Ah, os spin-offs. Um dos modos mais fáceis de se salvar ou destruir uma história, seja de séries, quadrinhos ou filmes. Alguns podem tornar um personagem, naturalmente chato, em alguém interessante (Vide o Azulão em “Entre a Foice e o Martelo“), emputecer profundamente os fãs (A Marvel, de modo geral, toda vez que desagrada os fãs, transforma longos arcos em realidades alternativas ou spin-offs) ou melhorar o que já era bom. continue lendo »
A DC Comics, como todos aqui devem saber, é detentora dos dois dos melhores selos de HQs do mundo: Wildstorm e o fodástico Vertigo.
Há algum tempo, esses selos estavam sendo um tanto quanto negligenciados pelas editoras. A Pixel tentou, sem muito sucesso, dar continuidade a esses selos, mas não obteve muito êxito. Ao ponto de, para se conseguir volumes de grande qualidade de séries de grande sucesso, como Sandman, era necessário desembolsar quantias astronômicas de dinheiro. Um volume de “Prelúdios e Noturnos”, por exemplo, não sai da mão de um colecionador por menos de R$ 200 (os da Conrad principalmente, que eram de qualidade embasbacante).
Não mais.
Como diz o título, a Panini acabou de obter os direitos de publicação dos dois maiores selos da DC, que inclui preciosidades como Sandman, Transmetropolitan, Preacher, Ex Machina e o magnífico Fábulas, que ainda hei de resenhar aqui algum dia.
Eu gosto de zumbis. Vocês gostam de zumbis. Até mesmo a mãe de vocês gosta de zumbis, afinal, quem não gosta de zumbis? Pois bem, vocês vão passar a amar zumbis ainda mais depois de conhecer a história de Mnemovore.
Zumbis se contentam em lhe matar e fazer uma saborosa refeição com a sua massa encefálica, além do fato de que, se você não quiser proporcionar os prazeres da mesa a um morto-vivo, basta correr ou decapitá-lo. Mas, e no caso de algo totalmente desconhecido que rouba a sua memória e ainda te deixa vivo pra se angustiar com a amnésia? continue lendo »
Claro que não, só uns dois caras que leem isso aqui mesmo, mas beleza. Alguém já deve ter explicado a mudança e o Bacon, e como as coisas vão ser daqui pra frente e tal, acredito que ficará tudo mais organizado e muito melhor pra vocês, seus putos! Então voltamos com os Lançamentos da semana às segundas. Vânbóra.
[Devido a problemas técnicos com servidores o LS da semana passada não esteve disponível, mas para sua comodidade o colocamos aqui, logo depois dos dessa semana a Brasil Telecom agradece a sua ligação e deseja uma boa noite..
E começamos bem a semana.
Uma das características mais marcantes da série Sandman é o fato de ela mostrar, por uma perspectiva inusitada, os acontecimentos na humanidade: eventos históricos, surgimento de imperadores e escritores, novas versões de lendas antigas… enfim, milhares de eventos conhecidos, reais ou não, são frutos das ações dos Perpétuos, sejam apostas, promessas pessoais ou até mesmo sua falta de ação diante certas coisas. Isso é mostrado claramente em Fábulas e Reflexões, uma coleção de histórias sem ligação entre si, mas que mostram como os Perpétuos supostamente influenciam em nossas vidas. continue lendo »
Zé da Silva tem uma vida boa: um bom emprego, uma esposa que o ama, filhos adoráveis e perfeitos, enfim, uma vida de comercial de margarina. Um dia, ao chegar na sua casa própria em seu carrinho popular financiado, encontra o corpo da esposa pendurado no lustre e os filhos despedaçados pela casa. O assassino, seu vizinho, olha pra você e começa a rir descontroladamente no meio da sala. Você liga pra polícia, o cara é preso, julgado e declarado inocente. Mas, independente do que aconteceu durante o julgamento ou do veredito do juiz, só há uma coisa em sua mente: VINGANÇA!! continue lendo »
Antes de mais nada quero informar que, se tu é uma BIXINHA HISTÉRICA QUE NÃO GOSTA DE COISA FODA, saia imediatamente daqui.
