Overdose Adaptações: Batman Ano Um (Panini)

HQs quarta-feira, 23 de julho de 2008 – 2 comentários

Se você perguntar a um fã de Batman por que ele considera Frank Miller um gênio, provavelmente ele te responderá que é por Cavaleiro das Trevas. E não, não é do filme que estréia dia 18 agora que eu estou falando. É da HQ criada por Miller que fala de um futuro apocalíptico, em que Bruce Wayne é um velho perdido, esbravejando contra uma sociedade sem heróis que ele mesmo ajudou a formar. Genial ou não, a graphic novel é muito lembrada, ainda mais do que Batman: Ano Um. Só que, se Christopher Nolan leu algum quadrinho antes de dirigir Batman Begins e Batman – Cavaleiro das Trevas foi o Ano Um.

E assim nasce um emo… Um emo que bate pra caramba!

A história sintetiza os primeiros momentos do Homem-Morcego em ação, quando ainda não era um vigilante experiente e não conhecia o seu… “Público”, saindo sem uniforme pelas ruas, apanhando mais do que batendo. Não que ele seja derrotado, mas é óbvio que Alfred se mostrou extremamente eficiente como médico quando Bruce chegava em casa com mais do que uns simples arranhões. Ano Um se caracteriza por ser bem mais real, apesar de citar algumas vezes o OUTRO super-herói da DC que mora em Metrópolis. Nessa mini-série não há super-vilões, apenas a participação curta de uma certa “inimiga mui amiga” do Batman, enquanto ele lida com a corrompida Gotham City.

Ele IA deixar o malaco cair… Que pena que conseguiu salvar

Falando em Gotham City, James Gordon é ponto crucial da história. Os fãs já estão cansados de saber da relação que ele e o homem-morcego partilham, e em Ano Um vemos ela sendo construída. Jim chega á Gotham como tenente e, assim como Bruce Wayne, fica revoltado em ver uma polícia tão podre e começa a tomar atitudes. O personagem se torna o co-protagonista de Ano Um e dá pra perceber a dualidade entre ele e o Cavaleiro das Trevas. Enquanto o policial trabalha na luz, procurando transformar e edificar uma nova central policial (E acabar virando o futuro Comissário Gordon), o playboy trabalha na escuridão, tentando fazer o mesmo efeito. Ao contrário do sempre “Luto sozinho” de Batman, o jovem guardião de Gotham busca aliados em pessoas que tenham caráter parecido com o dele, sabendo que não pode cuidar sozinho de uma cidade tão grande.

Gordon começa a se tornar dependente… Do Batman… Xiiii…

Lembram que eu falei antes que Nolan bebeu muito de Ano Um? Pois é… Em uma determinada sequência da HQ eu vi praticamente um trecho do roteiro de Cavaleiro das Trevas. Gordon visita Harvey Dent (É, o promotor com o sorriso Colgate dos cartazes do filme) pra questionar se ele poderia ser o Cruzado de Capa.Fato: Mesmo sendo tão elogiado, Ano Um não é perfeito. Vemos Batman em situações estarrecedoras e queremos mais. Só que a história simplesmente acaba com nossas esperanças… Do nada. É curta, fazer o quê, mas vale a pena ser lida e serve muito bem para quem quer conhecer o personagem. E deixem de ser noobs e vão nas livrarias comprar. É fácil.

ó aí o momento semi-suicida em que ele criou o traje

Batman Ano Um (Panini Comics)

Batman Year One
Lançamento: 1989
Arte: David Mazzzucchelli
Roteiro: Frank Miller
Número de Páginas: 148 páginas
Editora:Panini Comics

Overdose Adaptações: Hellboy – Sementes da Destruição (Mythos)

HQs terça-feira, 22 de julho de 2008 – 1 comentário

Você já leu Hellboy? Nem eu.
Exatamente. Eu nunca tinha lido uma edição sequer do gibi do garoto do inferno. E não sentia a menor falta. Mas não é que presta?
Hellboy – Sementes da Destruição é relativamente antiga, já que foi lançada aqui no Brasil em 1998.

