Pensando no que escrever essa semana, resolvi dar mais uma chance para meu antigo canal de desenhos favoritos, o Cartoon Ben 10 Network.
Não aguentei 10 minutos.
Parece que começou uma nova fase/temporada dessa coisa terrível que chamam de desenho. Ben está mais velho, a prima chata virou uma macumbeira feiticeira de primeira e todos continuam lutando contra as forças do mal alienígenas.
Enfim, depois de um tempo de férias forçadas, estamos aqui de casa nova, agora no Bacon Frito que, a não ser que você seja vegetariano, judeu ou metido a controlar colesterol, com certeza vai gostar.
Agora, voltando ao Papo Animado da semana, repito a pergunta do título: O que ocorre com o Cartoon Network? continue lendo »
Muitos podem alegar preguiça, mas essa é a coluna que, praticamente, encerra a saga histórica dos desenhos animados.
– Mas bolinha Bonilha, como assim? Nas outras levou umas três semanas para terminar, por que nos anos 2000 você só irá fazer uma?
A resposta é simples, pequenos gafanhotos. Até agora, nos anos 2000, não teve nenhuma inovação em matéria de desenhos animados. Só mais do mesmo. Embora a criatividade continue a mesma.
– COMO OUSA DIZER ISSO? (coloque tom ameaçador, como se tivesse falado mal de Linux, Senna, Apple ou Beatles).
Nas outras décadas sempre havia alguma inovação ou novidade para a área de animação. Por incrível que pareça, justamente nos anos 2000, que representa o novo século/milênio, não apareceu nada de novo até hoje.
Engraçadinho… e só
O mais perto que o novo milênio mostrou de novidades foram desenhos em 3D (representados por Beast Wars e Max Steel) e desenhos em Flash (Mucha Lucha e Happy Tree Friends) e nacionais (Fudêncio e Megaliga de VJs).
Mesmo assim, essas animações só foram novidades de momento, pois não são e nem devem ser alçadas ao posto de clássicos de tão ruins ou razoáveis que são.
Quanto aos outros, continuou a mesma coisa, com uma variação aqui ou ali.
Acredito que a culpa seja a popularização da TV por assinatura. Como disse na coluna anterior, o único canal, no final dos anos 90, totalmente dedicado às animações, era o Cartoon Network, já, nesta década, além do Cartoon, há o Disney Channel, Discovery Kids, Nickelodeom, Jetix e Boomerang.
Ou seja, muito canal, para pouca novidade.
Mas vamos destrinchar com o que mais marcou de cada um.
Em time que está ganhando…
O Cartoon apostou na mesma fórmula – de sucesso – que o consagrou na década passada, com animações próprias e idéias para lá de bizarras em alguns de seus desenhos.
Até a morte toma banho para levar as almas sujas deste mundo
Guerras Clônicas (George teve inveja de Steve?), Samurai Jack, A Turma do Bairro (KND), Mucha Lucha, Ben 10 e As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy são os principais desenhos lançados pelo canal. O último, na minha opinião, é o melhor de todos, mas, o que faz mais sucesso é o penúltimo.
Cartoon também reviveu as aventuras de Scooby-Doo – com dois desenhos, um com traço bem estranho – e Tom & Jerry, mesmo assim, prefiram os originais.
Nicktoons
O Canal Nickelodeon (nome chato para escrever) pode-se dizer que foi o melhor que surgiu nesta década.
Além da produção própria (assim como o Cartoon), também faz desenhos para outros canais, principalmente para o Discovery Kids.
Juro, me mijo de rir com esse desenho
As principais produções do canal são Bob Esponja, Os Padrinhos Mágicos, Jimmy Neutron, Danny Phantom e Avatar (dizem que não é Anime, sei…). Neste caso, os dois primeiros são os que fazem mais sucesso, com preferência pelo segundo como mais engraçado (sim, enjoei de Bob Esponja).
Se você tem cérebro de três anos, você gosta disso
Dos desenhos, digamos, mais infantis, que são exibidos pelo Discovery Kids, destaque para Dora, a Exploradora, Bob, o Construtor, Roary, o Carrinho de Corrida e, o sucesso do momento, os Backyardigans (copiei e colei). Que para crianças é maravilhoso, mas, no meu caso, não agüento três minutos.
Infantil demais para adolescentes…
… e adulto demais para as crianças. Assim são os desenhos produzidos pela Disney hoje.
Mesmo dividindo suas produções entre seu canal homônimo e o Jetix (ex-Fox) seus desenhos não são tão empolgantes assim.
Tão bom que nem parece Disney
Kim Possible, Jake Long, Os Substitutos e George, o Rei da Floresta são bem fraquinhos, com um destaque maior para Brandy e o Senhor Bigodes, Lilo & Stitch e Yin, Yang e Yo, que é o mais engraçadinho entre todos.
Mesmo assim, para o padrão Disney, se esperava mais.
Resto dos outros
Para variar, faço uma menção honrosa aos que não se encaixam nos padrões acima, como As Aventuras de Jackie Chan, Chaves, Três Espiãs Demais (horrível esse título, mas desenho muito bom), Os Oblongs, American Dad, Drawn Together e X-Men Evolution.
