Guia do Blues – Cap. V – Sam & Dave
Antes que vocês comecem a ler, ouçam um pouquinho pra ficar feliz mesmo sem as dorgas, manolos e manolas:
Antes que vocês comecem a ler, ouçam um pouquinho pra ficar feliz mesmo sem as dorgas, manolos e manolas:
Mais um direto do Mississippi.
Muddy Waters, apelido este que veio da sua origem perto do grande rio barrento, é contemporâneo do Robert Johnson, apesar de ter vivido durado bem mais. Apesar disso, o Muddy Waters não seguiu tanto a vertente do Delta, e logo migrou do violão para a guitarra elétrica, típica do estilo de Chicago. continue lendo »
Caros disléxicos que talvez não lembrem do primeiro capítulo. Leiam abaixo para relembrar:
DELTA BLUES
O mais raiz, o mais tradicional. Leva esse nome por ter surgido no delta do rio Mississippi. É praticamente com o uso de gaita + violão e por isso lembra o Country, tendo como grande expressão o Robert Johnson. É um pouco difícil achar material, porque tá bem espalhado. Esse é o mal das épocas antigas, as composições ficam perdidas em uns 400 singles.
E hoje vamos falar de… Robert Pattinson Johnson! Também conhecido como o “queridinho de Lúcifer.” continue lendo »
E vamos ao primeiro capítulo deste livro sujo, trazido por aquele tio mais velho, que parece sempre ter uma poeirinha no aro dos óculos. Pode ficar um pouco grande, mas não vou separar em partes. Eu mesmo odeio esperar post. Sem falar que a produtividade não pode parar, meio que pensamento proletário/burguês. Enfim. Definir o Blues, ou até mesmo linearizar sua história, é uma tarefa hercúlea. Eu poderia deixar uns dois vídeos aqui na base do “toma, escuta que é isso”, mas prefiro ir contando as particularidades que fazem esse estilo tão especial. Principalmente pra mim. continue lendo »
Olá, queridos assinantes da New Emo. Desculpem o atraso do carteiro em entregar na sua casa mais essa série especial. Ao longo da minha paciência de escrever, viajaremos nessa estrada pelas notas, histórias, lugares e pessoas que marcaram e adicionaram algo ao estilo Blues.
A série será dividida em uma quantidade razoável de posts, englobando a história, a definição, as vertentes, e claro, as gostosas os grandes nomes do estilo.
Sentiram minha falta por aqui? É, imaginei que não.
Queiram vocês ou não, os anos oitenta foram a década maldita do rock’n’roll nacional. Ou a primeira delas, pelo menos.
“Mas Piratão”, você, mané, diz. “Você está sendo completamente parcial e sem consideração! Minha banda favorita, a (insira aqui algum nome de banda brasileira mané dos anos 80) era um dos ícones da década mimimimi”.
Pois que seja, eu sou parcial e sem respeito, mas mesmo assim eu posso provar o que eu disse. Começando pelo grande ícone dos anos 80: RPM. Uma banda que tem como maior clássico uma música sobre um mané que além de não chegar na mulé acha que é o big motherfucker por causa de um olhar baitola deveria ser, no mínimo, proibida de pensar em se chamar “Revoluções Por Minuto”. Claro, seria só uma década como qualquer outra, se conseguissem deixar os malditos anos 80 morrerem. Mas não, vocês aparecem com “festas ploc” e sei lá mais que cacete tentando reviver esse pop-rock maldito a cada semana. Claro, se as bandas tentassem voltar à vida de verdade, o problema também seria menor, mas quem quer voltar à ativa se você pode viver pra sempre de sucessos do passado?
Entendam, meus caros, que mesmo que vocês queiram me apunhalar pelas costas, há de se convir que quase todo o “rock” brasileiro dos anos 80 foi pop, e não rock’n’roll. Quase toda tentativa de se fazer rock de verdade no brasil na década maldita foi uma falha miserável, gostem vocês ou não. E eu nem falo sobre a qualidade da música. Dizer que boa parte das músicas do “rock oitentista” eram rock’n’roll é quase como dizer que Miles Davis tocava thrash metal, por exemplo.
