Noites de Tormenta (Nights in Rodanthe)

Cinema sexta-feira, 17 de outubro de 2008 – 3 comentários
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Alguns filmes são feitos para as pessoas chorarem. Dramas que colocam atores consagrados do gênero contracenando juntos e criando mais uma daquelas histórias tristes que assistimos em um Super Cine da vida. Noites de Tormenta é exatamente isso. Um drama de casais e o típico filme que passa no Super Cine.

Uma mãe de família, Adrienne (Diane Lane), passando por problemas em casa com a filha rebelde e o marido putão que resolve voltar pra casa, decide passar um tempo na pousada de uma amiga, em Rodanthe, Carolina do Norte. Lá ela espera refletir sobre a vida e, quem sabe, tomar uma decisão. Em meio a isso, chega um único hóspede para o fim de semana, o médico Paul Flanner (Richard Gere), que espera encontrar ali as respostas para uma situação que de repente assola a sua vida. Pra completar, é anunciada uma tempestade violenta para o local, e com os dois ali, sozinhos, já viu o que vai rolar, né?

É a história do amor inusitado que surge para mudar radicalmente a vida de duas pessoas. Um ajuda o outro a resolver os seus problemas e juntos criam uma história nova que faz com que as suas vidas tenham um novo sentido. É drama pra mulherzinha, que fará qualquer pessoa mais sensível chorar.

O filme utiliza todos os clichês do gênero. Mas filmes de drama não teriam graça sem eles. Tem o marido que trai, a filha rebelde, o filho brigado com o pai, a mãe que só pensa na família e o pai que troca tudo pelo trabalho. São esses personagens e essa estrutura que dão sustento aos filmes do gênero.

A Clássica cena do beijo no píer.

A história tem uma reviravolta que até me surpreendeu, pois não era algo tão esperado. Ou era e como não sou fã do gênero não saquei logo de cara. O que importa é que o filme cumpre com a sua missão de fazer as pessoas chorarem. Quem é fã dos filmes do gênero, tem ai uma excelente oportunidade de conferir Richard Gere todo malandrão e a Diane Lane ainda dando um caldo. Tá enxuta a coroa.

O filme deixa aquela lição de não vivermos em função dos outros e viver o agora, sem se preocupar com o que pode ou não acontecer no futuro. Chorei.

Noites de Tormenta

Nights in Rodanthe (97 minutos – Drama/Romance)
Lançamento: EUA, 2008
Direção: George C. Wolf
Roteiro: Ann Peacock, John Romano
Elenco: Richard Gere, Diane Lane, Scott Glenn, Christopher Meloni, Viola Davis

Na Mira do Chefe (In Bruges)

Cinema quinta-feira, 16 de outubro de 2008 – 3 comentários

Colin Farrell é um ator dos bons, e creio que muita gente ache interesse no filme por ter ele no elenco, levando em conta que esse nome não ajuda em nada. Ainda bem que existe o site mais quente da galáxia pra dizer “ignorem o título, o filme é bom!”.

Para os matadores Ray (Colin Farrell) e Ken (Brendan Gleeson), Bruges (Bélgica) poderia ser a última parada. Um trabalho difícil fez com que os dois fossem enviados por seu chefe de Londres, Harry (Ralph Fiennes), para esfriar a cabeça antes do Natal na cidade de “conto-de-fadas” por algumas semanas.

Deslocado em meio à arquitetura Gótica, os canais e as ruas de paralelepípedo, os dois matadores ocupam seus dias vivendo como turistas. Ray, ainda assombrado pela carnificina de Londres, detesta o lugar, enquanto Ken, ao mesmo tempo em que fica de olho no comportamento de Ray, delicia-se com a beleza e a serenidade da cidade.

Porém, quanto mais eles esperam pela ligação de Harry, mais surreal torna-se sua experiência, que inclui estranhos encontros com locais e turistas; arte medieval; um ator americano anão (Jordan Prentice) que está filmando um filme de arte europeu; prostitutas holandesas e um potencial romance para Ray na forma de Chloë (Clémence Poésy), que pode ter seus próprios segredos obscuros.

Quando Harry finalmente liga, as férias de Ken e Ray tornam-se uma batalha de vida ou morte recheada de humor negro e com conseqüências surpreendentes.

Eu nem sabia que skinheads ainda existiam.