A história começa em uma igreja em East Bromwich, Inglaterra, na data de 23/12/1944. Um esquadrão de soldados americanos, acompanhados por três membros da Sociedade Paranormal Britânica, está no local, pra evitar que os nazistas concretizem o “Projeto Ragna Rok”. Além desses, também está no local o herói Tocha da Liberdade, que acredita nessas coisas de espíritos.
Um dos membros paranormais diz que algo vai acontecer ali, só não sabe o que. Até que nota que algo acontecerá ali e em outro lugar, mais ao norte. Longe dali, com umas pedras em pé formando um círculo. Alguém ai falou em Stonehenge? No local, um grupo de nazistas cerca um monge lunático que entoa canticos. E quando o ritual chega ao seu fim, um bebê surge na igreja, no meio de uma explosão. Não um bebê normal, mas um bebê que tem uma cauda e chifres: O garoto do inferno, ou Hellboy.
Muito tempo depois, alguém ou algo volta para se vingar, e ataca um ente querido do cramulhão de chifre cortado. Depois de dar conta do bicho, Hellboy vai investigar a mansão Cavendish [Ou Cavendish Hall], com uma pequena equipe do Bureau de Pesquisa e Defesa Paranormal: Elizabeth Sherman e Abraham Sapien.
Lá, eles são atacados sem descobrir nada, exceto que ele encontrou alguém com um poder que ele nem imagina.

Eu não diferencio muito traços e tal, mas os desenhos do Mignola são foda, apesar de parecerem meio simples á primeira vista.

É um belo início, que te empolga e deixa curioso, mas podia ter mostrado a origem do vermelhote de modo menos confuso. Ou isso passa conforme se vai lendo os arcos…

Hellboy – Sementes da Destruição

Hellboy: Seed of Destruction
Lançamento: 1998
Arte: Mike Mignola
Roteiro: John Byrne
Número de Páginas: 52
Editora:Mythos

Overdose Adaptações: Hellboy – O Despertar do Demônio (Mythos)

HQs terça-feira, 22 de julho de 2008 – 2 comentários

A história dessa vez começa no Círculo Polar Írtico, próximo á Noruega. Roderick Zinco invade um castelo cheio de esqueletos de nazistas mortos faz muito tempo, quando ativa um alarme, chamando a atenção do pessoal que já tá la dentro. Pessoal esse que pretende matar Zinco, até que ele revela ter tido um encontro com o mestre. Ai eles param pra escutar a proposta do riquinho.
Um ano depois, em Nova York, num lugar meio estranho, um velhote é morto por um cover do Lemmy, Giurescu, de quem, aliás, a última notícia que se teve era de 1956. Hellboy e o resto da BPDP vão até a Romênia investigar uns castelos suspeitos, divididos em três equipes. No lugar a ser investigado, um ritual está sendo feito, para conseguir vingança. Depois de uma decida do avião espetacular, o capetoso já sai na porrada com um tio de braço de metal, enquanto a vilã foge e tem um flashback, e uma visão atual também. Com isso, Hellboy acha um velhote jantando, que viaja pra caceta mas conta umas histórias. Depois de aturar o ancião, Hellboy sai andando e chega num salão onde encontra uns pássaros do mal.
O alarme é acionado, o cinto do Hellboy apitou, então ele deve estar em perigo. Será? Ele está preso numa encruzilhada, quando o cover do Lemmy aparece. Depois de um ataque do mal, o chifrudo sem chifre luta contra a sua natureza graças ao que aprendeu com os humanos. Os bandidos fazem uma cagada que vai tudo pelos ares, enquanto a equipe volta para casa.
Detalhe para um epílogo, que conta mais sobre o monge maluco.

Apesar de melhor desenhada, o enredo deixa o leitor MUITO confuso. Ou fui só eu. Mas, na minha opinião, se você quer uma leitura rápida, esquece Hellboy, vá ler algo que não tenha cronologia nenhuma tipo a Marvel.

Hellboy – O Despertar do Demônio

Hellboy: Wake the Devil
Lançamento: 1999
Arte: Mike Mignola
Roteiro: John Byrne
Número de Páginas: 126
Editora:Mythos

Overdose Adaptações: Justiceiro MAX (Marvel)

Bíblia Nerd segunda-feira, 21 de julho de 2008 – 1 comentário

Quanto a War Zone

Quem está por dentro do andamento das novas produções dos Estúdios Marvel, deve lembrar que Lexi Alexander, a diretora do novo filme do Justiceiro, afirmou que o filme seria o mais próximo possível da série MAX, escrita por Garth Ennis. Quem conhece o material, se animou com a notícia, pois sabe que agora o filme terá um teor mais sério (e consideravelmente mais violento), bem diferente do primeiro filme que tomou como base o volume 3, uma fase mais “engraçadinha”. Quem ainda não conhece essa excelente fase do personagem (de longe a melhor), irá conhecer agora.

