The Walking Dead (Image Comics)
Mundo do Comercial de Margarina: um belo dia ensolarado, pessoas de branco, num bairro de classe média com casas grandes e bonitas. Homens sorridentes de terno beijam suas belas esposas e os filhos antes entrar em seus carros 0 km e rumar para seus empregos estáveis e bem remunerados. Um senhor sorridente, com seu labrador premiado, é ultrapassado pela vizinha gostosa que faz seu cooper matinal.
O labrador começa a latir e farejar furiosamente o chão. O velhinho, arrastado pela força do animal, é levado a um pequeno terreno baldio. O terreno, que abrigava um agradável parque, está cheia de mendigos. E, ao que parece, bêbados, uma vez que mal conseguem se manter em pé, além de não falarem de modo compreensível. O velho se aproxima para informar-se do que está acontecendo. O labrador escapa. No outro dia, o velho, transformado em um zumbi, refestela-se nos cérebros de seus netos.
Roteiro de filme de terror? Bom, poderia ser. Afinal, essa é a história por trás da maioria de qualquer mídia que fale de zumbis: cidade pacata, por algum motivo, é infestada de zumbis de uma hora para outra e uma dúzia de habitantes com cojones corre para salvar a própria pele e defender a cidade dos cefalófagos (Atenção: alerta de neologismo).
E The Walking Dead não foge do estereótipo (o que não quer dizer que seja ruim): o personagem principal, Rick (um… adivinha? Isso, mesmo, policial… olha aí, mais clichês), acordou um dia de um coma, e, simplesmente, o mundo estava dominado por zumbis. Como nosso colega policial estava vegetando à época do surgimento dos zumbis, não se sabe, até agora, a origem dos malditos.
O resto, bom, é o clichezão de sempre: pessoal lutando pela sobrevivência, ataques, contra-ataques e defesas, problemas com suprimentos que vão de alimentos a armas, aquela coisa de sempre.
Algo supreendente, no entanto, é o tratamento dado aos zumbis: eles não estão ali só para criar a versão zumbi-global da ilha de Lost. Há várias observações interessantes a ser feitas, como o fato de que basta morrer para se tornar um zumbi (além, claro, de ser mordido por um). Os mortos-vivos também podem, de certa forma, ser domesticados e tornados menos agressivos, caso mantidos em contato por longo tempo com humanos. A inteligência não mudou muito, mas é curioso observar que zumbis evitam humanos que andem com zumbis (sim, isso acontece às vezes) ou se “disfarcem” de mortos-vivos.
A arte é toda em em preto e branco e chega, às vezes, a ser perturbadoramente detalhada. The Walking Dead é a versão zumbi de Lost e vale (MUITO) a pena ser lida.
The Walking Dead
The Walking Dead
Lançamento: 2003
Arte: Charlie Adlard
Roteiro: Robert Kirkman
Editora: Image Comics
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