebooks, sites e blogs. Watson possui um blog com o objetivo de lhe ajudar a superar os trágicos acontecimentos da guerra; Sherlock adora mandar mensagens de texto pelo celular, principalmente se Lestrate estiver numa coletiva de imprensa; usam de GPS para localizar um possível assassino e assim por diante.
Mas não pense que estragaram a essência do personagem. Pelo contrário, continua tudo ali, os crimes sob uma perpectiva diferente, o vício de Sherlock, as intrigas com a polícia, o misterioso inimigo Prof. Moriarty, as deduções lógicas e tudo aquilo que fez os fãs se apaixonarem. E por falar neles, os mais ferrenhos e detalhistas poderão perceber os diversos crimes que são entrelaçados durante os episódios, já que para condensar em 3 episódios muitas das aventuras foram compactadas em casos únicos. Tá que isso me decepcionou um pouco, mas não o suficiente para tirar o mérito da série. Que aliás, também adicionou alguns novos detalhes, sob uma determinada licença poética dos escritores e diretor. Alguns novos personagens foram inseridos, como por exemplo o arquiinimigo de Sherlock (Que não vou revelar quem é…).
Outro mérito da série está na interatividade proposta com o site The Science of Deduction, que na história é o local por onde Sherlock recebe alguns de seus casos e divulga a ciência da dedução, e o The blog of Dr. John H. Watson, como o próprio nome diz, é o blog de Watson, onde ele narra suas aventuras junto ao seu colega de quarto. Essa experiência busca ir além da televisão, mesclando alguns recursos de mídia para dar ao espectador o gostinho de participar da história.
Com um humor inteligente, deduções sagazes, crimes aparentemente sem resolução, uma organização misteriosa, um médico e um detetive sem tato social e um ator lindo interpretando o protagonista, a série “Sherlock” foi uma boa aposta da BBC. Uma aposta que deu certo e rendeu 3 episódios de 90min de duração cada. Torcemos agora pela segunda temporada…
Leia mais em: BBC, Resenhas - Programas, Sherlock, Sir Arthur Connan Doyle