Supositório entrevista – Correia (DSManiac)

Games domingo, 02 de dezembro de 2007

Na segunda entrevista do Supositório Gamers, falei com Fábio Correia, empreendedor e fundador do DSManiac. Alguns de vocês já ficaram conhecendo o site pelo podcast para o qual fui convidado a participar. Correia mandou suas opiniões como sempre, sem nenhum tipo de pudor ou censura.

Bastidores

Atillah: véi.
Atillah: pelamor.
Atillah: Rola agora?
Fábio Correia: Vamo nessa agora.
Fábio Correia: Sou todo seu.
Atillah: ololco, assim não, não faço entrevista homossexual cara.

Entrevista

Atillah: Mas então cara, fala aí como surgiu a idéia de lançar um site só sobre DS, que ATÉ HOJE é um console relativamente desconhecido do grande público no Brasil.
Fábio Correia: Foi coisa de momento mesmo. Eu comprei um DS Lite Polar White no lançamento lá nos EUA. Estava lá a trabalho e fui ás 7:30 pra porta de uma loja da Target, na frente da loja tinha eu e dois guris de uns 10 anos, hehe. Comprei o DS e fiquei maravilhado, um pouco depois fui procurar fontes dentro da internet brazuca e não tinha NADA! Daí surgiu a idéia de botar pra frente uma página pra ajudar o pessoal e informar sobre o portátil da Nintendo que, em termos de informação, se resumia a fóruns brasileiros e orkut.
Atillah: Esse negócio dos sites independentes, como o DSManiac é uma coisa que na minha opinião empurra o mercado de games no Brasil. Como que tu compara a crônica feita pelos sites independentes com a crônica “oficial”, principalmente das revistas de games brasileiras que SEMPRE estão com o conteúdo em atraso?
Fábio Correia: Alguns me acham radical no que faço e no que digo, mas quando comecei o DSManiac eu, membro ativo e um dos fundadores da GameHall, marquei a estréia com o fato de que eu queria passar a opinião de um jogador para outros jogadores. A mídia em larga escala em grande parte é manipulada, claro que não podemos generalizar, tem coisas publicadas que você vê de cara que foi matéria “tendenciosa”, a gente não recebe agrado de ninguém, não come jabá de ninguém. Escreve o que pensa e fala o que quer, quer gostem ou não. Quanto ao atraso das revistas, publicação em papel tá ficando ultrapassado, todo mundo sabe disso, se você analisar as vendas de revistas de games a 3 ou 5 anos atrás você vai ver como esse mercado despencou, tudo graças a velocidade da internet.
Atillah: O que mais me incomoda na verdade é o formato engessado das revistas, cara. Por isso que comecei com as fast-food reviews: eu queria falar sobre o jogo, como você disse, de jogador pra jogador, como se estivesse no boteco. Eu acho que falta isso no Brasil, e queria que nós tivéssemos um Destructoid nacional.
Fábio Correia: Pois é, não é por menos que eu considero vocês do Ato ou Efeito um site irmão, a ideologia é a mesma, somos jogadores que amamos jogar, falamos sobre o jogo e digitalizamos. Algumas revistas tentaram mudar os formatos, sem sucesso, a meu ver. Acho que com um pouco mais de prática e recursos teremos um Destructoid brasileiro. Fora, mais especificamente nos EUA, sites como Destructoid são valorizados e geram renda pra quem os faz. Nós somos marginalizados e pouco vistos, espero que isso mude num futuro próximo.
Atillah: Isso é foda cara. Eu sempre fico com a impressão de que a coisa não vai pra frente no Brasil porque ainda se vê games como coisa de criança. Quando é evidente que o mercado de games gira tanta grana quanto o cinema, por exemplo, e sendo uma mídia muito mais interativa que os filmes.
Fábio Correia: Eu não aguento mais esse preconceito contra games; tenho 25 anos, jogo desde os 7, mas se você diz que tem um Wii, PS2, XBOX, DS e PSP o pessoal olha pra você e te chama de moleque. Qual a diversão dessa galera? A tecnologia parece intimidar os cérebros de dinossauro. Minha mãe joga DS todos os dias, Brain Age faz maravilhas no dia a dia dela…
Atillah: Hahahahah. Minha mãe só joga Freecell, cara. Mas ela olha o Wii e eu vejo a vontade de jogar nos olhos dela.
Fábio Correia: A minha jogou Wii. Adorou… fica ela e minha guria a jogar Wii na sala hahaha.
Atillah: Podecrê cara, o Wii apelou pro público “leigo” como nunca vi nenhum console fazer antes.
Fábio Correia: Minha mãe é uma pessoa livre de preconceitos, que já viu muita coisa na vida, por isso essa abertura pra jogos.
Atillah: É verdade, eu vejo muita gente com VERGONHA mesmo de jogar, mesmo estando louco de vontade pra pegar no joystick (heh) eles parecem não aguentar a pressão pra se justificar depois.

