Não é novidade pra ninguém que é possível ler gibis sem ser no papel né? Hoje você pode ter suas comics em celulares, tablets, computadores e, se você for esperto (Ok, nem tanto), até em vídeo-games. Isso até já é um assunto meio velho, porém, esse ser que vos escreve só conseguiu ter um celular bacaninha agora. Baixei alguns aplicativos no celular, um da DC Comics (Oficial) e outro chamado Comics. Também baixei 1 edição (Liga da Justiça #1) e tentei ler. Conclui o que eu já havia concluído com scans no computador: Gibi tem que ser no papel. continue lendo »
Acho que todos nós já entramos numa banca, seja para comprar jornal, histórias em quadrinhos, cards falsificados e as diversas publicações revistas (E CDs, DVDs, pôsteres e tudo mais) “para-maiores-de-18” que lá existem, seja para comprar os já extintos cartões de telefone. Atualmente, com a internet fodendo vários dos bons costumes de antigamente, as bancas (E as editoras) se veem em um dilema: Continuar nesse ramo ou largar tudo e deixar os scans ganharem o mercado de uma vez por todas.
É, eu sei que vocês queriam as fotos das putarias já mencionadas
Se vocês já deram uma olhada na página da equipe, estão cientes de que eu sou o novo colunista do “Nona Arte”. Minha função aqui será, obviamente, falar de quadrinhos, sejam eles comics ou mangás. Mas antes de começar a escrever sobre quadrinhos em si, eu acho que seria legal dar uma visão geral de como eles são feitos. Falarei apenas do processo de produção de comics, já que desconheço/sei muito pouco quanto aos mangás.
Mas antes de tudo, o que diferencia um comic de um mangá? Muito mais do que o lado do planeta, por assim dizendo. Diversos fatores diferenciam os comics dos mangás: Técnica de desenho, padrão de personagens, tipo de folha, público alvo, etc. Mas o único relevante para nós agora, nesse texto, é a forma de produção. Mangás geralmente são feitos por uma pessoa só. A mesma pessoa faz o roteiro, os desenhos, o acabamento, uma coisa artesanal mesmo. Já os comics são feitos por uma equipe. Um faz o roteiro, o outro desenha, vem outro pra finalizar, outro colore… Claro que existem exceções onde o roteirista também desenha, como Frank Miller e Todd McFarlane por exemplo. Explicadas as diferenças, podemos começar.
PRODUZINDO COMICS
1- Roteiro
Antes de qualquer outra coisa, precisamos de um roteiro. É aí que entra o… roterista. O roteiro é tão importante para os quadrinhos quanto é para qualquer outra coisa, e escrever um de qualidade não é nada fácil. Ao escrever, o roteirista tem que dar descrições detalhadas do que está acontecendo. O cenário, qual é o personagem que está falando, quem está batendo em quem e como isso está acontecendo, e por aí vai, para que o desenhista possa fazer seu trabalho. Como exemplo, aqui está um pedaço do roteiro de Ed Brubaker, na edição número 100 do Demolidor:
Prestem atenção nos detalhes descritivos
Alguns roteiristas têm experiência fora dos quadrinhos também, o que muitas vezes é bom. Mas nem sempre. Exemplos de roteiristas que atuaram em outros “veículos” são Joss Whedon, criador de Buffy, Angel e Firefly/Serenity, e J. Michael Straczynski, criador de Babylon 5. Com a primeira etapa concluída, o roteiro é enviado para o desenhista fazer sua parte.
Vá sem medo – Warren Ellis, Ed Brubaker, Matt Fraction, Geoff Johns, Mark Millar, Grant Morrison, Alan Moore, Frank Miller, Garth Ennis, J. Michael Straczynski, Brian K. Vaughan e Jason Aaron.
Fique longe – Jeph Loeb, talvez o roteirista mais previsível de todos (todo roteiro seu começa com um assassinato “misterioso”), e o homem que está arruinando os Ultimates e o Hulk.