Humor inglês é muito chato, na minha opinião. Na Mira do Chefe queimou minha língua neste quesito, já que seu humor não é só fino, inteligente, mas é aquela coisa que faz você REALMENTE rir. Isso que é humor, afinal – mas não espere cair na gargalhada: confesso que ainda não sei se este filme devia ser rotulado como comédia, tendo em vista a qualidade E originalidade espetacular que embaralham o humor em drama, suspense E ação. Surpreendente devia ser gênero.

Não é brincadeira ou exagero. Tudo começa a ficar imprevisível de repente, reforçando a sua atenção, te CHAMANDO pra dentro do filme. Que tipo de COMÉDIA faz isso?

Em um momento você vê uma situação hilária com Ray e Ken, ou com Ray e o anão; e num outro momento você vê Ray se lamentando e Ken tentando ajudar, e é aí que rola a parte séria da bagaça, sem aquela coisa absurdamente clichê, como é de praxe nas comédias que puxam um drama. Eu diria que o humor foi inserido no filme para torná-lo ainda MAIS genial, tendo em vista que o drama em si, como dito acima E no pôster, é BEM original. Eu gosto de dar ênfase nisso, afinal, são raras as vezes que os filmes dessa linha realmente trazem algo de novo, falaí.

– É?

Com um elenco espetacular (Clémence Poésy é melhor que sake) e uma história marcante, Na Mira do Chefe atende a todos os gostos, ficando muito acima da expectativa esperada após você ler o título e a sinopse do filme no panfleto de filmes em cartaz do cinema. Esse parágrafo devia ser a resenha, já é o bastante. Encontrei uma certa dificuldade pra falar sobre o filme, até, já que contar qualquer detalhe pode estragar tudo. Ainda bem que a linguagem por aqui me permite dizer isso: ASSISTE ESSA PORRA, FDP!

Na Mira do Chefe

In Bruges (107 minutos – Comédia/Drama)
Lançamento: EUA/Bélgica, 2008
Direção: Martin McDonagh
Roteiro: Martin McDonagh
Elenco: Colin Farrell, Brendan Gleeson, Ralph Fiennes, Clémence Poésy, Jordan Prentice, Jérémie Rénier, Thekla Reuten, Eric Godon

Hancock (Hancock) (2)

Cinema segunda-feira, 13 de outubro de 2008 – 2 comentários

Não, não é a continuação de Hancock. É só mais uma resenha e, se não gostou, caia fora daqui. Seria assim que John Hancock responderia as suas perguntas idiotas.

Filmes de Super-Heróis é um dos gêneros mais legais do cinema. Transportar as histórias em quadrinhos ou desenhos animados em filmes com atores reais eleva o status da aventura a um outro patamar. Nos sentimos na pele do cara em questão, querendo voar, bater em bandidos, dar cambalhotas e várias outras peripécias. O problema é que basicamente não sai disso. Aí do nada me aparece um herói beberrão, que curte rap, é praticamente um mendigo e não está nem aí para o fato de ter super-poderes.

Só um arranhãozinho.

Hancock é mais um anti-herói do que um herói em si. Will Smith interpreta esse verdadeiro fanfarrão que vive como um mendigo na cidade, passando a maior parte do tempo bêbado ou dormindo. Quando está acordado, causa prejuizos para os cofres públicos sempre que é requisitado. A sua imagem perante a sociedade não é das melhores, e chega um certo momento que dizem: Basta.

Nesse momento entra em cena Ray Embrey (Jason Bateman), um relações públicas que acaba de passar por um fracasso gigantesco. O cara é salvo por Hancock e acaba fazendo uma reviravolta na vida do herói. Após convidar o beberrão pra jantar, somos apresentados à sua esposa, Mary, interpretada pela maravilhosa Charlize Theron. Temos também o filho do cara, que mais parece um mocinho com crise de asma.

Esse celular tem câmera? Xô ver.

Ray decide que é hora de Hancock mudar, e aí temos a reviravolta em que o herói fanfarrão se torna responsável, salva o dia e tem um final feliz. Fim.

O filme é bem divertido. As cenas de destruição causadas pelo Black Hero são muito bem feitas e empolgantes. Efeitos de qualidade e sequências bem pensadas. O roteiro peca um pouco pelo fato de ter alguns buracos e deixar algumas informações sem explicação. A história é de Hancock e pronto. Da mesma forma como Click, o filme em certo momento sai da comédia para entrar um pouco no drama. Não é uma ferramenta interessante nesse tipo de filme, mas vale a pena pelas atuações e pelo divertimento.

Esse foi o segundo filme que Will Smith emplacou nas primeiras posições das bilheterias mundo afora. Ter o nome do cara no cartaz é sinônimo de lucro. Mas também pudera. O cara é foda.

