Para fãs viciados ao extremo de certo tipo de literatura, não há maneira melhor de se dar uma mordida no bolso deles do que se lançar pacotes de livros logo depois que um novo é colocado a venda no mercado. Às vezes, o que diferencia esses pacotes de comprar tudo solto são duas coisas: primeira, um brindezin, que pode muito bem ser algo vagabundo, raramente sendo algo que presta. O outro motivo é o preço, porque algo que deveria custar a soma total de todos os livros sai por… sei lá, dérreal mais barato.
Vamos pegar por exemplo a coleção de livros mais vendida por aí, ou ao menos a mais conhecida. Harry Potter teve seu primeiro Volume lançado lá no longínquo ano de 1997. Desde lá, se tornou uma febre daquelas que só serviu pra sugar, chutando assim por cima, uns 800 reais do bolso de cada fã, contando que ele seja um que só tenha comprado os livros nas versões americanas e as traduzidas. Essa falta de paciência para ler a tradução poderia fazer eles economizar uns 300 reais, mas que fã liga para dinheiro? Já os pais de fãs, essa é outra história…
Enfim, isso foi contando cada livro lançado. Desde então, o lançamento de pacotes com todos os livros da coleção está se tornado mais frequente por aí. Em minhas andanças por livrarias, já me deparei com um que tinha todos os livros e alguns belos…. marcadores de página, cada um com a capa de cada livro. Achei uma boa tentativa de vender algo a mais, mas não cheguei nem a pensar em comprar. Não tenho nenhum dos livros de Potter, e só os comprarei quando rolar por aí um pacote que valha a pena, algo como todos os livros com capa dura, e vindo em uma lata ou algum tipo de caixa que seja legal de se deixar por aí com os livros dentro.
E agora, indo para o próximo da lista, outro que teve sua onda de sucesso desencadeada por um filme e que agora é bem mais conhecido do que antes. Senhor dos anéis se tornou outro livro explorado em pacotes assim. Desde camisetas, marca-páginas, bonés e até outros livros relacionados juntos, uma beleza. Mas como o autor já virou comida para verme há muito tempo, não há nenhuma maneira de continuar a sugar o que a coleção pode dar, a não ser desencavar rascunhos, cartas, e coisas assim do autor, contando que um fã viciado possa o comprar. Novamente, minha versão de senhor dos anéis é aquela comum, com a capa de Gandalf andando em algum lugar, comprada usada por 20 reais. Ainda busco os outros livros, mas nada que exija muita urgência.
E dando uma explorada no site da L&Pm pocket, vi que lá eles também tem uns pacotes assim de livros, mas desde o inicio eles tiveram o objetivo de os lançarem juntos. Desde clássicos como Dom Quixote e Guerra e Paz, mas esses não são assim tão vantajosos, pois os dois juntos têm o mesmo preço do que se comprar as edições separadas. Mesmo assim, vale a pena por causa da caixa especial, decorada com o tema do livro.
E agora, com todos esses lançamentos recentes, já dá pra saber quais serão os próximos que seguirão esse mesmo caminho. A trilogia Eragon, Eldest e Brisingr tem grandes chances de ter seu sucesso explorado. Outro, mais recente, que atualmente já possui uma legião de fãs que se tornarão os sucessores dos fãs de Harry Potter são os fãs dessa autora, a Stephenie Meyer, a responsável por crepúsculo e os outros que ainda estão por vir.
No meu caso, prefiro seguir o mesmo sistema que uso para mangás, animes, HQ’s e livros: prefiro que tudo chegue a um final antes de começar a comprar, é o jeito mais barato.
Cês sabiam que quando o sapo macho não atrai mais as fêmeas ele troca de sexo para continuar se reproduzindo? Sapo velho é exemplo de adaptação ruim.
Aproveitando o Overdose Adaptações, vamos falar nessa coluna sobre todos os tipos de conversões entre vídeo-games e as outras mídias existentes. Como sempre, vocês provavelmente sentirão falta de uma porrada de jogos aqui. Mas também, como sempre, eu só falo dos jogos que eu conheço e já joguei. Compromisso com a credibilidade jornalística, sabem como é.
Adaptações Boas
As adaptações boas são bastante raras. Só consegui lembrar de umas poucas adaptações inquestionavelmente boas:
Silent Hill Dos games para o filme: O clima de horror e paranóia constante foi levado de forma íntegra para o filme. Não foi sucesso de público nem de crítica, mas é, inquestionavelmente, Silent Hill.
Lord of the Rings Dos livros para os games: nunca deu muito certo. Sério, só saiu bomba. Nem procurem. Dos livros para o cinema e então para os games: Aqui ficou bom. A série Battle for Middle Earth rendeu um dos melhores jogos de estratégia disponíveis até hoje.
Lego Dos brinquedos para os games: ESPETACULAR, uma das misturas mais improváveis e que mais deu certo em forma de paródia de Star Wars e Indiana Jones. Não deu tão certo no lance do Bionicle Heroes, mas esse dá pra esquecer.