Como tu já deve saber, a Vertigo é o selo da DC para publicações sem MIMIMI. Sandman, Transmetropolitan, V de Vingança e Watchmen se incluem na lista. E Welcome to HoxforD é a mais nova criança da editora. continue lendo »
Livros de Magia foi escrito por Neil Gaiman. Para muitos, isso seria suficiente para largar o computador/laptop, e, calmamente, correr feito um desesperado para uma livraria para comprar a obra, como se estivesse sendo perseguido por um bando de lobos famintos armados com lasers. Porém, como você é tanga, pobre, inculto e não consegue correr mais de 100 metros sem colocar os pulmões de fora, vou explicar para você o porquê de tanta euforia. continue lendo »
Jesse Custer seria apenas mais um padrezinho de um vilarejo esquecido em algum lugar ermo do Texas se não fosse o Gênesis. Não estou falando do prefácio da Bíblia. Gênesis é o filho de um anjo e um demônio que, de saco cheio de anjinhos tocando harpa para lá e para cá no Paraíso, resolveu fazer uma visita à Terra. E, nisso, acabou possuindo nosso amigo Jesse James Custer. Com a união dos dois, Gênesis acaba por conferir a Custer o poder de fazer com que QUALQUER pessoa o obedecesse cegamente. E é aqui que as coisas começam a ficar boas.
Tá olhando o quê, porra?
Se você for tanga, emo ou extremista religioso, feche agora mesmo sua janelinha do Internet Explorer 5 e vá ler o blog da Hello Kitty. Para começar, o Deus retratado na HQ é um bundão, fugitivo e egoísta, perfeitamente sincronizado com a vida real, sem nada a ver com as historinhas que te contam na Igreja. A saga de Jesse começa justamente quando ele descobre que Deus tirou umas férias do mundo sem deixar nem mesmo um estagiário tomando conta do lugar. E, como todo cabra-macho que se preze, Jesse vai atrás dele para acertar as contas.
Obviamente, dá algum trabalho procurar e brigar com uma entidade onipotente que está tentando se esconder. Por isso, Custer procura a ajuda de Tulip O’Hare (sua ex-namorada) e de Proinsias Cassidy (um vampiro irlandês) para facilitar na procura por Deus. Esses três, claro, são os personagens que mais aparecem. Afinal de contas, são os “mocinhos”.
Mas, Guten, eu não gosto desse gibi. É muito feio e não tem herói, só bandido.
Caro Tanguinha, permita-me explicar a situação: primeiro, gibi é Turma da Mônica, Preacher é HQ. Segundo, feio é você, a arte de Preacher é impecável. Terceiro, pesquise para saber o que é um anti-herói. Voltemos ao assunto.
Obviamente, Deus vai ficar divinamente puto com essa caçada de Jesse e vai fazer de tudo para que ele seja morto. Além de mandar organizações secretas da Igreja e mercenários, “Ele” ainda se dá ao luxo de ressuscitar um cara do séc. XIX conhecido por “O Santo dos Assassinos” para dar um fim em Custer, além de figuras como Cara-de-Cu, Daronique e Herr Starr (nome que eu adotaria se fosse um travesti alemão).
Quanto aos capangas do Preacher: Tulip O’Hare foi assassina de aluguel, mas sem muito êxito profissional. Afinal, que tipo de incompetente consegue falhar feio na primeira missão? Apesar disso, é mais macho do que muitos de vocês que lêem esse texto. Foi criada pelo pai caçando, pescando, aprendendo a usar as mais variadas armas de fogo e ouvindo histórias de guerra.
Tava olhando minha bunda? Hein?
Já Cassidy é um vampiro assassino alcoólatra, viciado em heroína, ex-prostituto e desertor do exército, além de ter um interesse gritante pela ex-namorada do Jesse.
Eaê, mano? Tudo beleza?
Agora, junte sangue, MUITO sangue, humor negro de primeira aos montes, atos perversos e perversões, mortes, polêmicas, críticas a uma instituição enraizada na mente popular e diálogos feitos com TESÃO, PORRA!, distribua por 66 histórias e 6 especiais e você terá uma das melhores HQs jamais criadas.
Preacher é uma ótima leitura para aqueles com um estômago forte e que não vêem problemas em ter suas crenças zoadas em nível estratosférico. Garth Ennis (roteirista) e Steve Dillon (ilustrador) fazem dos quadrinhos de Preacher uma janela para a podridão do mundo ao nosso redor.
Preacher
Preacher Lançamento:1995 Arte: Steve Dillon Roteiro: Garth Ennis Número de Páginas: Varia de acordo com o volume Editora:DC Comics, selo Vertigo
Com suas primeiras edições lançadas em 1982, V de Vingança foi um dos primeiros – e um dos melhores, na minha humilde opinião de bucaneiro – trabalhos da carreira de Alan Moore. A série de dez capítulos começou a ser lançada em preto e branco na revista Warrior, mas a revista foi cancelada em 1985, quando V de Vingança, dividida internamente em três livros, estava no fim de seu segundo.
