Y – The Last Man (Vertigo)

Bíblia Nerd segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008 – 1 comentário

Y – The Last Man

Título original Y – The Last Man
Lançamento: 2002
Arte: Pia Guerra
Roteiro: Brian K.Vaughan
Número de páginas: varia
Editora:Vertigo

Y é um título da Vertigo, mas meu primeiro contato com o trabalho de Brian K.Vaughan foi durante sua estada em Ultimate X-Men, da Marvel. Em “Tormenta”, seu primeiro arco na série, ele mostrou a versão Ultimate do Sr. Sinistro como sendo um psicótico assassino de mutantes. O arco termina com uma aparição de uma página só do vilão Apocalypse, mas não havia como saber se ele era real ou não. Seus outros arcos também não deixaram a desejar. Um pouco depois (ou antes, não faz diferença, na verdade) eu conheci uma criação sua para a Marvel, Runaways. Runaways conta, em 18 edições, a história de um grupo de adolescentes de Los Angeles que mantinha uma vida normal até descobrir que seus pais eram super-vilões. Eles então resolvem fugir e usar os poderes e apetrechos que herdaram (roubaram, na verdade) para combater o crime. Divertida e única, Runaways acabou ganhando uma série contínua em 2005, e o Harvey Awards de melhor série contínua um ano depois.

Nascido no ano de 1976 em Cleveland, Ohio, e se formou em cinema pela Universidade de New York. Seu talento como roteirista de quadrinhos foi descoberto quando entrou para o “Stanhattan Project” da Marvel, uma oficina de quadrinhos. Seu primeiro crédito como roteirista foi em 1997, com a edição 43 de Cable, pela Marvel. Seu estilo único e equilíbrio perfeito entre humor e seriedade fez com que ganhasse diversos prêmios, e entrasse para o “top 10 de melhores roteiristas de todos os tempos” da Comic Book Resources. E não para por aí. O trabalho de Vaughan já foi comentado ou apresentado em várias formas de mídia, como o New York Times, MTV, rádio e a revista feminina “Bust”, que o fotografou para a edição “Homens que Amamos”. Também estou intrigado quanto a este último.

Nestes 10 anos como roteirista, Vaughan fez excelentes contribuições para os principais personagens da Marvel/DC, mas nada se compara ás suas criações próprias, como é o caso de Y, revista que ele criou junto á premiada desenhista Pia Guerra.

Brian K.Vaughan

A trama se inicia em 2002, quando um vírus desconhecido mata todos os homens da Terra. Desculpem-me. Todos os machos da Terra. Todo e qualquer mamífero portador do cromossomo Y sofreu uma terrível – e simultânea – morte. Bom, todos menos Yorick Brown e seu capuchin (uma espécie de macaco), Ampersand. Neste exato momento você deve estar acessando seus sonhos eróticos e pensando “Que cara sortudo, eu ia tocar terror!”. Sinto em dizer que a situação em que Yorick se encontra é muito mais complicada.

Vamos apelar para as estatísticas. 48% da população humana da Terra, ou aproximadamente 29 bilhões de homens, foram exterminados. 85% dos políticos está morto, assim como 100% dos bispos católicos, líderes muçulmanos e rabinos judeus ortodoxos. 99% dos mecânicos, eletricistas e construtores também se perdeu. Nos Estados Unidos, onde Yorick se encontra, 95% dos pilotos comerciais, caminhoneiros e capitães de navio morreram, assim como 92% dos criminosos. Nenhuma das tropas femininas do exército americano têm experiência de combate. Não podemos dizer o mesmo de países como a Espanha ou a Alemanha. Austrália, Noruega e Suécia são os únicos países que possuem mulheres servindo em submarinos. Em Israel, todas as mulheres entre 18 e 26 anos serviram obrgiatóriamente no IDF por pelo menos 1 ano e 9 meses. Antes da praga, pelo menos 3 “homens-bomba” palestinos foram mulheres.