A Origem

Nascido em uma família de descendência italiana em Nova Iorque, Francis Castiglione poderia ter se tornado um padre católico, mas largou os estudos quando percebeu que era incapaz de perdoar certas pessoas. Frank Castle, como era chamado por seus amigos, casou-se jovem com uma mulher chamada Maria, que já estava grávida de seu primeiro filho. Castle se alistou nos Fuzileiros Navais, e entrou para a Escola de Infantaria após completar o treino básico. Ele ainda se graduaria em outras forças (inclusive a Escola de Franco-atiradores), até conseguir permissão para participar também da Escola de Aviação Militar e os treinos da Equipe Naval de Demolição Sub-aquática, se qualificando como um SeAL (“Sea, Air and Land”, “Mar, Ar e Terra”).

Então estourou a guerra do Vietnã. Castle combateu os vietcongues sob o posto de Capitão das Forças Especiais, e foi o único sobrevivente do episódio que ficaria marcado como o “massacre de Valley Forge”. Como recompensa pelo seu heroísmo na frente de batalha, ele foi condecorado com inúmeras medalhas, incluindo o Coração Púrpura (um dos maiores méritos). Após tais eventos, Frank Castle não era mais o mesmo. Mas isso só ficaria claro mais tarde.

Pouco tempo depois de seu retorno, Frank levou sua esposa, Maria Castle, e seus dois filhos, Frank David Castle (chamado de Frank Júnior) e Lisa Barbara Castle, para um inocente piquenique no Central Park. Chegando lá, eles presenciaram uma horrível execução, fruto da disputa entre as máfias locais: Um informante havia sido enforcado numa árvore. Querendo se livrar de toda e qualquer testemunha, os capangas da família Costa fuzilaram todas as pessoas que ali se encontravam. Maria foi baleada no coração. Lisa tomou um tiro na cabeça, e seus miolos caíram na grama. Frank Júnior teve sua barriga aberta por uma rajada de balas, e ainda sobreiveu por alguns segundos. Castle também foi baleado, mas foi levado a um hospital em tempo de ser salvo.

Com o rosto dos assassinados gravado em sua mente, Castle foi até a polícia, apenas para descobrir que eles não podiam, ou não iriam, ajudá-lo. A polícia estava altamente envolvida com a família Costa. Com a cadeia fora de questão, Castle percebeu que só havia um modo de punir os criminosos: Destruição física. Com uma caveira branca pintada em sua camisa, simbolizando assim o destino que aguardava os criminosos que cruzassem seu caminho, Castle executou sua vingança da forma mais violenta que pôde (empunhando uma faca, dilacerou os capangas que dispararam as armas e arrancou o coração dos líderes da família).

Insatisfeito com sua vingança pessoal, Frank Castle passou a caçar criminosos por todo os EUA. Assassinos, traficantes, pedófilos, ladrões, corruptos… Se você é culpado, você morre. Procurado pela polícia e considerado um desertor (por abandonar seu cargo militar), Castle agora é um homem solitário, que vive para combater o crime. Frank Castle está morto, e um novo e temido nome corre pelas ruas: Justiceiro.

Leituras Essenciais:

The Punisher: Tyger – Narra a difícil infância de Castle num bairro comandado pela máfia, e o que viria a ser o precursor de seus instintos vingativos. Edição única.

The Punisher: Born – Mini-série em quatro partes, mostra os dias de Castle em Valley Forge, um posto militar no Vietnã.

A Revista

Garth Ennis leva o personagem a seu auge ao aderir ao selo MAX. Quando assumiu a revista, em 1999, trazendo Castle de volta a vida (ele havia sido morto e transformado em uma espécie de agente dos céus), Ennis assumiu uma postura mas descontraída, com diálogos repletos de piadas, violência exagerada e crossovers com outros personagens (dos quais se destaca a vez em que o Justiceiro atropelou Wolverine com um rolo compressor). Já no selo MAX, Ennis foge um pouco da cronologia, e se isola dos outros personagens da Marvel.

“Como assim, Nip?”. As histórias do Justiceiro publicadas com o selo MAX não possuem posição certa na cronologia, apesar de existir continuidade entre uma edição e outra. E apesar de se passar no mesmo Universo que as histórias do Homem-Aranha (o 616), por exemplo, não há uma menção sequer a outros heróis, anti-heróis ou vilões da editora, nem mesmo o Jigsaw (velho inimigo do Justiceiro). E como o primeiro arco se inicia com um flashback da morte da família de Frank, a revista pode ser lida por qualquer pessoa sem existir a preocupação de ter que procurar por volumes mais antigos para entender o que está ocorrendo.

Outra grande mudança foi o modo com o qual Ennis trata o personagem. Com uma narração mais introspectiva (que em alguns momentos lembra até Max Payne), a personalidade de Castle foi melhor definida. Seu emocional é sempre um misto de depressão e raiva, e em muitas ocasiões fica claro que sua missão de vingança tornou-se algo mecânico. A matança tornou-se algo trivial na vida de Castle, e as vezes, dependendo do alvo, dá até para afirmar que ele está tomando gosto pela coisa. De fato, um desenvolvimento bem mais adulto do vigilante da Marvel.

