Porra, que quadrinho foda. Tá pra nascer uma HQ mais foda do que Kick Ass 2. Bom, talvez Kick Ass 3, mas Mark Millar é definitivamente um gênio, por trazer uma coisa que fazia tempo que as HQs haviam abandonado, os heróis sendo tratados como foras da lei pelos policiais.
Se tem uma mini-série que retrata uma realidade paralela espetacular e que jamais se encaixaria na cronologia oficial, esta é Entre a Foice e o Martelo (Red Son no original). Nela encontramos o último filho de Krypton sendo encontrado na União Soviética durante a guerra fria. E o Superman comunista se torna uma das armas mais poderosas do governo.
Dividida em três edições e publicada em 2003, a história escrita por Mark Millar, um dos mais importantes roteirista dos quadrinhos atuais, e com desenhos de Dave Johnson e Kilian Plunkett, Entre a Foice e o Martelo virou sucesso de crítica, sendo inclusive premiado com o Eisner Award em 2004 como melhor mini-série. continue lendo »
De certa forma o primeiro roteiro a ser escrito pelo escocês Mark Millar, a mente por trás de revistas como The Ultimates 1 e 2, Ultimate X-Men e o mega-evento que mudou a Marvel, Civil War. Segundo o próprio Millar, Wanted nasceu em 1974, quando tinha 5 anos de idade e, ao visitar uma livraria na cidade onde morava, se deparou com um livro chamado “Superman: The Great Hero of America”. O pequeno Millar ficou impressionado com aquilo. America soava bem para ele (até porque a Escócia era pobre e só tinha três canais de TV), e o Superman era impressionante. Durante os noticiários, Millar perguntou “Por que existiam terremotos, desastres e mortes. Por que o Superman não salvava o mundo?”. Seu irmão, já um veterano na faculdade, respondeu “Superman desapareceu durante uma briga que ele travou com todos os super-vilões. Ele, o Batman, o Homem-Aranha, Capitão América, todos eles desaparecem desde essa grande batalha”. Seu irmão também afirmava que o pai deles matou Hitler.
Millar foi dormir abatido. Os heróis haviam sumido, e tudo o que restou foram as revistas em quadrinhos, um tipo de lembrança do que eles eram. Mas o que aconteceu com os vilões? E foi daí que Millar tirou o conceito por trás do maginífico Wanted. A frustação de uma criança somada ao ódio do mundo adulto.
O melhor do mundo
Wesley Gibson era “um merda” que tinha um trabalho que odiava (onde era humilhado por sua chefe, uma afro-americana lésbica), uma namorada que o traía com seu melhor amigo, e vizinhos que o desprezavam. Resumindo, ele era VOCÊ quadrinizado. A vida, porém, havia reservado um papel maior para Wesley. Algo que ele não teria imaginado nem em seus sonhos mais absurdos.
Tudo começa quando Wesley conhece Fox, ou melhor, quando Fox encontra Wesley. A garota dizia conhecer seu pai, um homem que nem Wesley conhecia (ele deixou sua mão quando tinha apenas 18 semanas de vida). E mais: Ela afirma que o velho era o maior super-vilão que já existiu, e deixou uma fortuna como herança. Claro que o Mr. LOSER não acredita em uma só palavra. Para provar, Fox mata todas as pessoas ali presentes. Assim Wesley toma conhecimento das vantagens de ser um super-vilão: Você pode matar, roubar ou estuprar quem quiser sem qualquer consequência. Enquanto for um membro da Fraternidade, terá imunidade. Bom, até aí chocolate né? Mas para receber o dinheiro, antes Wesley terá que trabalhar por seis meses na Fraternidade, preenchendo o vazio deixado por seu pai. Sim, ele teria que em seis meses, se tornar tão bom quanto seu pai era. Claro que ele aceita. Quem em sã consciência recusaria uma oportunidade dessas? Wesley se torna então membro da Fraternidade, e todos que lhe aborreceram neste anos vão se arrepender de ter nascido…
Wesley e Fox
Vamos agora fazer uma análise do mundo em que Wanted se passa. Todo e qualquer super-herói foi eliminado pela Fraternidade quando Wesley ainda um recém-nascido, e o controle do mundo foi dividido entre as cinco mentes por trás da investida. Cada um deles ficou encarregado de um continente, e toda a história foi acobertada. Toda lembrança dessa época foi apagada, e para as pessoas super-poderes só existem em quadrinhos. Os super-heróis que tiveram suas vidas poupadas sofreram lavagem cerebral e pensam ser apenas atores falidos. A frustação e curiosidade de uma criança somada ao ódio de um adulto. Experiência de vida é tudo.
Este mundo, por outra vez, faz parte do Multiverso (ou Millarverso, um Multiverso de criações do Millar). Daí vem a preocupação dos vilões em se manter fora do radar. Barulho demais poderia chamar a atenção de heróis de outros mundos e uma nova guerra seria travada, uma sem limites de extensão e danos. Reparem a semelhança com o mundo real.
Se fodeu
Não conhecia os desenhos de J.G Jones (só depois fui saber que foi ele quem desenhou as 52 capas da maxi-série da DC, 52), e não penso numa escolha melhor. Excelente representação dos personagens e cenário. Detalhista como Bryan Hitch (com quem Millar fez The Ultimates), Jones foi, de fato, a melhor escolha para a arte de Wanted. A coloração feita por Paul Mounts é de muito boa qualidade também.
Wanted tem um excelente roteiro e arte. Não chega a ser um épico dos quadrinhos, mas é algo que eu recomendaria para qualquer leitor. Tem tudo que um homem precisa para manter a sanidade. Dica: Acumule um pouco de raiva antes de ler, isso torna a leitura mas prazerosa.