Atillah: Cara, tenho uma pergunta relevante: como DIABOS você faz pra conseguir jogar todos os consoles que você tem? Eu tenho PS2, Wii, DS, PSP e simplesmente não dou conta de jogar tudo que eu quero.
Fábio Correia: Velho, eu também não consigo jogar tudo, trabalhar, estudar, cuidar da patroa… o tempo livre é algo raro, mas levando em conta que minha namorada gosta de jogar tanto quanto eu muitas vezes a gente joga uma tarde de sábado… A falta de tempo é outro motivo pra eu ter pegado um portátil; meu DS anda sempre comigo e quando eu tou naquela espera inevitável com um lugar pra sentar, é no DS que eu vou. Apesar do povo nos lugares ficarem olhando meio assim… danem-se eles.
Atillah: Cara, os portáteis estão em um momento espetacular mesmo. Até o GBA eles eram só versões pobres dos consoles, hoje em dia eles adquiriram personalidade própria. Tem coisas que você simplesmente só pode jogar no DS. sem falar na oferta de jogos, que NUNCA foi tão grande como hoje.
Fábio Correia: Ei, não fala do GBA assim, vou ficar ofendido, o meu GBA SP me deu muita diversão!
Atillah: Eu tive o GBA também, mas ah meu, tu sabe que ele mandava mal; sempre tava uma ou duas gerações atrás dos consoles, em termos de gráficos e jogabilidade.
Fábio Correia: Pois é, a indústria viu que portáteis são uma mina de ouro. Veja a Square Enix, investindo violentamente no DS: eu não paro de postar notícias, boatos, especulações, tudo ao redor do universo Square. Hoje em dia já tão falando até de um Super Mario RPG 2 com personagens de Final Fantasy no enredo, meu deus, é o ápice da apelação monetária!
Atillah: Falando nisso, eu quero falar mal da EA. É tipo um esporte pra mim. Tu não acha que esse negócio de jogo caça níquel tá ficando cada vez mais utilizado pelos desenvolvedores? Ou você acha que é a única maneira de fazer o mercado crescer? Porque, cara, cada vez que eu jogo um jogo da EA, com aquelas propagandas DESCARADAS no meio do jogo, eu fico lembrando das novelas da Globo, com aqueles merchands no meio da cena, focando em uma certo produto de uma certa marca e tal
Fábio Correia: Meu velho, o termo CAPITALISMO SELVAGEM não pode ser melhor aplicado a nenhuma empresa do que a EA. Eles são famintos, publicam qualquer coisa e atiram para qualquer lado atrás de nosso dinheiro. Quem pegou os Need For Speed do Wii sabe do que eu estou falando. Eles dão muita bola fora até acertar algo.

Atillah: Cara, fala aí o que você tá jogando ultimamente.
Fábio Correia: Ultimamente, ultimamente mesmo, tou jogando Ultimate Mortal Kombat 3(Velho que jogo difícil do baralho!), Contra 4 do DS(Ok, pode me chamar de masoquista), God of War 2 do PS2 e Metroid Prime 3 do Wii. Um pouquinho de cada quando dá… Não adianta querer jogar tudo e deixar os jogos pela metade.
Atillah: Nem me fale. Eu tenho esse problema, de ser facilmente seduzido por jogos novos. Tipo, eu tava fissurado no Zelda do Wii, mas aí caiu o Metroid 3 na mão e eu não consigo mais largar essa porra pra pegar o Zelda de novo. Vou sendo facilmente seduzido, mas ao mesmo tempo, me arrependo de não ir até o fim nos jogos; acho que o último que eu terminei foi o Jeanne D’Arc, do PSP. Aproveitando o tema cara, faz teu top 5 dos melhores jogos ever. Vale qualquer console.
Fábio Correia: Xiiiiii cara, não tinha uma pergunta mais fácil?! Hahaha! Vou tentar não esquecer nada, mas joguei muito River Raid no Atari, Diablo 2 no PC, Shadow of the Colossus no PS2, Ninja Gaiden no XBOX e Zelda Ocarina of Time no N64… Mas como eu posso deixar de fora jogos do Nintendinho, do SNES, Mega-Drive?! Sou um jogador irremediável.
Atillah: Orra, só jogão, tirando o River Raid, que eu acho uma merda.
Fábio Correia: Mudou minha vida… meu pai chegou com um Atari pra mim, River Raid foi uma revolução…
Atillah: Mas é um clássico, eu entendo. Tiozão feito tu, sempre cita o Atari. HAHAHA.
Fábio Correia: Caralho, tiozão é fodá! Haheoaheoah! Mas é isso ai, sou old-school, comecei quase do começo.
Atillah: Tô zoando. Eu tenho quase 30 também. Acompanho a cena desde o Atari, mas larguei do Atari, cara. Prezo o console pela popularização dos games que ele proporcionou. Mas não consigo mais olhar pros jogos do Atari e achar legal.