Hancock

Hancock (92 minutos – Ação/Comédia/Drama)
Lançamento: EUA, 2008
Direção: Peter Berg
Roteiro: Vincent Ngo, Vince Gilligan
Elenco: Will Smith, Charlize Theron, Jason Bateman

Ali (Ali)

Cinema sexta-feira, 10 de outubro de 2008 – 1 comentário
Poster

A história do Boxe nunca seria completa se esse cara não existisse. Cassius Marcellus Clay Jr. foi um dos maiores lutadores da história do Boxe. Você não deve estar ligando esse nome à pessoa, mas eu ajudo. Após se converter ao islamismo, Cassius Clay adotou o nome de Muhammad Ali-Haj. Muhammad Ali. Esse sim é o nome da fera.

Esse filme de 2001 retrata o período da vida do lutador mais ou menos entre os anos de 64 e 74. Durante esse período, Ali foi campeão mundial, perdeu o título, foi preso por não querer lutar no Vietnã, saiu da prisão, recuperou o tempo perdido e deu uma surra em George Foreman (Charles Shufford) em pleno Zaire no ano de 1974.

Will Smith interpreta de forma competente, como é de costume, um dos maiores ícones da história americana. Em todos os aspectos Will Smith se superou e mostrou com fidelidade todo o martírio que o verdadeiro Ali enfrentou durante esses dez anos.

Ali era um dos maiores ativistas dos direitos dos negros na época e amigo pessoal de Malcolm X (Mario Van Peebles). Esse é um dos vários pontos que o filme aborda, além da sua conversão ao islamismo, o que causou revolta em várias pessoas dos EUA, principalmente pela mudança de nome. O Islã estava em ascensão e, para o poderio americano, um ícone se converter seria uma das piores coisas que poderia acontecer.

Muhammad Ali

O filme ainda aborda a relação de Muhammad Ali com a sua esposa. A sua determinação com o Boxe acabava transformando-o em um péssimo marido e Will Smith consegue demonstrar várias dessas facetas de Ali.

As cenas de luta são um show a parte. A famosa dança de Ali nos ringues está presente nos melhores momentos e eles ficaram com uma fidelidade enorme em relação ao material original. Will Smith se preparou como nunca para o filme. Teve aulas de boxe, ficou mais forte e até fisicamente ficou parecido com o verdadeiro lutador.

Quando o filme se passa no Zaire, temos uma prova de como Muhammad Ali era carismático. Enquanto corria pelas ruas do país, as pessoas começavam a acompanhá-lo, incentivando-o. O ápice é a reconquista do título em cima de George Foreman em uma recriação fiel da luta.

A humildade e o fato de ser um ativista dos direitos civis dos negros, retratado com tamanha fidelidade e dedicação de Will Smith, lhe renderam, obviamente, a sua primeira indicação ao Oscar.

Se você gosta de Boxe e, principalmente, de Muhammad Ali, esse filme é essencial para a sua coleção. A história de um ícone contada de forma digna faz desse filme uma bela homenagem ao Atleta do Século.

Ali

Ali (159 minutos – Drama)
Lançamento: EUA, 2001
Direção: Michael Mann
Roteiro: Stephen J. Rivele, Christopher Wilkinson, Eric Roth, Michael Mann
Elenco: Stephen J. Rivele, Christopher Wilkinson, Eric Roth, Michael Mann

Fatal (Elegy)

Cinema quinta-feira, 09 de outubro de 2008 – 1 comentário

Penélope Cruz já é garantia de uma nota alta num filme, isso é fato. Principalmente quando aqueles seios magníficos aparecem, falaí. PORÉM, ainda assim, ela não garantiu a “salvação” do filme. Como assim? Continue lendo a resenha, noob.

O carismático professor David Kepesh (Ben Kingsley) diverte-se com a conquista de jovens e ousadas estudantes, mas nunca deixa nenhuma mulher se aproximar demais. Quando a maravilhosa Consuela Castillo (Penélope Cruz) entra em sua sala de aula, porém, sua camada de proteção se desfaz. A beldade de cabelos negros o cativa e ao mesmo tempo o perturba.

Mesmo que Kepesh considere o corpo dela uma obra de arte perfeita, Consuela é mais que um objeto de desejo. Ela demonstra uma grande autoconfiança e uma intensidade emocional que desafia suas percepções. O desejo de Kepesh por Consuela se torna uma obsessão, mas, por fim, suas fantasias ciumentas sobre traição a afastam.

