Orloff Five – Saiba como foi o show, véi!
Pois bem, já tem um tempo que vocês estão sabendo do Orloff Five por aqui. E não foram por que são noobs.
DJ Tittsworth, Vanguart, Melvins, Plastiscines e The Hives quebraram tudo (no bom e no mal sentido), e foi por aqui que você ficou sabendo de muita coisa antes de qualquer site aí. QUAL É O SITE MAIS QUENTE DA GALÁXIA MESMO?
Então vamos aos shows. Será que minhas previsões estavam certas?
DJ Tittsworth
Cheguei na metade da apresentação do cara, mas foi o bastante pra ver que ele faz uma discotecagem bacana, fato. Alguns remixes são bem fraquinhos, isso é fato, mas se torna irrelevante principalmente quando ele está em um show onde só consegue agitar a galera ao som de Nirvana. Ao ver que isso deu resultado, resolveu investir e, pelo menos o tempo que eu estive lá (o cara não só abriu a casa, mas tocou no intervalo das bandas E no fim), rolaram 5 sons da banda.
Erro dos produtores do festival ao trazê-lo ou erro do cara na montagem da playlist? Pois bem, acho que foi mais cagada dos produtores, mesmo, afinal, não é só porque o cara é DJ que ele tem que agradar aos fãs de Melvins e Hives, que dominavam o local. É por isso que eu digo que NÃO iria em um evento com discotecagem com o cara, até porque ele cortou uma música do AC/DC logo no começo. NINGUÉM faz isso. Mas eu não iria pela indiferença, mesmo, então, primeiro acerto na previsão: show descartável.
Vanguart
A casa ainda estava relativamente vazia, e esta banda serviu mais para testes gerais do que pra realmente fazer um show. No início, o som estava altíssimo, tive que me afastar do palco para não perder completamente a audição no ouvido direito, que está chiando até agora. Sério. A acústica estava quase uma merda, mal dava pra entender o que o vocalista falava/cantava. O som também não agradou a muitos, principalmente à mim. Outro erro dos produtores, que deviam ter chamado uma banda nacional mais próxima do que realmente valia mais à pena ali. Já havia sugerido Matanza ou Astronautas. Será que eu vou ter que fazer os festivais daqui pra frente, porra?
Descobri também que eu estava certo em relação a Hey Yo Silver, quando disse que se os caras tocassem sons desse gênero a coisa valeria à pena. Não deu outra, foi o som que mais agitou a galera. De resto, o show foi bem chato. 2×0 pra mim.
Melvins
Dale Crover é o cara. Não, Dale Crover é um deus. Ele realmente é o melhor baterista do mundo, não tem pra ninguém. Ele ainda conta com um segundo baterista, que toca em uma bateria menor e não aparece lá muuuito no show, mas É respeitável por estar ao lado de um deus. Ou eu estava vendo dobrado?
A pegada stoner dos caras é bem marcante, e a sonzeira é bem diferente E vibrante do que você está acostumado a ouvir. Dar uma chance ao som dos caras é uma boa, mas descobri uma coisa: Eu sempre pensei que era xiitismo parar de ouvir uma banda quando você acha algum integrante idiota. King Buzzo me fez queimar a língua ao se mostrar um extremo cuzão. Um extremo cuzão. Dale Crover e um roadie de TANGA foram os únicos que realmente interagiram com a platéia, de forma bem humorada E animada. Jared Warren estava frio, e King Buzzo extremamente provocante. Como líder da banda, era obrigação do cara prestigiar aos fãs, não cagar e andar para eles. Os caras simplesmente não se animaram em palco, não tocaram clássicos e Buzzo ainda cometeu a audácia de cantar o hino dos EUA enquanto era extremamente vaiado, há 2 músicas do término do show. No final do último som, tacaram um copo de cerveja no cara e, após ele terminar de fazer o que ele faz de pior, que é CANTAR, o puto simplesmente abandonou o palco, esfriando mais ainda o show e deixando a animação por conta do baterista, a única coisa que realmente valia à pena ali. Creio que não é só comigo, mas vai demorar pr’eu ouvir um álbum dos caras de novo. Frescura? Cara, quando você vive música, você sabe o que tá vivendo.
Resumindo, realmente a maioria ficou entediada e, apesar da cagada, o show foi imperdível graças à Crover. O cara promovia arrepios. E 3×0 pra mim.
Plastiscines
O show mais entediante e ensurdecedor da minha vida. E essa segunda parte só pode ser um sinal: Visualmente a banda é boa, principalmente quando você começa a imagina-las peladas. Agora, em relação ao som, nem quem dizia gostar da banda gostou. A cada som, eu perguntava “Já acabou?” – e a cada som, um cara do meu lado zoava a banda, e dizia “Depois dessa merda vai ser Hives, hein!”. Mas o melhor estava mais próximo ao palco, a galera gritando sem parar algo como “HIVES! HIVES! HIVES!…” – Eu nunca estou errado. 4×0. Sem mais, o show foi uma merda, foi irritante e só prova que essa onda indie é a coisa mais imbecil dos últimos tempos. Você PRECISA ser um RETARDADO pra gostar dessa banda.
