Só uma mensagem

Televisão quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Qual a sua mensagem pra Terra, Bilu?

– Apenas que… Busquem conhecimento.

Recentemente, duas emissoras de televisão foram até o interior do Mato Grosso do Sul, conhecer aquele que atende pelo nome de Bilu. O Repórter Record conseguiu uma matéria, e o CQC, uma piada.

Pra quem não entendeu, explico: Lá na putaqueopariu, numa localidade chamada Corguinho, no interior do MS, está uma comunidade, a “Cidade dos ets”. É um grupo liderado pelo “Ufólogo” Urandir de Oliveira, que está construindo a própria cidade, com direito a bunkers com estoque de comida – pra 2012, claro – e casas em formato de iglu, pelo preço módico de 50 mil pratas. Essas pessoas mostraram ao mundo Bilu, o sábio extraterrestre, que mora na floresta das redondezas e, aparentemente, tem o mesmo dublador do Nhonho, do Chaves.

É, é tão esdrúxulo quanto parece:

Bilu, o extraterrestre (trecho da reportagem da Record)

Bem, eu assisto televisão. Alguns não assistem por não ter tempo, por não ter nenhum programa que lhes interesse, enfim, enquanto outros dizem por aí que não assistem pra dar uma de troll e/ou se fazer de cult. Mas, eu, eu assisto mesmo. Talvez meia dúzia de programas que valem a pena na tv aberta, só os que ainda não desistiram da qualidade e do bom-senso pra ganhar audiência com a grande massa de imbecis que parasita esse país.

 A voz por trás do extraterrestre

Em uma de minhas cruzadas pelos canais, acabei vendo a história de Bilu. Na hora, eu ri. Eu ri BAGARAI. Mesmo. Não só por causa das pessoas da tal cidade, cujo líder, aliás, tem uma má fama impressionante, mas também pelo próprio “et” (Leia-se, o sujeito agachado no mato com uma máscara de carnaval, fazendo uma voz de desenho animado). Mas, depois de ver o CQC fazendo piada sobre isso tudo, comecei a pensar. A Record fez uma matéria com tom sério, como um documentário no Discovery Channel. Então, a história do et ganhou uma aura de absurdo em mim. Não, não tô falando do “et” em si, nem da óbvia idiotice contida no assunto todo. Falo de como isso foi tratado pela segunda maior emissora de tv do Brasil. Eles nem tentaram jogar uma dúvida marota, nem falar um pouco do dono da tal cidade, um cara que ficou famoso no início dos anos 2000 por tentar vender lotes de terra pra quem queria viver com ets. Não, nada. Ao contrário, fizeram a matéria com aquele jeito de documentário na selva, e ainda foram conversar amigavelmente com o pessoal do lugar.

Esse xilique todo acaba não sendo nem pro Bilu, nem pra tv aberta. É pra nós. É pra como estamos acostumados com a ignorância. Como aprendemos a não tratá-la como a anomalia que é. Como se tornou normal viver na borda das idéias, das ações. Ninguém vai muito fundo em nada. É como essa corja que se tornaram 80% dos jovens. Não querem saber do passado, não sabem o que fazer do futuro e vivem à margem de tudo no presente. Vão crescer e continuar mais ou menos no mesmo lugar, só que talvez ganhem dívidas, filhos e/ou um trabalho tosco e nem vão esboçar uma crítica quando tiverem a inteligência sumariamente insultada… Ao verem Bilu na tv. Bem aí está, e o ciclo se fecha.

Não tem mais muito o que dizer. Apenas não se contentem com pouco. O mundo construiu muitas coisas antes de vocês nascerem. Não vivam à margem de tudo, à margem da vida. Aprendam. Apenas… Busquem conhecimento.

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