Tem que ter trilha

Cinema terça-feira, 10 de maio de 2011

Faz umas semaninhas que a Warner tá passando enlouquecidamente a “saga” 11, 12 e 13 Homens e um Segredo. Saca? Aquela sequência comandada pelos gatérrimos George Clooney, Brad Pitt e Matt Damon, já que eu tô falando do remake. Tá sendo uma overdose de planos mirabolantes, cenas regadas a comedinhas abobadinhas, e tiradas cool dos bonitos na frente de bandidões com cara de coitadinhos. Tá, a gente sabe que o canal curte dar um replay ensandecido nos filmes que eles selecionam para o mês, mas deu até pra decorar falas. Enfim.

Eu curto os filmes. Curto mesmo. E, até então, eu não sabia exatamente o porquê. Poxa: O diálogo não é lá muito inovador, o humor é bem do cotidiano, a batida não foge muito dos moldes hollywoodianos, e a trama acaba toda ficando meio óbvia – alguma dúvida que o mocinho, ladrãozinho, no caso, vai se dar bem no final? Talvez seja por isso que eu goste tanto: É simples – e sarcástico. O diálogo direto dá veracidade à trama. É quase solto, mas tem sempre um link aqui ou ali que faz tudo ter sentido no final. Tem jeito não: Os filmes me prendem.

Mas, se não fosse pela insistência da Warner em me fazer assistir aos 3 filmes repetidamente (Controle remoto pra quê?), eu não teria me dado conta de um detalhe quase fundamental: A trilha. Cara, tô pra ver trilha que case tão perfeitamente em cada cena como em Ocean’s algum número aí. Ela quebra toda a cena, seja lá o que estiver acontecendo. Mas quebra do jeito que tem que quebrar, não daquele jeito que muda todo o rumo do momento e faz tu ficar com um “whatthehell?” estampado na cara. Pensa num enterro, com um bolerinho no fundo. Sensacional.

Trilha sabe ser um negócio subestimado. Povo quer saber dos atores, aí bancam de entendidos no assunto, e querem discutir fotografia, cenário, ou então metem o pau nos erros ou em qualquer coisa absurda que eles cavoquem pra achar. Mas, e a trilha? Aquela musiquinha que tá rolando no fundo e tá fazendo toda a diferença? Vocês se ligaram? A maioria, não.

Em 12 Homens e Outro Segredo, especificamente, eu achei a trilha bárbara. Ela quase complementa as falas, te dá exatamente a sensação que tu tem que ter, e direciona as emoções do espectador. Não é aquela coisa normal, de ter uma ceninha romântica e rolar uma música duma mulher mimimi cantarolando, ou aquela coisa típica e previsível, com uma letra que case com a cena. Não tem letra: É só instrumental.

Uma trilha bem elaborada faz parte do texto. É parte fundamental do roteiro, é a fala quando o ator cala. Guia emoções, sensações, desperta sentimentos e gera reações. Nos filmes em questão, ela da movimento ao filme. É a quebra que, ao mesmo tempo em que dá uma reviravolta, dá sequência, continuidade e lógica pro que tá acontecendo. Ela é a prova de que o filme foi friamente calculado, detalhe por detalhe, fazendo o espectador se sentir tratado como deve ser tratado: Como um apreciador, e não como um objeto passivo, que recebe as informações sem graça e óbvias da grande maioria dos filmes que seguem o estilo de Ocean’s algum número. Boa parte da inteligência dos filmes, na real, tá na trilha escolhida. Vale a pena tu assistir cuidando dos detalhes. Vale mesmo.

Aqui uma das cenas que eu mais curto, com uma trilha que eu acho fantástica pro que tá rolando. Dá o play, fazendo o favor.

Agora, imagina um mundo sem trilha. Tu tá vendo aqueeeela cena de romance, e não tem uma musiquinha mimimi ao fundo. Fail. Imagina E o vento levou sem a clááássica música que embala aquele beijo que toda guriazinha (Que tenha cultura e tenha tido a decência de assistir ao clássico) sonha em dar também? Não tem escapatória: Tem que ter trilha. Correção: Tem que ter trilha boa.

Não é à toa que tem nego que diz que vida deveria ter trilha sonora, né? Ou pelo menos uns efeitinhos aí, vai.

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