Arrasado, Kepesh passa a encarar a destruição do tempo, afundando-se no trabalho e questionando a perda de velhos amigos. Dois anos depois, Consuela volta para a vida dele, com um pedido urgente e desesperado que mudará tudo.

Essa tática da escada é genial. Anotem.

David Kepesh é um tiozão daqueles que têm tudo pra comer quem ele quiser, seja a vítima de qualquer idade. Mas é fato que, quando uma Consuela aparece, não há frieza que a afaste. O filme caminha com encontros dos dois, conversas hilárias de David com seu melhor amigo, George O’Hearn (Dennis Hopper) e situações ainda mais hilárias de David perdendo o cabelo (que já não existe) com sua paranóia. Pegar uma garota 30 anos mais nova quando a época de pendurar as chuteiras está chegando dá nisso.

Ben Kingsley, Penélope Cruz e Dennis Hopper fazem o menáge perfeito no filme, não na cama. Atores espetaculares, caíram muito bem em seus respectivos papéis. O fato é que eles arrasam em cerca de 70% do filme, mas depois o filme se perde e as expectativas vão lá pra baixo. Fatal tinha tudo pra ser um dos melhores filmes do ano, mas a necessidade de um drama maior ou simplesmente a perda de saber pra onde correr estragou tudo. Os aproximadamente 20/30 minutos finais chegam a ser estressantes, o que é uma pena enorme, tendo em vista que, segundo a sinopse, era onde tudo seria ainda mais sensacional.

Diálogos geniais. Enredo excelente (tirando o deslize citado acima). Romance é coisa de mulherzinha? Taí um filme que prova que não é bem assim. Eu não digo isso só pelos peitos de Consuela, mas pela personalidade de David, que carrega o filme mostrando a visão de um tiozão em um relacionamento com uma mulher mais nova. Você já viu isso antes, né? Não dessa forma.

Tiozões pegam geral.

O filme vale muito, mas MUITO à pena até a parte da formatura de Consuela. Depois disso, é exatamente o que eu disse acima: A angústia por não estar acontecendo absolutamente NADA é estressante. Pode ser que você goste, mas eu me apeguei muito ao ritmo do filme e sofri com essa “queda”. Mas não sejamos injustos: Apesar do fim, Fatal merece uma conferida. De verdade.

Fatal

Elegy (113 minutos – Drama/Romance)
Lançamento: EUA, 2008
Direção: Isabel Coixet
Roteiro: Nicholas Meyer, Philip Roth
Elenco: Ben Kingsley, Penélope Cruz, Peter Sarsgaard, Patricia Clarkson, Dennis Hopper

Mulheres… O Sexo Forte (The Women)

Cinema quinta-feira, 25 de setembro de 2008 – 1 comentário

Mary Haines (Meg Ryan) tem a vida perfeita, mas sua felicidade vai por água abaixo quando suas amigas descobrem que o seu marido tem um caso com : Crystal Allen (Eva Mendes). Agora Mary e suas amigas farão de tudo para dar a volta por cima!

Sim, é um filme de mulherzinha… Quer dizer, só tem mulher, literalmente: Eu não lembro de ter visto sequer um homem durante toda a projeção. Não que eu esteja reclamando, por mim o filme todo seria a Eva Mendes de lingerie. Mas, mesmo sem isso, o filme é bom. Engraçado e deve fazer muita dondoca por ae chorar…

Mary Haines é uma boa esposa, tem uma filha adoravel, um marido poderoso, organiza eventos beneficientes, trabalha com o pai. Enfim, parece que ela vai ser feliz para sempre… Mas só parece.

Sua amiga, Sylvie, ao ir na manicure, encontra uma nova, chamada Tanya, que é uma grande faladora. E que acaba revelando mais do que devia sobre sua colega, Crystal: ela, que é uma caçadora de fortunas, está se encontrando com um rico e poderoso homem casado, chamado Stephen Haines. Logo em dúvida sobre se deve contar à amiga ou não, Sylvie acaba dividindo com todas as outras, que, por fim, resolvem contar tudo à Mary. Só que ela, desconsolada por ter sido demitida pelo próprio pai, acaba indo fazer as unhas pra desestressar [Mulheres…] e acaba ouvindo mais do que devia de Tanya.

