Como todo quase mundo no mês passado resolveu fazer texto homenagem as músicas que julgavam serem as piores possíveis, o lance agora é mostrar músicas piores ainda. Vocês já devem ter visto que agora estamos falando das bandas da cidade onde vivemos. Eu tive sorte nesse quesito. Tem muita banda aqui em Recife. Muita banda ruim e muita banda boa. Vejam (E ouçam) algumas delas no restante do texto.
A cena músical recifense sempre foi forte. Tivemos muitas cenas boas, como a finada Manguebeat, a pós-mangue, a cena indie (Muitas bandas que cantavam em inglês), a cena cult (Muitas bandas derivadas da antiga e ainda na ativa Mundo Livre SA), a cena hardcore, a cena metal, a cena post-rock e a atual e auto-proclamada cena “Beto“. Claro que não tem só isso. Recife tem muito mais. Sem mais delongas, bora ouvir música! continue lendo »
Se você não sabe como identificar um indie, provavelmente você não é um deles ou acha que não é, mas aí vai um checklist para você saber do que eu estou falando:
– óculos com aros grossos;
– tênis Adidas ou All Star;
– no inverno, casaco ou cachecol obrigatórios;
– cabelo estilo Playmobil, mas com um diferencial: a franja milimetricamente desleixada, com uma parte da franja maior que a outra (Não achei descrição melhor que essa)
– lêem aqueles livros chatos que você sabe muito bem que não devem ter passado da primeira página (James Joyce, vai se fuder!)
Essas características foram as que eu observei no Festival Coquetel Molotov, aqui em Recife. Nunca tinha visto tanta gente parecida no mesmo lugar! Os indies também são muito ligados em cultura: Livros inteligentes, filmes inteligentes, conversas idem (Engraçado, eu também!). Entretanto, há variações no que significa ser inteligente. Torcer o nariz é algo bem indie, assim como o ar blasé (Como eu sou foda, escuto isso e aquilo outro e você, seu inútil, nunca nem ouviu falar nas merdas que eu escuto). Eu, pessoalmente, descreveria isso como uma certa falta de entusiasmo, ou um medinho parecer entusiasmado. Aí eu descobri que, definitivamente, não sou indie, pois eu sempre ponho os pés pelas mãos quando me entusiasmo com qualquer bobagem. Quer coisa mais indie do que isso?
O Pixies é uma das bandas mais originais e influentes dos anos 80. Assim como o Hüsker Du e o Sonic Youth, eles foram responsáveis pelo surgimento do rock alternativo norte-americano. Tocando um som que mescla elementos básicos do punk rock, da surf music e da noise guitar sem deixar de lado a suavidade da música pop (Mesmo fazendo músicas estranhíssimas e originalíssimas), o Pixies fez a trilha sonora da vida de quem naquela época se achava meio deslocado entre o hard rock farofa que reinava nos anos 80.
Um grupo odiado na mesma proporção em que era amado e imitado. Quando tocaram no festival itinerante Lollapalooza, antigamente a Meca das bandas independentes nos Estados Unidos, em toda cidade pela qual passava, o Pavement era alvejado por objetos jogados pelo público. Por outro ponto de vista, a critica os entupiu de prêmios, como a eleição de melhores discos do ano da revista Spin, que colocou Slanted & Enchanted, primeiro disco deles, em primeiro lugar. Detalhe: Era 1991, foi apenas o ano do lançamento de Nervermind, do Nirvana, álbum que mais tarde seria consagrado como um Sgt. Peppers dos anos 90. Os desafinados nerds do Pavement tinham derrotado Kurt Cobain…
Parece que a vinda do Radiohead ao Brasil rendeu frutos e mexeu profundamente com seus integrantes. Temo que essas mudanças serão irreversíveis. The King of Limbs, à primeira audição, me pareceu uma tentativa de seguir a lógica de In Rainbows, mas sem conseguir. São oito canções completamente dentro daquilo a que hoje se pode considerar o gênero Radiohead. São, aparentemente, batidas eletrônicas fuleiras disfarçadas de loops e os vocais de Thom Yorke balbuciando qualquer coisa. Depois de ouvir o disco pela primeira vez, e colocar outro pra tocar, instantaneamente desapareceram da minha memória as poucas melodias que tentei me lembrar. Triste.
Depois de todas as experiências e aventuras por território desconhecido, Thom Yorke e companhia parecem ter encontrado o terreno onde se sentem mais confortáveis, deixando de lado tudo que fez deles a banda mais arrojada e inventiva das últimas duas décadas para fazerem um álbum bom, e só desapontam aqueles que estão sempre à espera que eles se reinventem a cada passo que dão. Ou seja, todo mundo.
Os anos 90 se iniciaram muito mal. O que parecia ruim no início dos anos 80, ao longo da década foi piorando, piorando tanto que não havia mais como tudo se tornar pior do que já estava. Até o Michael Jackson tinha se tornada um compositor de péssima qualidade. E continuava fortíssimo nas paradas de sucesso. Mas nem tudo estava tão perdido assim.