Sobre filmes de super heróis (Por quem não assistiu O Expetacular Hómi-Aranha)
Já falei várias vezes, mas não custa repetir: Não leio quadrinhos, não vou ao cinema com frequência, não tenho nenhum console desta geração e cago e ando para o monte de fãs babacas que amam o Ryan Reynolds (A.K.A. Connor MacLeod), que glorificam Godard e que acham incrível um troço que te obriga a pular na frente da TV para “jogar”. E já que todo mundo nesta budega tem falado do Pedro, por que não reclamar disso também?
Pois então, estreiou, tem uns dias, o mais novo filme do Homem-Aranha, reiniciando a franquia no cinema, mostrando, de novo, como o nerd de merda que era o Peter Parker virou um delinquente procurado pela poliça. O Pizurk, a Aline e o Gustavo já falaram do filme, então não perderei tempo dizendo se o Andrew Garfield parece ou não o personagem, comparando este filme com o primeiro, reclamando da Mary Jane da Kirsten Dunst e nem falando da Emma Stone. O ponto aqui é outro: Quando caralhos vão aprender a fazer um filme que respeite a porra da história original, seja baseada numa HQ, livro ou em outro filme?
Peter é um merda, isso todo mundo sabe, do mesmo modo que sabe que o Lanterna Verde tem um anel, que o Superman voa e que o Batman tem um carro legal, mas qual a dificuldade em representar esses personagens do jeito que eles são? Peter é um adolescente idiota, Hal Jordan não fala “I know, right?“, o Super não é tão capacho da Lois e esta não é sem graça como no filme… Enfim, a lista continua. Não é difícil retratar nada disso: O Gambit, no filme do Wolverine, podia ser francês, mas é só boiola.
Sim, este sou eu reclamando de pequenos detalhes que, para mim, não me importam, mas para o público principal destes filmes, nerds babões e sem vida que batem punheta pra Zatanna, essas coisas não só importam, como fazem a diferença. Aqui mesmo no Bacon fica evidente que esse filme do Homem-Aranha dividiu as pessoas: Uns gostaram bastante, outros odiaram. Meu deus, o Peter (Com variações através dos anos) tinha 15 quando foi mordido/picado pela aranha, e 28 é um pouco mais que isso. Os anos 80 já acabaram, então por que a fórmula não se adaptou?
Nenhum desses atores é, e provavelmente nunca serão, os personagens que interpretam. Ou vocês acham que o Bale é o Batman perfeito, que o Chris Evans é o Capitão América e que o Mark Ruffalo é um Banner melhor que o Edward Norton (E este nem era o Banner)? E é aqui que entra o Downey Jr. (E, até onde sei, sem ter assistido, a Emma Stone), e eu sei que é repetir o que já foi falado aos montes, mas se há um bom ator que saiba e possa, por mérito próprio, interpretar Tony Stark, creio que dá para fazer o mesmo com todos os outros. Já é hora de parar de dizer que gente de 30 tem 15, que vilões negros são nazistas, que gente sem talento (Mas que faz sucesso com as garotinhas) pode representar uma nação e, principalmente, que um boçal (SETH ROGEN) é um gênio.
Claro que há (E deve haver) espaço para concessões, mas porra, estupra mas não mata. Não digo que os atores atuais não fazem um bom trabalho (Apesar de ser exatamente o caso de alguns deles), mas não venham me dizer que nenhum deles é a “pesonificação definitiva” de nenhum desses heróis. Nunca uma adaptação será igual à obra base, pode ser melhor ou pior, mas exatamente igual não. Creio realmente que podemos passar do atual, de as adaptações serem piores, para um patamar em que poder-se-á dizer (Falei bonito agora) que são melhores (Ou “dignas” para os babacas como eu) do que as obras em que se baseiam. E não é com pequenas gags, usando uma ou outra característica específica ou com citações que se faz isso, é respeitando a obra e os personagens, e pensar em atores que saibam interpretar um personagem porque já foram esse personagem.
Sei que vai soar estúpido ter de dizer isso, mas vamos lá: É claro que um ator não precisa ter a vida igual à um personagem (Se teve, bem, se fodeu, já que sua infância deve ter sido uma bosta), mas nunca alguém que não bebe poderia interpretar um bêbado. No filme do Capitão se fala isso sobre o Steve Rogers: Ele não foi escolhido porque sabia tudo de guerra, mas porque a “base” (No caso, o “bom-mocismo” e o amor à “América”) era o mais importante. Aposto o meu pau que nenhum dos atores sabe o que é “o sacrifício próprio pelo bem maior”, e incluo o Downey Jr. nisso. Acontece que diferente dos outros, Tony Stark está pouco ligando caso alguém estivesse sendo assaltado na esquina, e só por isso o ator “funciona”.
Enquanto não se pensar mais no personagem e nos “atores certos” para interpretá-los, não poderemos dizer que uma adaptação de fato representa a obra original (E só por curiosidade, SETE filmes de super heróis, seis sequências e um reboot estão programados para os próximos dois anos). Claro que pode-se fazer um filme “bom” e/ou que tenha boa bilheteria, mas dizer que aquele cara/garota de roupa colorida na tela representa um personagem dos quadrinhos, com anos de história, é putaria das grandes: É um chute no saco sem uso dos milhares de fãs desses personagens, e até pra mim, que pouco ligo para essas histórias, isso é um problema, imagina então para quem está tendo o saco chutado?
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