Quando os irmãos Lumière deram os primeiros passos para o que viria a se tornar o cinema, eles não desconfiavam o que estavam desencadeando. Tampouco imaginavam salas escuras com vários casais namorando, drive-ins com mãos bobas, Rita Lee cantando “no escurinho do cinema” ou Sandy e Júnior cantarolando “splish splash, fez o beijo que eu dei nela dentro do cinema”. Isso tudo porque em algum momento – que provavelmente não foi durante um La Sortie de l’usine Lumière à Lyon ou L’Arrivée d’un train en gare de la Ciotat – alguém pensou “Hey… Esse escuro… Esse clima…. Talvez seja uma boa ideia catar alguém aqui”. O ser em questão não sabia, mas ele estava criando um novo comportamento na sociedade. A partir daquele momento, o cinema virou um local de namoro e casais, e o famoso escurinho do cinema protagonizou vários beijos apaixonados e pegações longe dos olhares paternos. Porém, o que ninguém imaginava, é que esse comportamento viria a condenar milhares de amantes do cinema – ou nem tanto – quando a seguinte situação surgisse: Dois amigos indo ao cinema juntos. continue lendo »
Foi preciso um certo motim de minha parte e após algumas negociações, muito rum e gordinhas foi acertado que ficaria com a parte mais amaldiçoada do AoE: falar sobre desenhos animados.
Ah, por que amaldiçoado?
Simples, todos que tentaram tomar conta deste espaço foram assassinados sumiram sem deixar vestígios.
Até quando o Capitão da bodega fundiu a seção de animações com a de animes o antigo titular da coluna também desapareceu, deixando um rastro de purpurina no ar, assim como todo otaku fanático por desenho japonês (redundância?).
Enfim, abordarei sobre uma das mais nobres e antigas formas de entretenimento, mas antes de falar sobre desenhos toscos, clássicos, atuais ou algo do fundo do baú, vamos para uma história sobre os primórdios das animações.
Não achei o original, mas vocês entenderam a idéia
A origem dos desenhos animados datam de antes dos primórdios do cinema, quando o belga Joseph-Antoine Plateau fez a primeira animação mostrando o galope de um homem sobre um cavalo. Era um desenho bem besta, desses que se faz na escola com um bloco de papel. Mas, para o século XIX, era um baita avanço. Ele construiu um tambor aberto na parte de cima com desenhos colados na parte interna. Ao girar o tambor, os desenhos se refletiam e sobrepunham num espelho fixo colado em seu interior gerando imagens em movimentos.
Está bem que a história e o enredo eram um lixo, mas aposto que era melhor que Naruto.
Em 1892, o francês Charles Émile Reynaud aperfeiçoou a técnica de Plateau projetando imagens numa tela e apresentando o curta “Pantomimas Animadas”. Por meio de um tambor de espelhos ele projetava sobre um cenário fixo uma seqüência de personagens desenhados em várias etapas de movimento, passando a ilusão de movimento.
Cartaz da “animação” de Émile Reynaud
Para todo mundo não ficar com cara de paisagem, ou dormir na sala de exibição, a apresentação foi acompanhada de músicas exclusivamente escritas para ele.
Foi o que achei mais divertido, apesar das palhaçadas clichê
Para quem acha que isso é novidade de Walt Disney, já vê que é mais um mito que se vai.
Com a invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumiére, onde o aparelho projetava, em rápida velocidade, sucessivos slides em uma tela branca passando a sensação de movimento, muitas técnicas usadas em filmes, também passaram a ser utilizadas pelos desenhos.
Foi nessa época que o norte-americano James Stuart Blackton apresentou o primeiro desenho animado do mundo: o “Fases Cômicas De Caras Engraçadas”, filmando uma seqüência de desenhos com cada um dando origem a outro.
Rudimentares, mas bem melhores que algumas porcarias que passam hoje
Partindo para uma evolução, mas através de uma técnica mais simples, o francês Émile Cohl começou a desenhar traços brancos sobre um fundo negro. Seu primeiro desenho animado, Fantasmagoria, foi exibido em 1908, com o francês criando centenas de curtas depois, considerados obras-primas na época.
Durante esse período, muitos norte-americanos estadunidenses aprimoraram as técnicas de animações (rudimentares, mas aprimoravam), com o resto do mundo sendo influenciado por estas técnicas.
No final de 1914, com a Primeira Guerra começando a esquentar, o norte-americano Earl Hurd contribuiu para o que seria a o aperfeiçoamento total da técnica de animação, usada inclusive, até hoje.
Pela foto, nota-se que James é Tanga
Hurd começou a utilizar o papel-celulóide, um papel transparente que lembrava um tipo de plástico. Utilizando esse papel era possível para o artista desenhar cenários de fundo em uma película e, os personagens, em outra, para depois sobrepor um sobre o outro. Com essa técnica muito trabalho era poupado com um mesmo cenário de fundo sendo utilizado para a filmagem, pois os personagens podiam ser desenhados sozinhos, em várias posições (heh) e aplicado sobre o cenário de fundo.
Antes disso, os desenhos eram feitos refazendo os personagens e cenários a cada mudança de posição, sendo um saco fazer isso.
A partir da técnica de Earl, começou a bombar de vez a produção de curtas-metragens dando início à grande produção de desenhos animados e à popularização dessa arte, principalmente após a estréia de Gato Félix, seguido de Popeye, Betty Boop, entre outros.
Como o texto ficou um pouco extenso, talvez continue essa parte semana que vem.