De fato, parte das mulheres sente falta de “companhia masculina”, e tenta compensar a mesma. O número de mulheres travestidas, lésbicas e vibradores em uso nunca foi tão grande. As militares, em maior parte autoritárias e frias, se tornaram as “donas do mundo”. Sobreviver se tornou algo difícil para as civis, e muitas delas morrem de fome ou passam dias sem comer. Por fim temos as “amazonas”, mulheres alienadas que acreditam que o extermínio de todos os homens foi uma forma que Deus encontrou de eliminar o mal da Terra. Como na mitologia, as amazonas arrancam um de seus seios para facilitar a arquearia. Bem-vindos á um mundo sem homens.

Após três meses de sobrevivência (Yorick esconde seu rosto com uma máscara de gás, e seu corpo com um manto), Yorick recebe a maior missão de sua vida: Ajudar no repovoamento do Planeta. Mas não do jeito que você pensa e, muito provavelmente, sonha. Antes de qualquer coisa, é preciso descobrir por quê Yorick e Ampersand estão vivos, e confeccionar uma cura para os futuros bebês. É aí que entra a doutora Allison Mann, que havia chegado perto de conceber um clone antes da Praga, e a única mulher qualificada o suficiente para a missão. A segurança da dupla (ou trio, se contarmos com Ampersand) ficou sob a responsabilidade da agente 355, uma mulher tão misteriosa quanto o suposto vírus que matou os homens.

Yorick definitivamente não faz o perfil de messias. Ele é um jovem de vinte e poucos anos, formado em inglês e membro da Irmandade Internacional de Mágicos. É totalmente relevante mencionar que sua especialidade é a “arte da fuga”, o que envolve escapar de camisas de força, se soltar de algemas e abrir portas trancandas. Yorick também não tem nenhuma noção de briga, e é surrado em várias ocasiões durante as 60 edições. E o maior motivo: Ele não está nem aí. Yorick não se vê como salvador do mundo, e está mais interessado em encontrar sua namorada Beth, que se encontrava na Austrália na hora do extermínio.

Tudo se complica ainda mais quando as amazonas, entre elas Hero Brown, irmã de Yorick, e o exército israelense descobrem que os boatos sobre um último homem são verdadeiros… Como eu disse antes, esqueça seus sonhos. Yorick está prestes a viver um pesadelo.

E isto é apenas uma visão superficial do que te espera na revista. Y é tão envolvente que chega a ser leitura compulsória em alguns momentos. A maioria deles. Sem exagero algum, Y deve ser a melhor revista em quadrinhos que já li nesses meus 16 anos de vida. Sim, eu já li Sandman e Watchmen.

Os personagens são simpáticos e bem trabalhados. Vaughan os apresenta aos poucos, mostrando flashbacks da infância deles em alguns pontos estratégicos da revista. A caracterização de Guerra ajuda bastante neste processo. Com o tempo, o fraco e covarde Yorick vai amadaruecendo e se tornando um homem de verdade. Uma de minhas partes prediletas da revista resulta deste amadurecimento. Mas não espere terminar as 60 edições sabendo tudo sobre todos os personagens. Apesar de “destrinchar” a personagem durante os últimos arcos da revista, Vaughan encerra a história sem revelar o nome verdadeiro da agente 355, por exemplo. Ele afirmou, porém, que espalhou uma série de dicas pelas 60 edições, gerando algumas boas teorias em fóruns de hqs.

Uma das coisas que mais gostei na revista é a relação irônica entre os fatos. Novamente apelando para flashbacks, Vaughan e Guerra mostram como alguns fatos poderiam ser evitados a partir da mudança de escolhas simples feitas no passado. Devo dizer que estas estão entre as páginas mais engraçadas de Y. Os que não são explicados na revista, são explicados fora desta. Como o título da última edição, por exemplo. Descubram por vocês mesmos.

Não é por pouco mérito que Y tomou a liderança da minha lista de hqs prediletas. Ainda não consegui pensar no porque de eu não ter dado 10 para a revista. Fica a dúvida.

Eu acompanhei a revista em publicação americana, mas já foi confirmada a publicação aqui no Brasil, pela Pixel Media. As 60 edições serão publicadas em 10 TPBs (encadernados). Não sei quanto ao preço, mas você pode dar uma olhada na comunidade oficial da Pixel no Orkut.

confira

quem?

baconfrito