A história se passa numa inglaterra futurista – pra época, pelo menos – governada pela Nórdica Chama (Norsefire, no original), um partido fascista que chegou ao poder após uma catástrofe mundial causada por uma guerra nuclear, da qual o Reino Unido foi poupado graças á derrota dos conservadores em 1983 (o próprio Alan Moore depois se declarou ingênuo por acreditar numa óbvia derrota de Thatcher, na época). Londres é constantemente vigiada por um sistema policial dividido em departamentos com tarefas específicas: O Olho vigia a cidade através de inúmeras câmeras, a Boca é responsável pela propaganda e comunicação (aparentemente unilateral) entre o partido e o povo, o Nariz é o departamento de investigação, o Dedo se encarrega das prisões e execuções e a Cabeça administra e coordena os outros departamentos. Todo o aparato policial e político se baseia em Destino, um supercomputador ligado a todos os órgãos do partido, e teoricamente capaz de avaliar qualquer situação e encontrar a solução adequada.
Em 5 de novembro de 1997, um terrorista fantasiado de Guy Fawkes explode as casas do parlamento inglês. É o início de uma elaborada vingança contra abusos provocados em nome da ordem. Durante a noite das explosões, o criminoso, que passa a ser conhecido simplesmente pela inicial V, encontra Evey Hammond, uma órfã desesperada, abatida e inexperiente que tenta, sem sucesso, entrar para a prostituição. A garota acaba se insinuando, sem saber, para um dos homens do Dedo, e é salva por V e levada por ele para a Galeria Sombria, onde o terrorista guarda toda a arte que ele conseguiu juntar antes que fosse destruída ou censurada pelo governo.
A HQ traz o conflito entre a Anarquia, a paixão de V – destaque para o diálogo entre V e a Madame Justiça -, e o fascismo, tendo Adam Susan, chefe da Cabeça, como seu representante máximo. Um ponto interessante é que Moore nunca chega a apresentar heróis ou vilões. V, sendo ou não bem-intencionado, é um terrorista e um lunático, matando quem quer que se ponha no caminho de sua vendeta; e Susan é um homem afogado em seu desespero solitário, incapaz de interagir socialmente, que acredita estar sozinho no mundo com seu ‘deus’, Destino. Sem conhecer a ternura humana, o ditador anseia pelo amor frio e, segundo ele, perfeito, de sua máquina.
A idéia é aplicar a anarquia na própria HQ, deixando o leitor pensar por si próprio e decidir se dá razão á ordem restritiva da Nórdica Chama ou ao caos libertário de V. Somos levados a ver a história através dos olhos confusos de vários personagens secundários, como a própria Evey, que vai gradualmente se transformando em algo diferente; Rose Almond, viúva do falecido Derek (ex-chefe do Dedo), que percebe que era amparada apenas pela alta posição de seu marido, e se torna completamente desprezada e largada após a sua morte; e Eric Finch, investigador do Nariz, que vê V como um monstro, mas, sendo obrigado a tentar pensar como o terrorista para pegá-lo, começa a questionar sua própria conduta, tendo aceitado e se tornado parte de um sistema fascista do qual ele discorda. Ao contrário da versão cinematográfica, Finch nunca chega a admirar V ou o que ele faz: ele o considera um monstro até o último momento. A humanidade de cada personagem é outro traço marcante da HQ.
V de Vingança é o tipo de HQ que se torna um clássico pra quem lê. E foi a HQ que me fez ver que histórias fechadas geralmente tem potencial pra ser muito melhores do que as inacabáveis histórias de super-heróis.
Recomendo que a HQ e o filme sejam vistos como duas obras separadas. Os dois foram feitos em épocas diferentes, e enquanto a Graphic Novel era uma resposta ao Thatcherismo inglês dos anos 80, o filme tentou se adaptar á briga entre conservadores e liberais e á guerra ao terrorismo americana. Isso, claro, sem contar que o filme não foi nem um pouco encorajado por Moore, que já tinha ficado insatisfeito com outras adaptações, como A Liga Extraordinária.
Ave atque vale, marujos!
V de Vingança
V for Vendetta Lançamento: 1982/1988 Arte: David Lloyd Roteiro: Alan Moore Número de Páginas: Varia Editora:Vertigo (EUA), Quality Comics (Reino Unido)