“Meu mundo caiu…”

Com isso, ela surta, resolve que vai chutar o marido, terminar com tudo, sumir no mundo, até que sua mãe Catherine, resolve por a mente da filha no lugar, pra ela resolver tudo… Paralelamente, Sylvie tenta salvar sua carreira de editora da revista Cachet… E, pra isso, vai ter que escolher entre seu ganha-pão e sua amizade com Mary… E escolhe o emprego! Com isso, Mary chega ao fundo do poço, e acaba indo pra um SPA, pra tentar meditar. Lá, ela conhece uma agente de Hollywood, Leah Miller, a “duquesa”, que tem pensamentos pouco comuns para sua idade e sexo. [Modo chauvinista off]

“Pra que se estressar? Estresse dá rugas…”

É quando Mary se dá conta que fez tudo errado, e acaba voltando pra Nova York, pra parar de tentar agradar todo mundo e agradar a ela mesma. Então, ela tem que enfrentar aquela que mais a magoou: Sylvie. E, depois desse encontro, sua vida, que já havia mudado, vai terminar de mudar totalmente.

Mulheres… O Sexo Forte

The Women (114 minutos – Drama)
Lançamento: EUA, 2008
Direção: Diane English
Roteiro: Diane English (Adaptação) e Clare Boothe Luce (Peça)
Elenco: Meg Ryan, Annette Bening, Eva Mendes, Debra Messing, Jada Pinkett Smith, Bette Midler, Candice Bergen, Carrie Fisher, Cloris Leachman, Debi Mazar

Perigo em Bangkok (Bangkok Dangerous)

Cinema segunda-feira, 15 de setembro de 2008 – 0 comentários

Cês não aprovam NENHUM dos últimos filmes do Nicolas Cage, certo? Bom, é fato que vocês são noobs, mas isso não vem ao caso agora. Falemos sobre esse remake dos irmãos Pang, então.

Joe (Nicolas Cage), um matador sem remorsos, está em Bangkok para executar quatro inimigos de um brutal criminoso chamado Surat. Para ajudá-lo, Joe contrata Kong (Shahkrit Yamnarm), um ladrão de rua, para enviar mensagens para ele com a intenção de cobrir seus passos. A intenção, é claro, seria matá-lo ao fim do serviço. Estranhamente, no entanto, Joe, solitário por natureza, se pega na posição de mentor do garoto, enquanto emenda um romance com uma garota local. Enquanto se apaixona pela beleza quase tóxica de Bangkok, ele começa a questionar sua existência e baixa a guarda…justamente quando Surat decide que é hora de fazer uma limpeza geral.

Nicolas Cage não está no auge de sua carreira, isso é fato. Com um cabelo incrivelmente estranho, o cara encarnou um assassino profissional frio QUASE que perfeitamente. Talvez tenha faltado um pouco de frieza, mas aí já é culpa de quem criou a personalidade do personagem… nah, é porque o cara já está de saco cheio, mesmo.

COWBOY!

Os irmãos Pang mostraram que, por mais que seja terrível fazer um remake de sua própria obra, os caras mandam bem. Começando pela qualidade incrível das filmagens, além do elenco na medida. Basta pôr UM pra vender o filme, o resto é pra fazer o maldito filme fazer jus ao nome “sétima arte”. Não que Cage seja só o marketing da bagaça, obviamente o cara também contribuiu – e, porra, MUITO – pro sucesso do filme.

Os caras também provaram que sabem melhor que ninguém fazer drama. Acho que os 30 minutos finais – que são completamente ELETRIZANTES – se resumem a uma trilha de fundo e sons de tiros. Se há CINCO frases é muito. Tudo começa na cena do assalto, uma das cenas mais geniais que eu vi em filmes de Cage. É absurdamente espetacular a tensão que o filme passa, te dando um soco no estômago e te prendendo ainda mais na trama, por mais óbvio que seja seu final agora.

Sim, o filme não é só porrada, tiroteio e sangue. Apesar de cenas espetaculares de ação e assassinatos respeitáveis, o drama, a vontade que o assassino tem de ser um puto diferente – obviamente não podia deixar de ter mulher no meio e, pasmem, a mulher perfeita: surda e muda -, isso é quase uma história paralela ao filme. A principal, e a melhor. Chega a comover.

Não é o melhor filme de Cage. Mas é dos melhores. E também é um dos melhores do ano.

Vai ver. Agora.