Dune Dos livros para os games: fundou a era de ouro dos jogos de estratégia, e os ecos da série Dune são ouvidos até hoje nos jogos de estratégia. Méritos extras por vir direto dos livros para se tornar um jogo.
Final Fantasy
Caralho, a parada saiu em Blu-ray
Dos games para o cinema: Gerou duas animações complexas demais para as massas (The Spirits Within e Advent Children), que requerem um certo conhecimento prévio da série de jogos. Mesmo sendo pouco acessíveis, ainda assim são espetaculares e demonstram o poder criativo e gráfico dos estúdios da Square. Pau-a-pau com a Blizzard no quesito excelência em tudo que faz.
Dos games para os animes: Assisti dois (Unlimited e Legend of the Crystals) e paguei pau para os animes. Novamente, parece que fazem mais sentido para o público que acompanha a série, mas o fato de existir esse pré-requisito não torna o material ruim.
Outro ponto que contribui para que Final Fantasy dê certo é a riqueza do universo da série; os enredos dos rpg’s já foram para todos os lados possíveis, desde passado medieval, mágico e cyberpunk, até o futuro… medieval, mágico e cyberpunk. Também ajuda muito o fato da série ter uma legião de fãs, principalmente no Japão. O público cativo dá força a qualquer produto que saia dentro do universo Final Fantasy.
Finalmente, ponto para a Square por não vender os direitos de tudo que se relaciona á série, e mantém mão-de-ferro no controle do uso da marca. Creio que isso contribui enormemente para a manutenção da qualidade dos produtos finais.
Adaptações ruins, porém boas
Sim, ruins mas boas ao mesmo tempo. São aquelas adaptações que não são muito fiéis ao universo original, ou então sempre parece ter alguma coisa errada. Mas, no fim das contas, você acaba se divertindo com a porcaria.
Yu-Gi-Oh! Do anime para os games: O anime é ruim pra cacete, então nem teria como render algo bom. Surpreendentemente, o bagulho funciona muito bem como um jogo de cartas eletrônico, talvez o melhor desde Magic: the Gathering. Mas não espere por nada além disso.
Alien/Predator Dos filmes para os games: O apelo dos monstrengos sempre foi enorme para o público gamer, e já renderam uma porção de jogos. Prefiro lembrar dos jogos bons como Alien 3, do Super Nes e o arcade de Alien Vs. Predator (Crássico total, procure nos emuladores de placas Capcom)
Matrix Dos filmes para os games: Joguei o Enter the Matrix, no PC, e lembro que a parada captou muito bem o clima do filme. Na época também fazia parte de toda uma série de produtos que visavam expandir o universo Matrix. Meio ambicioso demais, mas até que funcionou. Não se segurava só como um jogo, entretanto.
Pokémon Dos games para o anime e do anime para os games: Taí um caso de jogo e anime meia-boca que dão certo em conjunto. Os dois são repetitivos pra cacete, o tempo todo, e não despontam em nenhum quesito além desse. Mas não dá pra negar que é viciante e que funcionam como uma franquia poderosa. Briga de galo pra crianças.
X-Men Dos quadrinhos para os games: Ah, saudosa época do super nintendo onde cada jogo com X-Men que saía era uma merda lancinante. As coisas só melhoraram com X-Men vs. Street Fighter e X-Men Legends. Aparentemente faltava tecnologia para conseguir dar personalidade a cada um dos mutantes.
Star Wars Dos filmes para os games: sempre se calcando na força da franquia e na legião de fãs nerds, gerou vários jogos meia-boca, como os do Super Nintendo. Melhorou um pouco com Knights of the Old Republic mas assim, assim.Vamos ver se a coisa finalmente engrena com The Force Unleashed.
Resident Evil Dos games para o cinema: Amado e odiado ao mesmo tempo. O primeiro filme foi do caralho, mas daí em diante foi degringolando até chegar na bosta total que foi o último filme, Hora de parar com essa merda.
Doom
Chutando bundas no filme
Dos games para o cinema: ESPETACULAR adaptação com The Rock. “Doom” ficou tão ruim que ficou bom. Captou com maestria o espírito trash da sangrenta série o que faz com que seja uma das melhores e mais fiéis adaptações já vistas de uma mídia para outra.
Destaque para a excelente seqüência final, filmada em primeira pessoa, para emular fielmente o que acontecia nos jogos. História fraca, atuações risíveis, monstros bisonhos e sangue pra caralho. Não tem como achar ruim. Quer dizer, tem: bom de tão ruim.
Na próxima semana continuaremos com o estudo das adaptações, abordando os experimentos que deram totalmente errado e fazendo um exercício criativo de pensar em quais jogos DEVERIAM ser adaptados imediatamente para outras mídias. Caralho, a gente tem que ensinar tudo pra esses caras.