Uma quantidade razoável de desenhistas passou pela revista, todos eles de ótima qualidade. O jogo de sombras é constante na revista. A narrativa costuma se passar em locais fechados e/ou escuros, e os olhos do Justiceiro aparecem apenas de vez em quando (olhando as capas dá para ter uma idéia do que falo). As cenas de ação são muito bem representadas, e o detalhe das armas é incrível. Geralmente falando, chuto ser uma das revistas mais bem desenhadas da Marvel (geralmente pois três arcos possuem uma arte mais simples, mas ainda boa).

Uma ótima revista, que agrada tanto fã antigos quanto novos leitores, Justiceiro MAX é satisfação garantida. O atual arco, “Valley Forge, Valley Forge, the Slaughter of a US Marine Garrison and the Birth of the Punisher” (em andamento nos EUA, sem tradução oficial ainda), marca a saída de Garth Ennis, que ficará consagrado pelo trabalho que fez com o Justiceiro. A revista continua após sua saída, mas estou a tanto tempo acostumado com Ennis que não sei o que esperar.

Justiceiro MAX

The Punisher MAX
Lançamento: 2005
Arte: Diversos desenhistas
Roteiro: Garth Ennis
Número de Páginas: 23
Editora:Marvel Comics

Overdose Adaptações: Chucky (Devil’s Due Publishing)

HQs sexta-feira, 18 de julho de 2008 – 0 comentários

Completamente trash, como os filmes. Claro que é daí que vem boa parte da diversão dessa maravilha de HQ. O terrível e intimidador vilão de Brinquedo Assassino passou pras HQs duas vezes. A primeira em 1990, numa minissérie publicada pela Innovation Publishing. Aqui falaremos sobre a segunda, lançada pela Devil’s Due Publishing, responsável pelo lançamento de outras adaptações de filmes trash, como Army of Darkness e Halloween, além de algumas adaptações de universos de D&D, como Dragonlance e Forgotten Realms.

A história se passa depois de O Filho de Chucky, e traz o psicopata em miniatura muito puto, querendo se vingar dos panacas que o impediram de voltar a seu corpo original. Pra quem não sabe, Chucky, ou Charles Lee Ray (referência a Charles Manson, Lee Harvey Oswald e James Earl Ray), como era conhecido quando ainda era humano, transferiu sua alma através de um ritual vodu pra um bonec… porra, eu me recuso a colocar a história dos filmes aqui. NÃO EXISTE quem nunca tenha assistido Brinquedo Assassino.

As cenas da HQ lembram bastante aquela clima típico de filme de terror trash. A coisa começa com uma reunião de jovens, o boneco aparece no meio de uma cena com lésbicas dando uns amassos, tem policiais no meio, rolam tiros de escopetas e tudo que é clichê que você espera de um bom filme trash.

A HQ é bem curta, tendo só 5 edições, além de um crossover com Hack/Slash, mas é o suficiente pra fazer os fãs do boneco empolgarem. Se o que você procura é uma HQ complexa, cheia de reviravoltas bisonhas, procure alguma coisa de Warren Ellis ou Garth Ennis. Agora, se ce quer simplesmente ver piração, sanguinolência e facada no bucho, Chucky é a HQ.

Até a próxima facada, peitinhos gostosos!

Título da HQ

Chucky
Lançamento: 2007
Arte: Josh Medors
Roteiro: Brian Pulido
Número de Páginas: 23
Editora:Devil’s Due Publishing

Overdose Adaptações: Lovecraft (Vertigo)

HQs sexta-feira, 18 de julho de 2008 – 0 comentários

Howard Phillips Lovecraft foi um dos maiores autores de horror que já viveram. Sua obra, vários contos sobre horrores inomináveis que vivem além da margem da compreensão humana, talvez tenha se igualado aos escritos de Edgar Allan Poe, seu ídolo. Adaptações de obras de Lovecraft existem aos montes, seja para HQs, filmes, jogos ou músicas.

Lovecraft, Graphic Novel lançada pela Vertigo em 2003, traz perfeitamente o clima da loucura dos livros pra HQ, através dos traços um tanto incomuns para uma HQ (lembram mais pinturas ou algum trecho bem perturbado de The Wall) e do roteiro de Hans Rodionoff. Aqui vemos não a visão de um explorador ou cientista, mas do próprio autor dos livros. O roteiro segue a vida do próprio Howard desde a sua infância, apresentando-o como a única pessoa capaz de ver as aberrações indescritíveis que cercam a nossa existência. Enquanto vivemos cegos ao gigantesco terror que nos cerca e ameaça toda a existência que conhecemos cada dia mais, Howard vive entre o nosso mundo e o deles, sendo taxado como louco por quase todos que o conhecem.