Perigo em Bangkok

Bangkok Dangerous (99 minutos – Ação / Drama)
Lançamento: EUA, 2008
Direção: Oxide Pang Chun, Danny Pang
Roteiro: Jason Richman, Oxide Pang Chun, Danny Pang
Elenco: Nicolas Cage, Shahkrit Yamnarm, Charlie Yeung, Panward Hemmanee, Nirattisai Kaljaruek, Dom Hetrakul

Ensaio Sobre A Cegueira (Blindness)

Cinema quinta-feira, 11 de setembro de 2008 – 12 comentários

A esposa de um médico é a única pessoa capaz de enxergar numa cidade onde todas as pessoas são misteriosamente tomadas por uma repentina cegueira. O fato acaba criando o caos e a desordem entre a população.

Com uma sinopse dessas, e baseado num livro de um ganhador do Nobel, cê tem que admitir que suas expectativas iriam a mil. E o filme não decepciona. Ensaio Sobre A Cegueira é o tipo de filme que vai te fazer ver o mundo de outra forma. E eu não tou fazendo um trocadilho.
Nas palavras do próprio autor:

“Acho que não ficamos cegos. Acho que sempre fomos cegos.
Cegos apesar de conseguirmos ver.
Pessoas que conseguem ver, mas não enxergar.”
José Saramago, Ensaio Sobre a Cegueira

E sabe o melhor? Quando viu sua obra na telona, o véio Saramago chorou, cara, de tão perfeito que é o filme. [Apesar de eu não ter lido o livro. Ainda.]
É difícil focar só no filme, já que o filme em si não tem foco. Os efeitos visuais são feitos como se o cara que tá filmando tivesse ficado cego junto com todo mundo. Tem cenas que estão com um enquadramento bem torto, mal focadas. Boa parte dos cortes é feito com telas brancas, e não pretas, como de costume. Você é ofuscado no meio do filme. E há uma ênfase nos sons, já que, fora a visão, esse é o único sentido que pode ser manipulado no cinema. As conversas paralelas não são cortadas, você tem que saber filtrar o que quer. É uma experiência chocante, até difícil de digerir, por suavemente criticar à sociedade em que vivemos, onde o visual conta mais que o conteúdo. Ou pelo menos foi o que eu notei, porque o próprio Meirelles falou que cada um tem a sua interpretação do filme.

Tão reconhecendo o Minhocão?

Vamos ao enredo do filme, então: Tudo começa com o primeiro homem a ficar cego. [E os personagens não tem nome, inicialmente isso causa um certo estranhamento, mas depois você se acostuma.] Ele perde a visão do nada, num farol. Então, um homem se dispoe a ajudar. O pôe de vonta no carro, e leva até em casa. Lá, ele tem uma briga com a mulher, talvez pelo absurdo da situação: “Oras, onde já se viu, ficar cego do nada? Cê tá é enrolando, palhaço.” Tá, não é isso, mas quase. Eis que então ela marca uma hora no oftalmologista pra ele, emergencialmente. E assim vai se desenrolando a história, com as contaminações sendo feitas em cascata: cada novo doente contamina um grupo ao seu redor. O oftalmo não descobre o que é, obviamente, e o manda de volta pra casa. Não sem antes ser contaminado. Ele só não sabia que a contaminação levava algumas horas pra “fazer efeito”. E assim vai, pessoas ficando cegas só por chegar perto de quem está contaminado.

Loira chama menos atenção num filme tão claro.

E no meio disso tudo, a mulher do oftalmologista se descobre imune. Só que, como estava tentando conter o avanço da doença, o governo resolve enfiar todos os doentes detectados em locais reservados para quarentena, que mais parecem campos de concentração. E os cegos são jogados lá, à própria sorte. A grande vantagem é que, pra não ficar longe do marido oftalmologista, a mulher se diz cega, mesmo não sendo, e vai junto com ele. Ela acaba se tornando a grande líder, por que já dizia o ditado: “Em terra de cego, quem tem olho é rei”. O problema é que ela tem que fingir ser cega, senão iam tira-la do lugar e fazer milhões de experiências pra tentar achar uma cura. Isso se os cientistas também não ficassem cegos… O problema é que vai chegando mais e mais gente, afinal a doença demora a se manifestar, e contamina nesse meio tempo. E com isso aquele lugar vai virando o inferno lotando. Não tanto quanto uma penitenciária brasileira, mas lota.

Não é exatamente o trem da alegria.