Manuela, Sandrine e Camila, nossas revisoras como Três Espiãs
Assim encerro essa série contando em poucas palavras – e semanas – a evolução da animação.
Para as próximas colunas, ainda vou ver o que farei, mas já tenho umas idéias na cabeça.
Agora é ver o que o futuro das animações nos reserva.
Depois de falar sobre os desenhos que não deixaram saudades da década de 90, chegou a hora de falar sobre aqueles que marcaram a época, seja pela criatividade, ousadia ou pela irreverência.
Ainda dividindo por temas, para vocês não se perderem.
Desenhos adultos
Não punheteiros, não são desenhos eróticos ou da famosa série “Histórias que as babás não contam”. São animações com temática adulta e que tratam de temas que não são pertinentes às crianças, com um humor mais ácido, negro e político, com muita insinuação sexual e violência. Pode parecer brincadeira, mas são esses desenhos remetem ao início da história da animação, quando os desenhos só eram direcionados aos adultos.
Beavis e Butthead faziam a MTV valer a pena
Neste tema, podemos encaixar Os Simpsons (que é de 89, mas estourou na década de 90 e que está mais infantil hoje), Ren & Stimpy, Beavis and Butt-Head, South Park, King of the Hill (O Rei do Pedaço), Futurama, Mission Hill, Family Guy (Uma Família da Pesada), Aeon Flux, entre tantos outros.
South Park é um dos desenhos mais polêmicos de todos os tempos
Alguns destes desenhos passam até hoje, inclusive com episódios inéditos (como Os Simpsons e Family Guy) ou repetindo à exaustão (o que rola com Ren & Stimpy e King of the Hill).
Fuuuuuuu…são!
Com a popularização dos canais por assinatura, surgiu um canal específico de desenhos animados, o Cartoon Network, do grupo Turner Broadcasting System (também dono da TNT). Logo no início da década de 90, o grupo Turner também adquiriu a Hanna-Barbera, que já estava para quebrar e foi salva por essa aquisição.
Até mais ou menos a metade da década de 90, o Cartoon Network exibia os clássicos da Hanna-Barbera, Warner Bros e também da MGM até um novo negócio mudar tudo no mundo da animação, de novo.
Depois de He-Man, Atillah agora ataca de Johnny Bravo
Em 1996, a Time Warner adquiriu o grupo Turner, criando um dos maiores conglomerado de comunicação do mundo. Neste balaio, acabou nascendo o Warner Cartoon Network Hanna-Barbera Studios, gerando muitas críticas por conta da fusão de dois dos maiores rivais em animações: Hanna-Barbera e Warner Bros.
Como a vida continua e os alto-executivos dos estúdios não estavam nem aí para críticas – apenas para a grana no bolso – logo trataram de inovar e buscar mais gente competente para tocar novos projetos, o que resultou na mudança das críticas e em clássicos instantâneos.
Cartoon Cartoons
Para inovar, a Timer Warner resolveu mexer no comando da Hanna-Barbera Productions, exigindo novas animações e conteúdo exclusivo para o canal Cartoon Network.
Huguinho, Zezinho… quer dizer… Docinho, Florzinha e Lindinha
Como o patrão é quem manda e ele tinha pressa, obedece quem tem juízo. Não demorou muito e surgiram O Laboratório de Dexter e A Vaca e o Frango, em 96. No ano seguinte estreou Johnny Bravo e Eu sou o Máximo. Em 1998 nasceram As Meninas Superpoderosas e Du, Dudu e Edu. Para encerrar, em 99, surgiram Coragem, o Cão Covarde e Mike, Lu e Og.
Quem criou a história de A Vaca e o Frango usou substâncias alucinógenas, era muito insano
Todos estes desenhos viraram sucessos de crítica, sendo alçados à condição de clássicos, tamanha sua importância para a animação.
Warner apela
Para demonstrar que, apesar de viverem sob o mesmo teto, ainda eram rivais, o grupo responsável pelo setor de animações da Warner Bros contra-atacou seus colegas da Hanna-Barbera.
Primeiro contrataram ninguém mais, ninguém menos que Steven Spielberg para auxiliá-los na produção de alguns desenhos, mostrando que responderiam à altura os sucessos da HB.
Esse desenho mostrou como se faz uma versão infantilizada do original, também, com Spielberg…
Em seguida, já com o aval do criador de Tubarão, lançaram Tiny Toon, uma clara provocação aos fracassados desenhos infantis da ex-concorrente. Ao contrário dos Flintstones nos Anos Dourados ou o Pequeno Scooby-Doo, a versão infantilizada de Pernalonga e seus amigos era totalmente independente, tanto que Perninha e sua turma tinham aulas de como ser um desenho com seus ídolos na Looniversidade ACME.
Nem preciso dizer que foi sucesso na hora.
Pizurk e Théo pensando em dominar o mundo
Logo depois vieram Animaniacs (um pouco mais fraco), Pinky e Cérebro (insano de tão bom) e, de novo sob o aval de Spielberg, Freakazoid.
Isso mostra que com criatividade, paixão pelo que faz e dinheiro, mas muito dinheiro, é possível fazer animações originais sem subestimar a inteligência do telespectador.
Como sempre relembro, mais para o futuro farei textos exclusivos para alguns destes desenhos que acabei de citar