Os escritos do mestre do terror não seriam apenas contos tirados de uma imaginação incrivelmente fértil, capaz de criar todo um universo para abrigar seus horrores distorcidos, mas um alerta para toda a humanidade. Um terrível aviso sobre o mal que espera para cruzar a fronteira de nossa realidade. E, claro, aqueles que nos observam invisíveis esperam evitar que a mensagem seja transmitida, de um jeito ou de outro. á beira da loucura, Lovecraft tenta continuar com seus contos e ao mesmo tempo viver como uma pessoa comum.

Nas páginas das HQs vemos muito da história real do escritor, mostrando seus pais loucos e sua infância limitada por sua mãe superprotetora, seu emprego publicando contos na Weird Tales, junto com outros escritores famosos como Edgar Rice Burroughs (Tarzan) e Robert E. Howard (Conan, o Bárbaro) e seu casamento com Sonia Greene.

Leitura obrigatória pra qualquer fã do escritor, e recomendada pra qualquer fã de HQs, Graphic Novels ou de contos de horror. Agora, se você tem frescuragem com aberrações inomináveis, lugares fora do mundo onde bestas disformes e monstruosas vivem e segredos que te enlouqueceriam só de ouvir a METADE, vá ler Turma da Mônica e passe bem longe do meu navio, frango, ou te jogo ao bode negro da floresta de mil filhos! Y’haah. H’hai n’ghaa ga’hai! Iä, iä, Shub-Niggurath!

Lovecraft

Lovecraft
Lançamento: 2003
Arte: Enrique Breccia
Roteiro: Hans Rodionoff, Keith Giffen
Número de Páginas: 143
Editora:Vertigo

Overdose Adaptações: O Retorno do Cavaleiro das Trevas (DC)

Bíblia Nerd sexta-feira, 18 de julho de 2008 – 1 comentário

Antes de qualquer outra coisa, saiba que esta revista não tem quase nada a ver com o novo filme (somente o design do Batmóvel), apesar de terem nomes semelhantes. Fã declarado do personagem, o roteirista e desenhista Frank Miller sentiu-se honrado ao ser chamado para escrever uma história para o Batman. Mas um pequeno e simples fato o incomodava: Miller passou sua infância lendo as histórias do detetive, e o seu pesadelo de se tornar mais velho que Bruce Wayne tornou-se realidade. Isso ele não podia aceitar. Daí surgiu a idéia central de “The Dark Knight Returns”, um dos maiores clássicos do Homem-Morcego.

A história se passa vinte anos no futuro, em uma das realidades alternativas da DC (chamadas de “Elseworlds”). Desde que Jason Todd, o segundo Robin, foi assassinado pelo Coringa, Bruce Wayne abandonou seu serviço como protetor de Gotham City. Muita coisa mudou nesse tempo. Super-heróis tornaram-se uma raridade, assim como super-vilões. Os criminosos comuns aproveitaram para tomar conta das ruas. Mas a maior ameaça são os “Mutantes”, uma gangue de deliquentes juvenis. As coisas começam a mudar quando Wayne decide financiar a rehabilitação de Harvey Dent, o Duas Caras. O lado ruim de Dent fala mais alto, e ele retorna ao crime assim que deixa Arkham. Bruce Wayne veste seu uniforme novamente, e prende Dent. O cavaleiro das trevas está de volta a Gotham, e está na hora de limpar as ruas.

Durante as quatro edições da mini-série, Miller deixa explícito que seu Batman é bem diferente do qual estamos acostumados. Ele não combate o crime porque sente que é o seu dever, nem para evitar que pessoas sejam feridas (como aconteceu com seu pai), mas porque ele adora essa vida repleta de perigos. E para completar a polêmica, o Batman de Miller é alcoolatra. Os outros membros da Liga da Justiça também aparecem com uma personalidade mais densa (para não falar “escrota”). O Superman, que parece não ter envelhecido, trabalha para o governo dos Estados Unidos em troca de proteção para seus antigos companheiros da Liga. Ele mostra-se insatisfeito com seu trabalho, e sua existência é quase que um mito. O Arqueiro Verde agora age como um terrorista. Apesar de ter perdido seu braço esquerdo (ele alega que o Superman é o culpado) e estar velho, ele continua sendo um homem perigoso, assim como o Batman. Outros personagens também ganharam versões psicologicamente agressivas e visual mais sombrio.