Até que um novo rei é coroado: O Rei da Ala 3! Ele se auto-proclama rei, e ai começa a putaria. Por que ele não tá necessariamente errado. Quer dizer, isso vai da cabeça de cada um. Mas ele só fez o que achava certo pra sobreviver. Ou, no caso, lucrar. Capitalismo é isso ae! E a empolgação com o filme é grande, mas acho melhor parar por aqui, senão vou acabar revelando algo que não devia pra quem não leu o livro. Tem muita coisa pra falar, sério. Podia falar sobre a relação inesperada que o garotinho cria com a mulher de óculos escuros, ou sobre os conflitos que o oftalmologista enfrenta, dentro de si e com os outros internos no confinamento, mas esses detalhes são o tipo de coisa que não tem tanta graça ler sobre. Então, vão ver o filme, seus motherfuckers, que cês não vão se arrepender!

Ensaio Sobre A Cegueira

Blindness (118 minutos – Drama)
Lançamento: Canadá, Brasil, Japão, 2008
Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: José Saramago (Livro), Don McKellar (Adaptação)
Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Yusuke Iseya, Yoshino Kimura, Don McKellar, Maury Chaykin, Mitchell Nye, Danny Glover, Gael García Bernal, Scott Anderson, Isai Rivera Blas, Jackie Brown, Martha Burns, Joe Cobden

Quatro Minutos (Vier Minuten)

Cinema quinta-feira, 11 de setembro de 2008 – 5 comentários

Traude Krüger trabalha há anos como professora de piano em uma penitenciária. Ao reconhecer o talento musical de Jenny, uma jovem violenta e indisciplinana, presa e condenada por assassinato, resolve se tornar sua tutora e inscrevê-la num concurso de piano. A relação das duas se desenvolve quando a professora de piano também se revela autoritária e intransigente, possuindo interesses pessoais na vitória da menina no concurso.

A principio, achei que ia ser um filme bem meia boca. Mas me surpreendi. Mesmo com o início calmíssimo, Quatro Minutos, além de visualmente belo, tem uma história que prende, mesmo se perdendo em algumas partes.

Traude Krüger é professora de piano numa penitenciária feminina faz muito tempo: sessenta anos. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, Traude está “presa” às aulas. E, nesse tempo todo, ela nunca encontrou alguém como Jenny: Uma detenta condenada por assassinato, que ataca a tudo e todos, sendo muito impulsiva e joselita. Mas que possui uma habilidade incrível ao piano. E essas duas características principais ao mesmo tempo repelem e atraem a velha professora. A princípio, Jenny não quer mais do que tocar suas músicas divertidas, que Traude, numa clara representação do nazismo ali guardado, classifica como “música de negros”: Blues e Jazz. A professora idosa, porém, pede que ela se retire, mas a aluna se recusa, por querer tocar. O guarda que acompanha Traude [E que é aluno dela] tenta retira-la sozinho, ela reage e espanca o gordinho [Sempre é o gordinho que se fode, impressionante].

Pra você ter idéia da ignorância da moça.

Depois de se ferrar por se meter com o carcereiro, Jenny é convencida por Traude a participar de um concurso musical. O problema é que, conforme elas convivem, Jenny vai se mostrando mais rebelde e brusca, por conta de um pai violento que a obrigou a estudar música, e isso desperta na própria tia as lembranças da época em que começou na cadeia, lá no tempo dos nazistas. Algumas verdades que eram ocultadas à força são trazidas de volta pra superfície com essa convivência, e as duas acabam criando um laço de companheirismo. E claro que isso só aumenta a vontade da véia de ver a pirralha ganhando. Também por satisfação pessoal. O problema é que, por conta da personalidade de Jenny, alguns inimigos foram criados, e eles não vão deixar barato: Vão fazer o que puderem pra ferrar com as aulas da moçoila… Porra, a cena em que ela é amarrada doeu até em mim. Quem ver vai entender.

Mas é claro que ela continuou praticando.

No final, tem até superior sendo peitado pra muié tocar. Por que aquela velha teimosa não ia perder tempo pra não ganhar, claro. O título do filme é explicado na cena final, que mostra também uma exibição primorosa de Jenny, que arrepia até os pelos do suvaco. Claro que isso só pra quem gosta de boa música. Pra terminar com a enrolação: Se você achou que ficou meio confuso o que eu falei aqui, vá assistir. O filme não é tão confuso e é muito bom. Nóis recomendãm!

