Apesar de Assim Falou Zaratustra estar na minha cabeceira há meses (E já há meses intocado) resolvi reler Asimov, mais precisamente Sonhos de Robô, uma coletânea de contos que acabam por exemplificar um pouco de tudo que o autor fez em termos de ficção científica. Um excelente livro para se ler como introdução pra o filme Eu, Robô, diga-se de passagem, à parte do livro homônimo. E venho, já há uns dias, jogando novamente Deus Ex: Human Revolution.
Aqui estou eu, quase dois meses depois do primeiro texto sobre minha situação literária. Folgo em dizer que, desde daquela ocasião até o presente momento, as coisas melhoraram. E, devo dizer, ficaram também um tanto… Russas.
1. Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2. Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a primeira lei.
3. Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira e a segunda leis.
Essa são as três leis da robótica criadas por Isaac Asimov. E funcionavam muito bem, até um cientista ser morto, aparentemente, por um robô. A partir daí a merda tá feita, e só um cara pode descobrir isso. O detetive Del Spooner, interpretado por Will Smith.
Uni Duni Tê…
Spooner inicia uma investigação sobre o que levou o tal robô, Sonny (Alan Tudyk), a ignorar as três leis e cometer o assassinato. Mas nem tudo é o que parece e, se metendo no meio de uma grande conspiração, Spooner vai descobri da pior maneira que essa morte era só o início de algo muito maior.
Ao longo do filme Spooner contará com a ajuda da psicóloga de robôs (até eles têm problemas) Susan Calvin (Bridget Moynahan), que tentará mostrar a Spooner como os robôs agem e tentar diminuir o preconceito dele com as máquinas.
Spooner tem um preconceito quase mortal em relação aos robôs. Fruto de um trauma sofrido por ele.
Com efeitos especiais de primeira qualidade e cenas de ação de tirar o fôlego, Eu, Robô consegue ser um dos filmes de ficção mais legais dos últimos tempos. Primeiro por abordar um tema interessante como a robótica e a “mentalidade” dos robôs e como uma sociedade se torna totalmente dependente das máquinas a cada dia que passa.
Olha a lata de óleo… Cadê?
Nenhuma interpretação é exagerada e as melhores cenas ficam a cargo das discussões filosóficas entre Spooner e Sonny, que demonstra melhor do que muitos atores, que os robôs também têm sentimentos.
Poster
Eu, Robô
I, Robot (114 minutos – Sci-Fi) Lançamento: EUA, 2004 Direção: Alex Proyas Roteiro: Jeff Vintar, Akiva Goldsman Elenco: Will Smith, Bridget Moynahan, James Cromwell e Alan Tudyk
Essas diferenças entre os mundos de ficção científica é o que mais me diverte enquanto leio as obras. Enquanto me preparava para o Overdose, li 19 livros de diversos autores, mas 3 em especial me chamaram a atenção, pois suas obras eram muito iguais em abordagem de temas mas os mundos que eram apresentados aos leitores eram um tanto diferentes de um para o outro.
Começando por Isaac Asimov, que aqui você já pode conferir a resenha de alguns livros dele, como Eu, Robô e O Homem Bicentenário. Ele era um cara que escrevia muito, mas quando digo muito, era realmente bastante, escrevia tanto que eu cheguei até a ter dificuldades pra escolher quais livros dele falar mais, mas isso não vem ao caso. Suas histórias falavam sobre um futuro que a humanidade era bem desenvolvida, mas tudo com a ajuda da robótica, e os robôs eram regidos pelas três leis da robótica, que garantiam que eles nunca iriam machucar um ser vivo e sempre obedecer qualquer ordem, se não fosse contra as regras.
O segundo autor em questão é Arthur C. Clarke, escritor de 2001: Odisséia espacial e que morreu nesse inicio de ano, que também tem suas histórias focadas em viagens espaciais e como não pode deixar de ser, inteligências superiores a da raça humana, seja criada ou muito mais antiga que o próprio universo.
O terceiro autor só entrará em campo daqui a pouco. Primeiro de tudo, vamos fazer com que esses dois autores entrem na porrada tenham suas diferenças apresentadas, só pra facilitar um pouco.
Enquanto um era O CARA pra falar sobre tecnologia e sobre um futuro que era mais parado, que ficava mais tempo no planeta e que demorou séculos para conseguir se expandir, o outro foi mais otimista, falando sobre viagens distantes em anos que já se passaram atualmente. As tecnologias também eram regidas por diferentes aspectos. Enquanto em um os robôs eram apenas auxiliares, muitas vezes sendo considerados menos do que isso, em outro a tecnologia tinha um papel por vezes superior ao confiado a humanos. Mas apesar de serem diferentes, eles compartilhavam vários tipos de idéias parecidas, como essas mesmas tecnologias com problemas que muitas vezes davam mais trabalho do que ajudavam. Vide HAL-9000 para mais detalhes. Æcomputador mais… filho da puta.