Uma outra mudança notável da versão regular para a de Miller, é o Batmóvel. O que antes parecia um carro de fórmula 1 fortificado, agora está mais para um tanque de guerra preto. Creio eu que isso tenha sido feito para adaptar o carro á personalidade de seu motorista. Se o Batman de Miller é agressivo e de certa forma louco, ele precisa de um veículo mais destrutivo. Outra adição interessante ao arsenal do Homem-Morcego, é a bat-armadura (não tem nome na revista), uma espécie de exo-esqueleto que ele usa em certo ponto da revista para combater um oponente muito mais forte que ele.

A arte de Miller, como sempre, mantém seus traços únicos. Linhas grossas, personagens robustos e fortes e cenas de ação impactantes (os punhos desenhados por Miller dão a idéia de serem de aço). Apesar de colorida, a revista contém tons de cinza para deixar a narrativa mais densa. TDKR é a minha história predileta do Batman , e a que me fez procurar os outros clássicos do personagem. Foi originalmente publicada em 1986, mas várias compilações já foram rlançadas e relançadas desde então. Um volume de capa dura está á venda, entitulado “Absolute Dark Knight” e custando exorbitantes 100 reais. Se quiser poupar seu bolso, faça uma visita as lojas online.

O Retorno do Cavaleiro das Trevas

The Dark Knight Returns
Lançamento: Ano
Arte: Frank Miller
Roteiro: Frank Miller
Número de Páginas: Muitas
Editora:DC

Overdose Adaptações: V de Vingança (Vertigo)

HQs terça-feira, 15 de julho de 2008 – 4 comentários

Com suas primeiras edições lançadas em 1982, V de Vingança foi um dos primeiros – e um dos melhores, na minha humilde opinião de bucaneiro – trabalhos da carreira de Alan Moore. A série de dez capítulos começou a ser lançada em preto e branco na revista Warrior, mas a revista foi cancelada em 1985, quando V de Vingança, dividida internamente em três livros, estava no fim de seu segundo.

A história se passa numa inglaterra futurista – pra época, pelo menos – governada pela Nórdica Chama (Norsefire, no original), um partido fascista que chegou ao poder após uma catástrofe mundial causada por uma guerra nuclear, da qual o Reino Unido foi poupado graças á derrota dos conservadores em 1983 (o próprio Alan Moore depois se declarou ingênuo por acreditar numa óbvia derrota de Thatcher, na época). Londres é constantemente vigiada por um sistema policial dividido em departamentos com tarefas específicas: O Olho vigia a cidade através de inúmeras câmeras, a Boca é responsável pela propaganda e comunicação (aparentemente unilateral) entre o partido e o povo, o Nariz é o departamento de investigação, o Dedo se encarrega das prisões e execuções e a Cabeça administra e coordena os outros departamentos. Todo o aparato policial e político se baseia em Destino, um supercomputador ligado a todos os órgãos do partido, e teoricamente capaz de avaliar qualquer situação e encontrar a solução adequada.

Em 5 de novembro de 1997, um terrorista fantasiado de Guy Fawkes explode as casas do parlamento inglês. É o início de uma elaborada vingança contra abusos provocados em nome da ordem. Durante a noite das explosões, o criminoso, que passa a ser conhecido simplesmente pela inicial V, encontra Evey Hammond, uma órfã desesperada, abatida e inexperiente que tenta, sem sucesso, entrar para a prostituição. A garota acaba se insinuando, sem saber, para um dos homens do Dedo, e é salva por V e levada por ele para a Galeria Sombria, onde o terrorista guarda toda a arte que ele conseguiu juntar antes que fosse destruída ou censurada pelo governo.

A HQ traz o conflito entre a Anarquia, a paixão de V – destaque para o diálogo entre V e a Madame Justiça -, e o fascismo, tendo Adam Susan, chefe da Cabeça, como seu representante máximo. Um ponto interessante é que Moore nunca chega a apresentar heróis ou vilões. V, sendo ou não bem-intencionado, é um terrorista e um lunático, matando quem quer que se ponha no caminho de sua vendeta; e Susan é um homem afogado em seu desespero solitário, incapaz de interagir socialmente, que acredita estar sozinho no mundo com seu ‘deus’, Destino. Sem conhecer a ternura humana, o ditador anseia pelo amor frio e, segundo ele, perfeito, de sua máquina.

