This Is War (30 Seconds To Mars)
30 Seconds To Mars é uma banda indecisa. Eles têm a capacidade de compor músicas ótimas como The Fantasy e R-evolve e, ao mesmo tempo, bostas fétidas como The Kill.
E o problema começa com Jared Leto, que até hoje não decidiu o time em que joga: Se aproveita seu timbre de voz, que é muito bonito, ou se caga pra tudo e canta com jeito de quem tá levando uma boa puxada no saco.
Então, sempre fui fã da banda, especialmente por conta do álbum Beautiful Lie. Mesmo assim, estava meio descrente com This Is War, o terceiro, de 2009, por conta de uma declaração do próprio Jared, de que o álbum estaria mais próximo do self-titled, o primogênito, do que do já mencionado segundo álbum. Digo, as primeiras músicas são até bem legais, apesar de nunca tê-las escutado com a devida atenção, mas retornar às raízes é regresso.
This Is War começa com Escape, uma faixa de dois minutos, sendo metade do comprimento um ruído crescente – um minuto de sintetizador. Depois um coro de crianças, acho eu que pra simbolizar aqueles inocentes que pagam com o sangue e a própria vida a guerra e os conflitos causados pelos adultos, num canto cheio de ódio, prometendo vingança e afins. É uma boa introdução, por que se essa faixa fosse parte de alguma outra, a coisa não ia funcionar tão bem. Ia ser redundante e enjoativa. E, o mais diferente, um álbum que não abre com lead single, só na expressão do conceito principal por trás do trabalho.
Depois vem Night Of The Hunter, quinto e último single. A primeira frase da música é sexy pra caralho em francês, La Nuit du chasseur, que, como pode ser percebido, é o título da faixa traduzido. E também de um filme, embora a música tenha sido inspirada pela infância do vocalista. É a maior mostra da mudança no álbum. É mais eletrônica, numa batida mais pop e um refrão bem grudento. A letra, se foi realmente inspirada pela vida do vocalista, explica muita coisa sobre o jeito dele. Brincadeiras à parte, é bem pesada, falando sobre filhos rejeitados. Olha, na segunda música e já dá pra sacar que o álbum é rejeição e mimimi puros. Depois desse texto, vou deitar sobre porcos-espinhos pra recuperar a masculinidade.
Seguindo com Kings And Queens, finalmente o lead single. E o mimimi continua. Dessa vez, o ponto de vista é daqueles que abandonam, mas que o fazem por terem sido abandonados. Por Deus, pelos pais, que seja. Ainda assim, é a mais leve do CD. Os riffs são bem discretos, a música é cantada em pouca gritaria, e conta com vários efeitos eletrônicos. Boa escolha pra single.
E agora, na música que dá nome ao álbum e mesmo assim, inexplicavelmente, não foi a primeira escolha pra single, e sim a segunda. This Is War abre com gritos de plateia. Num ritmo mais agitado, bem vendável, fala sobre os soldados numa guerra. Há momento pra tudo na vida, e, atualmente, é o momento de lutar, àqueles que irão ao fim do mundo por um ideal.
100 Suns, assim como Escape, não é uma música em si, mas uma ponte. O mesmo coro de crianças reaparece, mas dessa vez no fundo. A música se apoia em dois acordes do violão e na voz do Jared, que é linda demais meu senhor jesus hein poderia passar a vida toda cantando desse jeito e não machucaria ninguém.
E agora passemos à estrelinha do álbum, Hurricane, feita em parceria com o Kanye West que em algum momento da carreira já foi legal, apesar de a versão com a voz dele não ter entrado pro CD. Essa aqui tem menos mimimi e questiona a matança. Você aí, leitor, mataria pra salvar uma vida? Mataria pra mostrar que é errado matar? Sobre o instrumental, é um pouco decepcionante. Pra esse clima, eu esperava uma balada bem rock ‘n’ roll, com guitarras pesadas e bateria marcante. Mas é uma música bem eletrônica e leve. Tirando esse balde de água fria, é ponto alto do CD. Foi o quarto single.
Closer To The Edge também foi single. Incrível que os singles estão padronizados e, aparentemente, em sequência. Finalmente algo um pouco mais dançante – nem só de tristeza vive o ser humano – apesar de ser sobre separação, ou ir pra longe pra poder poupar alguém de coisas ruins. Como a separação da guerra e tal, não perdoar o culpado pela separação e estar próximo de reencontro. É divertida, boa pros dias em que se está revoltado e precisa-se de bateção de cabelo.
Vox Populi é deveras interessante. O coro retorna, chamando as pessoas à batalha. Essa daqui é pra aqueles coitados que precisam ir se sacrificar pelo ideal, mas que nunca se questionaram se era isso que queriam mesmo. Pessoas sem escolha na vida. Muito boa. O instrumental bem escasso, onde só em alguns momentos as guitarras aparecem, dando ênfase ao canto, transforma a canção em grito de guerra. Boa pra tocar em protesto. É sério, sem nenhuma ironia, essa música é boa pra caralho.
Já Search And Destroy brocha. É lenta, o refrão é estranho, enjoado. Não curti, não fui com a cara, e a mensagem é bem parecida com a anterior. Pule a faixa.
Alibi me faz ver estrelinhas. É sério, o Jared podia cantar assim no meu ouvidinho pra sempre. Música sobre colapso e reconstrução. Bastante sofrida, sobre aquele momento em que o desespero é tanto que não há mais nada a fazer a não ser relaxar e curtir a vibe. Mesmo que a vibe seja, sei lá, algo como conflitos no Oriente Médio. Como a letra diz, o fim está próximo. Fazer o que?
E mais uma música sobre soldados, Strangers In a Strange Land, outro nome que, provavelmente, veio do livro homônimo. É uma música estranha, que não me agradou. É morta, sem sal, quebra o clima de tudo que foi construído até então. E o vocal tá anasalado. Uma faixa bem dispensável, mas de letra legal. Soldados prontos a destruir qualquer coisa que estiver à frente, afinal, nem tão em casa, mesmo. A mãe dos outros que arrume a bagunça.
E, fechando, Equinox, praticamente instrumental. Na minha interpretação, ela tá aqui pra simbolizar as vozes caladas. A morte da vontade de lutar; o luto, praticamente. No fim, há uma reza, quase um pedido desesperado pelo fim do que estiver acontecendo.
Num balanço geral, é um ótimo álbum. O mais legal é que não é repetitivo. Apesar de girar em torno de um único tema, cada música apresenta pontos de vista diferentes, o que diversifica e tira uma possível redundância da coisa. Tem alguns pecados e alguns excessos, incluindo músicas de seis minutos que poderiam muito bem ser reduzidas. Mas comprimento não influi. Recomendo pra quem já é fã, ou tem a mente bem aberta pra bandas que carregam o estigma, injustamente, de serem ruins.
This Is War – 30 Seconds To Mars
Lançamento: 2009
Gênero musical: Rock Alternativo
Faixas:
1. Escape
2. Night of the Hunter
3. Kings and Queens
4. This Is War
5. 100 Suns
6. Hurricane
7. Closer to the Edge
8. Vox Populi
9. Search and Destroy
10. Alibi
11. Stranger in a Strange Land
12. Equinox
Leia mais em: 30 Seconds To Mars, Matérias - Música, This Is War