Atillah: Sempre me perguntam sobre qual console vale a pena comprar, e eu digo que é uma questão de momento e personalidade de quem compra, e não de que existe um console melhor ou pior. Qual console você recomendaria que o cara escolhesse se ele fosse comprar um só, e o último vídeo-game que o cara jogou foi o Atari? Porque acontece muito hoje em dia de termos uma geração da nossa idade VOLTANDO aos games e tal.
Fábio Correia: Hum, se o último que o sujeito tivesse jogado tivesse sido o Atari, com certeza indicaria o XBOX360: tem muito da jogabilidade da geração passada que é importantíssima para os dias dos jogadores de hoje e os gráficos da nova geração. Talvez o Wii fosse um choque muito grande pro maluco, e se ele pegasse um PS3 não ia ter muito o que jogar em larga escala. Ele deve estar com SEDE de jogo.
Atillah: Porra, mano. Mas tu tá pegando um cara que jogou um vídeo game com UM botão e dando pra ele o controle do XBOX, com DOIS analógicos e 230 botões! Nunca que o cara se acostuma.
Fábio Correia: Imagina se eu desse um Wii pra ele? O cara ia sentar e chorar sem saber pra onde ir…
Atillah: Aliás, eu acho que é a complexidade dos games atuais que afasta esses caras.
Fábio Correia: Pois é, minha namorada gama na Nintendo porque não tem muito arrudeio, é pegar e jogar, pá e pum! Ela olha meio que de lado pro XBOX360 porque me vê jogando Gears of Wars e diz que é tudo muito pra hardcore gamer.
Atillah: Podecrê, o Wii é mais intuitivo. Mais bobo, mas muito mais intuitivo, menos ameaçador. E eu ainda tô de cara com o Metroid do Wii. Puta merda, é pra acabar de vez com a idéia de que o Wii não tem jogo pra hardcore gamer.
Fábio Correia: Pois é, eu nas minhas idéias críticas exarcebadas ainda estou procurando um defeito no jogo… E não acho. Como é que pode? É muito divertido.

Atillah: Eu nunca fui nintendista, mas confesso que o DS e o Wii me ganharam. É como se o mercado de games tivesse ganho um novo fôlego, sei lá. As coisas MUDARAM depois do DS e do Wii. Ambos têm muito jogo ruim, lógico, mas mesmo assim, os jogos bons que saem são muito inovadores.
Fábio Correia: Pois é, depois de tanto tempo no escuro a Nintendo ressurge com o paradigma da Inovação acima de tudo. Quer ver pela visão de um Guru dos dias modernos aonde a Nintendo vingou?! Dá uma lida nas idéias do Silvio Meira, Cientista Chefe de uma das maiores empresas de Informática do Brasil, o C.E.S.A.R! No blog dele ele falou sobre o Wii, perfeito o texto.
Atillah: Porra, vou anexar na entrevista. CLIQUE AQUI PARA VER O TEXTO.

Atillah: Cara, agora vou te fazer a mesma pergunta que estou fazendo para todos os entrevistados: qual tu acha que é a maior revolução nos games que ainda NÃO aconteceu?
Fábio Correia: Lá vem você com mais uma quase-impossível pergunta.
Atillah: Claro, assim que é bom.
Fábio Correia: Mas essa eu acho que eu respondo sem me prolongar demais: acho que a maior revolução vai ser no dia que você conseguir fazer parte do jogo como você mesmo, viagem basicamente baseada em TRON, filme de 1982 que é obrigatório pra quem gosta de jogos.
Atillah: Eu não sei se tu leu uma série que eu fiz sobre os próximos 25 anos nos games: eu fiz uma previsão que no dia que a gente chegar nisso aí, a humanidade acaba, porque nego só vai querer viver no universo virtual como aliás já acontece com os jogadores coreanos, que precisam de LEIS governamentais pra limitar o número de horas de jogo e tal. Parada meio Matrix mesmo.

Atillah: Deixa eu pensar uma pergunta pra terminar aqui cara… senão me fodo pra editar tudo isso depois.
Atillah: Já sei.
Atillah: Cara, quando vai rolar outro podcast? O público feminino me elogiou e tal, mas o público GLS simplesmente A-DO-ROU a sua voz e senso se humor.
Fábio Correia: SEI, acho que você tá CONFUNDINDO os CASOS… Mas o PODCAST tá sendo feito em versão especial de fim de ano! A data certa eu ainda não tenho, mas tem um tal de Super Mario Galaxy chegando pra mim dia 07 de Dezembro que vai dar o que falar nessa próxima edição!
Atillah: Beleza cara. Acho que é isso. Quer deixar alguma mensagem sobre o site ou qualquer outra coisa para os seus fãs do público GLS?
Fábio Correia: Heoaheoahaeho! Velho, a DSMANIAC tá crescendo dia a dia e eu me sinto bem alimentando o pessoal com informação, espero que todos visitem e se sintam bem informados. A entrevista foi muito massa, um abraço pra todo mundo do Ato ou Efeito.

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