The Hives
Não dá. Sério, não dá pra escrever sobre esse show. Uma depressão enorme bate em meu peito quando eu penso “Eu fui no show do The Hives”… ao invés de “Eu estou no show do The Hives”. Cara, foi simplesmente o show mais espetacular de todos os tempos. Liguei pro estagiário para xingá-lo e dizer isso, e foi quando ele disse “Com certeza não foi melhor que o do Motörhead!”. Na hora eu confirmei, mesmo não tendo ido no show, mas pensando bem… The Hives chutou bundas, com vontade. Acabou com qualquer um. The Hives simplesmente me fez ter medo de existir um show mais empolgante que o do AC/DC, por exemplo. The Hives empolgou até quem estava sentado, na área vip. The Hives é a melhor banda do mundo até alguém empolgar mais.
O vocalista Howlin’ Pelle Almqvist não dispensou fã algum, o cara simplesmente andou o palco inteiro, o show inteiro, batendo em todas as mãos que via pela frente. Parecia que o cara olhava nos olhos de cada um presente na casa, era incrível. Por um momento, eu pensei que ele iria falar pra banda parar de tocar pra conversar com a gente. Quando ele percebia que ninguém estava entendendo nada, ele soltava pérolas como “diz aí!”, “batam palmas” e “tira o pé do chão!”. Por um momento eu pensei que o cara iria parar a banda e virar a nossa platéia – o show era nosso. Nunca os fãs foram tão valorizados. Nunca um fã chegou tão feliz em casa. “Agora eu posso morrer”.
O guitarrista Nicholaus Arson deixou Sérgio Serra (Ultraje a Rigor) no chinelo. NO CHINELO. O cara é a loucura em pessoa, e duvido que ele realmente precise de drogas pra ficar daquele jeito – ele não vacilou, simplesmente foi o psicopata obsessivo da noite. Matou a FACADAS a decepção de TODOS – sim, TODOS – os presentes com as bandas anteriores (ou com A banda anterior), jogou umas três palhetas POR MÚSICA para os presentes e as pedia de volta, o que era mais hilário. O cara é foda.
Chris Dangerous também teve seu show à parte, jogando as baquetas para o alto e também para o público. Às vezes parecia que o cara mirava, vi uns três levando baquetada na cabeça. E é isso que faz a diferença: A interação da banda, a forma em que nós viramos mais um integrante dela. E foi exatamente assim que eu me senti quando cheguei em casa: “Meu show foi demais!”. The Hives é simplesmente a banda que deveria tocar todos os dias por aqui. Esse dificilmente sairá do posto de melhor show da minha vida.
Tudo começou com A Stroll Through Hive Manor Corridors, o som rolava enquanto a banda nem estava no palco ainda. O som acabou e eles chegaram na voadora com Hey Little World, obviamente empolgante. Já era o melhor show da noite. Eis que tocam Main Offender, a platéia já entrava em êxtase. A Little More For Little You veio logo em seguida, extremamente empolgadora. Walk Idiot Walk acaba não sendo tão empolgante sonoricamente falando, ao vivo, mas quem disse que alguém ficou parado?
Falando em ficar parado, foi aqui que as gargantas começaram a sangrar: A.K.A. I-D-I-O-T, uma explosão. Uma PUTA explosão. A Thousand Awnsers era um som que eu ainda nem conhecia, seria um side b? Era bacana. E It Won’t Be Long voltou a tirar do chão aqueles que, como eu, não conheciam a faixa anterior, então preferiram prestar atenção – o que não deixa de ser errado, afinal. E a coisa ficou feia de vez quando tocaram Die, All Right!.
Em Diabolic Scheme eles mostraram que conseguem empolgar mesmo com um som relativamente diferente do apresentado até então. Mas o melhor está por vir: em You Dress Up For Armageddon, o som mais cervejada da banda, os caras simplesmente ficaram paralizados em palco por uns 30 segundos antes do último refrão. Impressionante, um estágio superior ao êxtase surgiu aqui. You Got It All… Wrong veio após um “vocês gostam de canções de amor?” (em inglês, claro), e foi quando começou o bate cabeça mais nervoso da noite. E o melhor sempre está por vir: Two Timing Touch and Broken Bones quebrou tudo.
Eis que os caras começaram a falar que iam tocar o último show, e eu interpretei como último som lançado, ou seja: Novo single. Mas não, vieram com Return The Favour, como se fosse o último som da noite. Foi quando saíram do palco, e o público demorou um certo tempo para começarem a pedir por Bis. Quando os caras voltaram, foi com as duas pernas na costela: Bigger Hole To Fill soou como um hino, há quilômetros dali. Hate To Say I Told You So abalou a estrutura da casa, provocou o segundo terremoto de São Paulo. Tick Tick Boom veio pra não ser mais só o melhor som da banda, mas como o som mais espetacular do rock contemporâneo. Todos vomitavam suas gargantas, era incrível. Pulmões voavam, uma cratera se abria no chão… e o melhor show de muitas vidas ali chegava ao fim.
E tudo isso que eu escrevi foi só 1% do show. 10×0 pro Hives.