A idéia é aplicar a anarquia na própria HQ, deixando o leitor pensar por si próprio e decidir se dá razão á ordem restritiva da Nórdica Chama ou ao caos libertário de V. Somos levados a ver a história através dos olhos confusos de vários personagens secundários, como a própria Evey, que vai gradualmente se transformando em algo diferente; Rose Almond, viúva do falecido Derek (ex-chefe do Dedo), que percebe que era amparada apenas pela alta posição de seu marido, e se torna completamente desprezada e largada após a sua morte; e Eric Finch, investigador do Nariz, que vê V como um monstro, mas, sendo obrigado a tentar pensar como o terrorista para pegá-lo, começa a questionar sua própria conduta, tendo aceitado e se tornado parte de um sistema fascista do qual ele discorda. Ao contrário da versão cinematográfica, Finch nunca chega a admirar V ou o que ele faz: ele o considera um monstro até o último momento. A humanidade de cada personagem é outro traço marcante da HQ.

V de Vingança é o tipo de HQ que se torna um clássico pra quem lê. E foi a HQ que me fez ver que histórias fechadas geralmente tem potencial pra ser muito melhores do que as inacabáveis histórias de super-heróis.

Recomendo que a HQ e o filme sejam vistos como duas obras separadas. Os dois foram feitos em épocas diferentes, e enquanto a Graphic Novel era uma resposta ao Thatcherismo inglês dos anos 80, o filme tentou se adaptar á briga entre conservadores e liberais e á guerra ao terrorismo americana. Isso, claro, sem contar que o filme não foi nem um pouco encorajado por Moore, que já tinha ficado insatisfeito com outras adaptações, como A Liga Extraordinária.

Ave atque vale, marujos!

V de Vingança

V for Vendetta
Lançamento: 1982/1988
Arte: David Lloyd
Roteiro: Alan Moore
Número de Páginas: Varia
Editora:Vertigo (EUA), Quality Comics (Reino Unido)

Overdose Adaptações: A Liga Extraordinária (Vertigo)

HQs terça-feira, 15 de julho de 2008 – 3 comentários
ISSO lhe parece um grupo de heróis?

Histórinha pra ilustrar: Há uns anos eu participei de uma promoção de um certo site de entretenimento por aí e ganhei quatro convites para ver A Liga Extraordinária no cinema. Três motivos pra me entusiasmar: Era uma adaptação de uma HQ do ALAN MOORE (Fãs de quadrinhos, uni-vos!), os personagens do filme vinham de LIVROS clássicos estrangeiros (Tom Sawyer, Mina Harker, Dr. Jekyll/Mr. Hide, etc.) e que iria com mais três amigos pra ver o filme DE GRAÇA. Vi o filme, sentado no corredor do cinema (Porque as cadeiras eram nojentas) e gostei do que vi, não ótimo, mas empolgante. E pra que dizer tudo isso? Só pra considerar que o filme, hoje, é UMA DROGA pra mim e os quadrinhos são FENOMENAIS.

Pois é… O cartaz promete… Mas o filme mesmo… Heh!

Pausa para os mooristas pararem de ovacionar… Obrigado. Se fosse para recomendar neste momento cinco quadrinhos com características literárias para quem quisesse uma boa leitura, os dois volumes de A Liga Extraordinária ocupariam duas indicações, obrigatório o primeiro. Ao contrário do filme, a graphic novel (Nome bonito para HQ´s de “grande porte”) é bem menos voltada para a ação e mais para criar toda uma mitologia de uma equipe secreta que funcionaria como uma equipe de “super-heróis”. Nesta história, porém, os heróis não são pessoas com super-poderes, mas sim personagens da literatura mundial com habilidades estranhas, maldições macabras e perfis nada heróicos. Novamente ao contrário do filme é Mina Harker, da obra Drácula, quem viaja pelo mundo recrutando homens excepcionais para formar A Liga e defender a Europa de uma conspiração.

Sente só QUEM está no meio. Viu quem manda na budega?

Se para você Tom Sawyer, o personagem mais enjoadinho do filme, era dispensável e totalmente sem graça, fique feliz que, ao lado de Dorian Grey, ele não ocupa as páginas do trabalho de Alan Moore. Aliás, praticamente todas as personalidades e trama são diferentes de uma versão para a outra, excluindo Nemo, igualmente “soberbo” nos quadrinhos. Mina Harker é contida e feminista, bem menos oferecida e poderosa. Aliás, em nenhum momento chegamos a ver ela apresentar forças das trevas como na telona. Alain Quartermann é um velho quase caduco que demora a sentir vontade de assumir o cargo e tem bem mais a condizer com a real idade que tem. Quando o encontramos nos quadrinhos ele está em uma situação bem constrangedora. A dupla Jekyll e Hyde é muito mais bizarra, sendo que o doutor faz uma participação bem menor, ficando a maior parte do tempo na pele do gigantesco monstro que parece inspirado no Hulk. Por fim, Griffin, o Homem-Invisível, é um sujeito mesquinho, que prefere ficar atrás dos panos, aproveitando das sobras e esgueirando dos combates.