Quatro Minutos

Vier Minuten (112 minutos – Drama)
Lançamento: Alemanha, 2006
Direção: Chris Kraus
Roteiro: Chris Kraus
Elenco: Monica Bleibtreu, Hannah Herzsprung, Sven Pippig, Richy Müller, Jasmin Tabatabai, Stefan Kurt, Vadim Glowna, Nadja Uhl, Peter Davor, Edita Malovcic, Kathrin Kestler, Christian Koerner, Amber Bongard, Dietrich Hollinderbäumer, Dieter Moor

Um Crime Americano (An American Crime)

Cinema quinta-feira, 21 de agosto de 2008 – 7 comentários

Um Crime Americano é baseado na história real que chocou a nação em 1965. O filme reconstrói um dos crimes mais chocantes já cometidos a uma só vítima. Sylvia e Jennie Fae Likens, as duas filhas de um casal, que trabalha em um parque de diversões, são deixadas para uma estadia demorada em Indianápolis, na casa Gertrude Baniszewski, uma mãe solteira com sete crianças. Tempos difíceis, e as necessidades financeiras de Gertrude, obrigam-na a fazer este arranjo antes de perceber como esta obrigação levará sua natureza instável a um ponto de ruptura e horror.

Filmes de tortura já são meio revoltantes. Filmes de tortura de garotinhas bonitinhas, como a Juno [A Ellen Page, não o atillah] são muito revoltantes. Mas um filme de tortura de garotinhas por uma véia FDP e um monte de pirralho, baseado em fatos reais, é o que?

Tudo começa mostrando a vida de Sylvia Likens e sua irmã, Jennie, filhas de um casal que trabalha em feiras estaduais, aquelas feiras americanas que vocês provavelmente já viram nos Simpsons. Acontece que, como eles viajam muito, não tem com quem deixar as filhas, mesmo elas não querendo ficar com ninguém, mas acompanhar os pais. A mãe de Betty, avó das meninas, chega a ser considerada, mas sabe-se lá porque descartaram a idéia. E acabam deixando as filhas com Gertrude Baniszewski, que já tem outros trocentos filhos, por uma módica quantia de 20 doletas por mês. Acontece que Gertrude é uma doida varrida, que tem um senso próprio de verdade e justiça. Quando um dos pagamentos atrasa, por exemplo, ela resolve punir as duas, como se fosse culpa delas.

“Eu te espanquei, mas não é nada pessoal, você sabe, né?”

Mas Sylvia e Jennie fazem amigas, como Paula, que até conta um segredo para Sylvia, que essa usa pra salvar a amiga em determinado momento. Isso devia ser bom, certo? Mas não é. Paula fica putinha, e resolve falar pra mãe que Sylvia anda espalhando “mentiras” sobre ela. E quem é a mãe de Paula? Yeah, Gertrude. Que basicamente deixa as duas se estapearem no meio dos outros moleques. Quando a “boataria” [Já que não é nenhuma mentira] começa a rolar mais pesada, Gertrude resolve punir a garota de um modo mais exemplar: Oficialmente, manda-la para um reformatório. Mas na verdade ela é trancada no porão de Gertrude. E começa a ser torturada por Gertrude. Até que a véia se cansa, e começa a supervisionar as torturas feitas pelas crianças. E puta que pariu, como você fica com raiva desses pivetes. Eles fazem coisas extremamente cruéis sem a menor pena ou remorso.

O filme é praticamente todo baseado nos depoimentos do julgamento. E é lá que você vê a loucura de Gertrude. Ela foi a última a depor, depois de todos os seus filhos. Todos concordaram que Sylvia foi torturada, por todos eles, e sem motivo aparente. Menos Gertrude, que insiste que todos lá são mentirosos, inclusive seus filhos. Ela alega que Sylvia era uma péssima garota, que era má, coisa que você vê que não é verdade no decorrer do filme. E não há muito mais o que falar do filme sem estragar tudo. Mesmo que você saiba como vai terminar, vá ver. Se não sabe nada sobre ele, vá ver também, mas não pesquise sobre. Quanto menos você souber, melhor.

“Meritíssimo, a ré é uma FDP…”

Mas não recomendo que você vá ver se tiver estômago fraco ou for sensível. As torturas são gratuitas e agressivas. O filme é, com o perdão do clichê, um tapa na cara, principalmente de religiosos. Do espectador, de modo figurado, é claro. Sylvia sofre de outras maneiras. Ou tinha tapa também? Não me lembro, muitas torturas em um curto periodo de tempo…

Um Crime Americano

An American Crime (92 minutos – Drama)
Lançamento: EUA, 2007
Direção: Tommy O’Haver
Roteiro: Tommy O’Haver, Irene Turner
Elenco: Ellen Page, Catherine Keener, Hayley McFarland, Ari Graynor, Evan Peters, Bradley Whitford, Hannah Leigh Dworkin, Scout Taylor-Compton, Carlie Westerman, Nick Searcy

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