Ska-P, A Combustão do Ska

New Emo quinta-feira, 29 de abril de 2010

Fui intimado a prestar depoimento sobre Ska-P. Conheço a banda faz tempo, mas me sinto desconfortável pra falar dela. Tarefa difícil, sabe? É uma daquelas coisas que te encantam tanto que nem tem como falar direito sobre.

Então começarei pelo mais simples. Posso definir Ska-P com uma palavra.

Euforia.

Uma coisa que gosto de fazer é lembrar como conheci alguma banda. Acho que foi meu primo, num distante ano, que me apresentou. Eu já vinha na onda de Ska faz tempo, comecei pelo nível easy, Goldfinger, e já tava passando pro próximo level, com Catch 22 e Streetlight Manifesto.

Ahh, antes de prosseguir, ninguém tem a obrigação de saber o que é Ska. Então vou falar rapidinho pros noobs se situarem.

Sabe a Jamaica, aquela ilha que antes servia de porto pirata, e hoje serve de sinal de fumaça? Pronto, ali mesmo. Antes mesmo do reggae, lá pelos idos de ’50, surgiu um estilo assim, apressadinho, abusando dos metais e da dupla bateria/baixo. É uma derivação do Blues, misturado com outras coisas além dos ritmos locais, num compasso quatroporquatro. A merda é que surgiu algum lerdinho que DIMINUIU a velocidade da música. Poxa, tava tão legal a 200 bps. E assim surgiu o reggae, que junto com o Marley, fez a coisa mudar de história.

Ska Punk então é a junção destruidora dos dois estilos. Como se o jamaicano pré-reggaero encontrasse um punk inglês e resolvessem tirar um som na rua.

Voltando pro ponto do texto… Ska-P é um grupo da Espanha (Tá vendo como é bom escutar alguma coisa sem ser em inglês? Tenta alemão, é legal também. Die Toten Hosen), formado lá no distante 1994. Os caras são bem doidos, então não espere o típico reggaero como por exemplo, com os Skatallites. Na verdade, eles me parecem punks até demais. Mohawk, roupa rasgada, anarquia, essas coisas. Mas não quer dizer que, como os parentes de ’70, fiquem ofendendo gratuitamente. Pelo contrário, as críticas são pancadas certeiras, comumente dirigida aos USA, às forças policiais, ao Estado em si, e pela legalização da cannabis. Putz, às vezes me pego pensando nisso… Acho que sou o cara mais anti-anarco que conheço, defendo a existência de um Estado (Mais enxuto, objetivo, prático, interventor, regulador, eficiente, não corrupto, que dê liberdade e principalmente crie condições para o desenvolvimento. Quero um Estado perfeito logo, né não?), acho uma idiotice simplesmente liberar a cannabis (Ao menos que seja pra consumo próprio, plantado até no banheiro de casa. Parece clichê, mas o playboy classe média que quer ficar doidão REALMENTE financia o crime. Ou você acha que o dinheiro é pra comprar fast food pro dono da boca? Não sejamos pequenos corruptores, certo? Apesar de que, aqui entra minha opinião mais do que nunca, precisar de uma coisa com potencial vício pra se sentir bem é tolice, é querer se deixar fraco, abaixar as defesas) e outras coisas mais.

 “Boga abrir a roda, manooolo!”

Só que eles instigam. Eles nos fazem sentir o poder. Como se estivéssemos no meio de um black bloc prestes a tomar o poder e fazer uma revolução.

E eles descem o sarrafo nos Estados Unidos atual. Caralho, como eu adoro isso! **insira aqui a carinha feliz** Além de, finalmente, alguém tomar as dores pela Palestina, que tem tanto direito quanto Israel para ser um país de verdade, em “Intifada”:

Que harias tu si te echaran de tu casa sin derecho a rechistar,
Pisoreando tu cultura, sumergido en la locura por perder la dignidad,
Palestina esta sufriendo en el exilio la opulencia de Israel,
Por un gobierno prepotente, preparado para la guerra, por tu ya sabes quien!

Babar ovo de usamericano é coisa de idiota.

 “Vem sempre aqui, puto?”

Sem sair da linha, continuemos a falar da banda. Alguém, por favor, me faz um café. Que não seja quente.

Teve um tempo que eles decidiram acabar, isso foi em 2005, acho. Mas uns três ano depois, graças ao deus metal ska version, eles voltaram. Junto com o Gato Lopez, claro.

Como todo grupo de Ska que se preze, tem um nome meio sem lógica, e um monte de membros, que são, cá entre nós, um caso à parte. Se você não sentir vontade de abrir a roda de pogo consigo mesmo, concentre-se um pouquinho mais e vá notando os instrumentos. A bateria instiga demais naquele compasso. As linhas de baixo, muito bem executadas. O clássico riff de guitarra ska. Os metais, agitando ainda mais. E porra, não costumo parar de elogiar, as letras.

El imperio romano se derrumbó, más tarde, el imperio español
Y los yankees caerán, no serán la excepción.

Conquistan países, imponen su pobre cultura,
Saquean recursos sembrando pobreza y rencor.
Manipulan los medios de información privándonos de la verdad
Sus bases militares nos vigilarán.

Pero no ha habido imperio y nunca lo habrá,
Que aguante la fuerte presión,
De los pueblos unidos contra el invasor.

AMERICANS, THE EMPIRE WILL FALL!
– El Imperio Caerá

Orgullo nacional,
Patriota virtual,
Heroe militar, xenofobia.
Muñeco demencial,
Paralisis mental,
Escoria cerebral.

A la mierda reaccionarios!
Me la suda todo lo que puedas ladrar,
Siempre ame la libertad.
– A La Mierda

Minha dica pra quem quiser se aventurar mais pela banda é o álbum ao vivo Incontrolable, que faz registro de shows em três países, com os maiores sucessos. Temos a impressão que é como se fosse o último show, a obrigação de fazer o palco vir abaixo, dar a mensagem que cada um é um agente catalisador de mudanças na medida de seus atos. Menos a Polônia, que só se fode.

Por favor, digam que não estou ficando louco. Talvez quem more no Nordeste note melhor isso, mas… Porra, eu fico com medo até de falar. Teve uma vez que eu estava no busão, e na rádio começou a tocar aqueles forrós estilizados. Caralho, acho que tive um devaneio. Aquilo parecia muito Ska. Espero, sinceramente, que eu esteja enganado.

Como diriam os próprios, hasta la victoria siempre, SKAAAAA!

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