“Querida! Olha o que eu trouxe pro jantar!?!”

Outro adjetivo para os quadrinhos de A Liga Extraordinária seria ousado. Durante a leitura encontramos um teor adulto, bem diferente das, em geral, alegorias e estapafúrdias de quadrinhos que tratem de uma “liga”, se é que me entende. Sexo, violência exagerada, citações complicadas da cultura inglesa e personagens extremamente profundos povoam a página de A Liga Extraordinária. O terceiro volume, inclusive, veio cheio de “easter eggs”, ovos de páscoa para os fãs, incluindo um disco anexo. Eu ainda espero para ler em português.

Essa coisa traria um caderno de pornografia dentro. Empolgou?

A Liga Extraordinária Vol. 1

The League of Extraordinary Gentlemen
Lançamento: 2003
Arte: Kevin O’Neill
Roteiro: Allan Moore
Número de Páginas: 191
Editora:Devir

Overdose Zumbis: Toe Tags (DC Comics)

HQs quarta-feira, 19 de março de 2008 – 2 comentários

Que George A. Romero é o grande nome dos filmes de zumbis, acho que todo mundo aqui já sabe. O que talvez poucos saibam é que em 2004, pouco antes de transformar sua trilogia em uma quadrilogia (com o filme Terra dos Mortos, de 2005), o cara resolveu se aventurar no mundo das HQs. Foi assim que nasceu Toe Tags, série em 6 capítulos lançada pela DC.

Seguindo os filmes do próprio Romero, a história provavelmente se desenrola durante os acontecimentos de Dia dos Mortos ou depois. O estado de apodrecimento dos zumbis e o próprio estado completamente devastado do mundo aponta pra isso. Apesar de ser ótimo pros fãs dos filmes de Romero, que ganham mais um pedaço da história, isso acaba sendo um dos pontos fracos da HQ. Um leitor casual sentiria a falta de informações, já que o apocalipse zumbi já tomou conta desde o início da história. A coisa faz um pouco mais de sentido se os acontecimentos da revista forem encaixados no mesmo universo dos filmes. Por exemplo, a inteligência crescente dos zumbis (alguns certamente pensam mais do que os montes de carne sem cérebro de A Noite dos Mortos-Vivos ou de Despertar dos Mortos) parece dar continuidade á idéia – iniciada em Dia dos Mortos com o carismático Bub e aprofundado em Terra dos Mortos com Big Daddy, o frentista – de que os zumbis também aprendem as coisas.

[Botem alguma imagem aqui, cães imundos]

Um ponto interessante de Toe Tags é que a história é mostrada pelo ponto de vista dos mortos-vivos pela primeira vez. De um lado, acompanhamos o protagonista Damien, que, após ser mordido, se tornou um zumbi consciente, e quer entender o motivo. A explicação parece estar nas mãos do Professor Hoffman (talvez uma referência a Os Contos de Hoffman, um dos filmes favoritos de Romero), que desenvolveu uma vacina que age nos zumbis. De outro, está Atila, the Hungry (eu PRECISAVA manter o original em inglês pra manter o trocadilho ridículo), um zumbi com capacidade de se comunicar, que lidera uma legião de mortos-vivos prontos para devorar tudo que estiver vivo pela frente. Como um terceiro ponto de vista, temos o exército, mostrado aqui como um grupo autoritário liderado por um homem ainda mais ditatorial, e, por fim, grupos de humanos sobreviventes, que se recusam a se unir ao exército, sabendo que vai terminar em merda. Toe Tags, como as outras obras de Romero, mostra a humanidade como a principal inimiga de si mesma, se destruindo em disputas pessoais enquanto os zumbis devoram a todos. A mesquinhez humana parece fazer com que os vivos fiquem cada vez mais estúpidos, contrastando ironicamente com a união dos mortos-vivos e a habilidade de aprender.

Talvez, para os críticos, o maior erro da HQ seja a falta de personagens que sejam realmente carismáticos. As pessoas geralmente esperam encontrar nas histórias personagens que atraiam o leitor a ponto deste desejar sua sobrevivência. A grande impressão que se tem ao ler a história é que Romero está completamente do lado dos mortos-vivos. O que pra mim não tem problema nenhum, claro, mas é o alvo da crítica de muitos leitores. De qualquer jeito, mesmo não sendo o melhor trabalho do diretor, nem sendo a melhor HQ existente sobre zumbis (eu sugeriria The Walking Dead), acho que vale á pena dar uma olhada em Toe Tags.

Toe Tags

Toe Tags featuring George A. Romero
Lançamento: 2004
Arte: Tommy Castillo
Roteiro: George Romero
Número de Páginas: 22
Editora:DC Comics

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