Agora que esses dois já foram meio que comparados, vamos colocar mais um na linha de tiro. O autor que entrará agora é um cara que falava do futuro como se fosse um reflexo de um passado muito sujo, com drogas, assassinatos, lixo, muito lixo, destruição e sociedades muito relaxadas. O autor que estou falando se chama Philip. K. Dick.
Suas histórias sempre tinham (tem, livros são eternos) elementos que fazem com que o futuro, muitas vezes mostrado como um lugar frio e com pessoas muitas vezes reservadas demais, tenha um lado mais humano, com pessoas divertidas, fazendo coisas que não se diferenciam muito das feitas atualmente. as inteligências superiores ainda estão por lá e as viagens planetárias também, mas elas são muito diferentes. Em uma das histórias do livro de contos O Vingador do Futuro, chamada A Mente Alienígena, há um bom exemplo de como formas alienígenas podem ser maldosas e bem humoradas ao mesmo tempo. Esse livro é um pouco difícil de encontrar por aí, mas se encontrar, pegue pra ler nem que seja essa história, pra entender o que estou dizendo.
Mas o que podemos concluir disso tudo? Que o futuro é um lugar que ainda não existe, pelo menos não da maneira que eles falam. Se fosse pra escolher, pegaria o futuro de Phillip K. Dick. Se é pra viver num futuro, quero que ele pelo menos tenha coisas legais para se fazer.
Novamente, o filme que leva o nome do livro não tem muito a ver com o próprio, a não ser o conto que dá o nome ao livro. Apresentado esse fato, vamos em frente. O Homem Bicentenário é um livro de contos de Isaac Asimov, assim como o Eu, Robô, apresentado um pouco antes aqui mesmo nesse Overdose. Dessa vez, as histórias são apresentadas seguidas por um pequeno comentário do próprio autor, que conta as situações que ocorreram para a produção da história, onde foi publicada pela primeira vez e outras curiosidades.
Todas as histórias dessa vez contam situações nem sempre focadas em robôs, mas isso não quer dizer que eles não apareçam, não ao menos diretamente.
As doze histórias que compõem o livro (mais exatamente onze histórias e um poema) mostram mais alguns fatos do futuro criado por Asimov, tão complexo e interessante. De todas as histórias, as que mais se destacam no volume e que recomendo que sejam lidas com certa prioridade são as seguintes: O Estrondo da Ígua– Essa história conta sobre um intercâmbio galático, em que uma pessoa que mora na lua vai até uma das estações submarinas que existem na Terra. Tem muito mais, mas não contarei mais nada, leia que vale mais a pena do que ficar esperando eu falar algo sobre. Estranho no Paraíso– Dois irmãos que depois de muito tempo se encontram para se dedicarem a uma tarefa em comum, mesmo que isso seja muito estranho para eles próprios. O Homem Bicentenário– A história que dá título ao livro. Se for para compará-la ao filme, eu diria que ela é mais focada na história do robô. Para dar mais tempo e profundidade ao roteiro, foi colocado e enfeitado muita coisa para a história, mas nada que lendo o original não se perceba e se escolha que a parte escrita é melhor.
Bom, recomendo muito esse livro, ficção das boas e com uma linguagem que não é nada complicada, fazendo com que ler sobre coisas que nunca entenderemos seja algo relativamente fácil. E os fatos referentes a cada história são agradáveis também.
O Homem Bicentenário
The Bicentennial Man and Other Stories Ano de Edição: 1976 Autor: Isaac Asimov Número de Páginas: 238 Editora:Editora Hemus
Antes de tudo, já peço pra esquecerem o filme com o mesmo nome e com Will Smith no papel principal. Esse filme foi todo baseado na obra de Asimov, em seus personagens e situações apenas. O livro que deu o nome a esse filme é bem diferente.
Contando diversas histórias, todas elas com os robôs nas principais situações apresentadas por Susan Calvin para um repórter que está para fazer um artigo sobre a vida e carreira dela para um jornal. A doutora Susan Calvin é uma robô psicóloga, especializada nos cérebros das máquinas, algo que com o andar da história, dá pra ver que é algo muito complexo e interessante.
Todas as histórias do livro (9 ao total, sem contar a introdução) têm personagens em comum, ora aparecendo em uma história ou sendo citados em outras, um fator que me fez perceber que apesar de o mundo da robótica apresentado ser muito grande, poucas eram as pessoas que realmente o entendiam.
Com o propósito de ser uma coletânea de contos, o livro consegue ser bem amarrado com partes que são como se fossem trechos de entrevistas do repórter com a doutora, fazendo com que as histórias sejam bem apresentadas e juntas se tornem algo praticamente único.
Uma das melhores histórias é a chamada Mentiroso!, que apresentou um outro lado de robôs e uma outra maneira de cada um ver a questão das 3 leis da robótica, algo que eu achava que era simples e praticamente sem falhas.
Eu,Robô
I, Robot Ano de Edição: 1950 Autor: Isaac Asimov Número de Páginas:296 Editora:Editora expressão e cultura