2- Arte
A alma dos quadrinhos. Afinal, o que são histórias em quadrinhos sem desenhos? O trabalho do desenhista requer mais que boas técnicas e talento, requer também imaginação. Com o roteiro em mãos, o desenhista deve imaginar as cenas e desenhá-las, para depois mandar os desenhos prontos para a editora, tudo dentro do prazo estipulado (cerca de um mês). É comum ter um artista responsável apenas pela capa, e outro pelo interior da revista. Renato Guedes (sim, ele é brasileiro), o atual responsável pela arte do interior da revista do Superman, afirmou trabalhar praticamente o dia inteiro, desenhando uma página por dia. Depois ele manda os desenhos de São Paulo, onde mora, para a DC, nos EUA.
Rascunho de Demolidor 100
Vá sem medo – Alex Ross, Mike Choi, Bryan Hitch, Steve McNiven, Gary Frank, Mike Deodato, John Romita Jr, Jim Lee, John Cassaday, Steve Epting, Marc Silvestri e Marko Djurdjevic.
Fique longe – Rob Liefeld, Howard Chaykin e Humberto Ramos, os anti-anatomia.
Mas espere, esta etapa não está concluída ainda! A arte ainda precisa ser finalizada. É aí que entra o arte finalista, o cara responsável pelos “retoques”. Parece besteira, mas o desenho fica consideravelmente melhor após ser finalizado. Não fiz uma lista de recomendações de arte finalistas pois o resultado varia de acordo com o desenhista. É uma questão de compatibilidade, sabe?
A mesma página, finalizada
3- Cores
Com algumas poucas exceções, com Walking Dead como melhor exemplo delas, cores são cruciais para os quadrinhos. Ao dar uma melhor visualização do cenário e dos personagens, as cores dão um toque de vida aos desenhos. Os coloristas usam como instrumentos de trabalho pincéis e variados tons de tintas, assim como um pintor (o que é o que eles são, basicamente). Ao contrário do que se pensa, o colorimento não é todo feito em programas de computador. Sim, alguns efeitos de luz são feitos assim, mas não o serviço todo.
Continua sendo a mesma página, agora colorida
Vá sem medo – Ah, sei lá. Eu gosto de Laura Martins, ela tá fazendo um bom trabalho em Thor.
Fique longe – Não consigo pensar em ninguém.
4- Letras
Roteiro e arte prontos, chegou a hora de incluir as falas, narração e afins. E é isso que o letrista faz, em poucas e resumidas palavras. Acho que não preciso falar mais nada dessa etapa, creio eu ser algo bem fácil de entender.
5- Edição
Que venham os editores. Responsáveis pela supervisão de TODO o processo de produção, eles passam o dia nas editoras, checando roteiros, desenhos e conversando com a equipe. “Se o cara leva os roteiros para ler em casa, então ele não é editor”, diz Joe Quesada, editor-chefe da Marvel e defensor da socialização. Mas qual é exatamente o trabalho de um editor? Bom, primeiramente, cada editor é designado para revistas específicas. Um cuida de Captain America e Daredevil, outro dos títulos dos Avengers, e por aí vai. Durante o processo de produção de roteiros, eles conversam com os roteiristas, para mudar algo que não ficou legal ou dar um parecer. A mesma coisa é feita quanto aos desenhos internos e das capas. Com tantas responsabilidades, os editores acabam tomando decisões não muito inteligentes, como Joe Quesada fez com o Aranha em One More Day e, dizem os boatos, fará com o Capitão América durante a Secret Invasion (tenha medo).
6- Revisão, Produção, Publicação e Distribuição
Com a edição original pronta, a revista passa por inúmeras revisões antes de ser reproduzida em massa e publicada. Não faço idéia de quais sejam as máquinas usadas, mas acho que isso não é muito relevante para a coluna (ou é?). E com isso, as revistas são distribuídas pelas bancas do país, sendo compradas pelos fiéis leitores logo em seguida.
Com as revistas em mãos, chega a hora de devorá-las, e por isso o texto acaba aqui. Espero ter esclarecido algo para o pessoal que realmente se interessa. Sei que pequei em algumas partes, mas não sou da indústria, então já viu né. Até a próxima, fãs de quadrinhos.