Mas, aparentemente, é nas minas mais imundas que se encontram bons diamantes. Vagando por entre o pop oitentista, passando por coisas como Blitz, Legião Urbana e Cazuza, você acaba encontrando Celso Blues Boy. E é aí que você quase que naturalmente solta o refrão mais famoso do cara: “aumenta que isso aí é rock’n’roll!”
Percebem agora o que eu quero dizer? O cara foi provavelmente o único maldito guitar hero brasileiro da época. E é bem complicado citar algum guitarrista de tamanha importância na história do rock brasileiro (quem vocês vão citar? Kiko Loureiro? Thiago Della Vega? GEE ROCHA? Ces são mesmo um bando de frangos).
Apesar de seu auge ter sido nos anos 80, Celso já tocava desde o meio da década de 70, sendo integrante da banda de ninguém menos que Raul Seixas, além de ter tocado com mais gente famosa, como Sá & Guarabira e Renato e seus Blue Caps. Tocou também nas bandas Legião Estrangeira e na Aero Blues, sendo, até onde eu sei, o primeiro cantor de blues em português (corrijam-me se eu estiver errado).
Sua carreira solo começou em 1984, com o disco Som na Guitarra, que nos trouxe clássicos como Aumenta que isso aí é rock’n’roll e Blues Motel. O disco mostrou não só que Celso é um excelente artista, mas também que é possível haver blues de qualidade no Brasil. A voz rouca – lembrando talvez a de Nazi, do Ira! – combina perfeitamente com o timbre e o estilo da guitarra do cidadão. Querem um exemplo? Pois bem, ei-lo.
Fumando na Escuridão:
Durante a década de 80, o cara crescia cada vez mais musicalmente. Sons como Tempos Difíceis, Sempre Brilhará e Fumando na Escuridão (que você pode ouvir aí em cima, aliás) mostravam ao Brasil o que é o blues e o rock’n’roll. Mas, ao contrário de boa parte das bandas oitentistas, o cara não se prendeu a uma só década de sucessos. Em 1996 era lançado o excelente álbum Indiana Blues, contando com a participação especial do próprio rei!
…BB King, seu demente! Que mané Roberto Carlos.
A música que BB gravou com Celso é Mississipi – uma das minhas favoritas do cara, aliás -, que homenageia o grandioso Robert Johnson, falando sobre a velha lenda sobre o diabo e a encruzilhada. Ouve aí, rapaz!
Esses blues sobre o diabo são sempre os melhores, incrível. E o refrão é viciante pra carái.
Ainda nos anos 90, Celso lançou mais dois discos: Nuvens Negras Choram, em 1998, e Vagabundo Errante em 99. E nem a chegada do novo milênio conseguiu derrubar o bluesman. Celso não chegou a lançar nenhum CD só de músicas inéditas, mas pra quem acha que o rock morreu, o cara deixou sua resposta, que pode ser conferida no DVD “Quem foi que falou que acabou o rock’n’roll?“, lançado esse ano. A música inédita, que leva o mesmo nome do disco, mostra o que todo mundo já devia saber faz tempo: O rock não vai se dar por vencido tão fácil, e vai lutar pra continuar existindo até que a última guitarra se cale. Hah!
Recomendação do dia:
Dever de casa pra vocês, marujos.
Lynyrd Skynyrd é provavelmente uma das bandas mais clássicas do rock americano, trazendo influências fortes do country, blues e bluegrass. Talvez vocês já tenham ouvido até bastante deles. Provavelmente Sweet Home Alabama, Tuesday’s Gone (que foi gravada também pelo Metallica no Garage Inc. ) ou Freebird (muito provavelmente graças ao Guitar Hero, mas enfim).
Recomendo o primeiro disco deles, (pronounced ‘l?h-‘nérd ‘skin-‘nérd), se aceitam uma sugestão.
Até a próxima, bando de malditos!