Tomb Raider, E3 e os video-games como um todo

Games segunda-feira, 25 de junho de 2012

Então, caso vocês não saibam, a E3, a maior feira sobre jogos do mundo, aconteceu tem pouco mais de 15 dias, e como sempre, coisas foram mostradas, jogos foram apresentados, galerias de “booth babes” fizeram a alegria de nerds punheteiros pleonasmo né e nego já tá esperando a próxima geração de consoles. Como cês já sabem, esse post vai servir só pra eu reclamar de um monte de coisa.

Não sei se vocês acompanharam, mas de certa forma, o consenso entre a galera que acompanhou via internet e as que foram na feira é de que esta foi uma das E3 mais fracas. Considerando que a E3 é uma feira que visa mostrar principalmente as grandes marcas, grandes desenvolvedoras, o que se espera é que tudo apresentado seja sensacional, e porra, um dia a casa cai.

Dentre os nomes desse ano, Watch Dogs, Beyond, Resident Evil 6, Need for Speed: Most Wanted (É, de novo), DmC: Devil May Cry, Kingdom Hearts 3D: Dream Drops Distance (Esses paus no cu tem que parar de fazer spin off e encerrar essa porra de uma vez), SimCity, Injustice: Gods Among Us, Fifa 2013, Medal of Honor: Warfighter, Hitman Absolution, Crysis 3, Avengers: Battle for Earth, Far Cry 3, Assassin’s Creed 3, ZombiU, The Last of Us, Forza Horizon e, claro, o novo Tomb Raider, são os principais.

 The Last of Us: tem tudo pra ser foda içaê.

Eu joguei, dos 9 jogos da série principal de TR, 7 deles, sendo que os últimos 4 eu zerei ao menos 3 vezes cada, então sim, eu curto pra caralho a série. Gosto da jogabilidade, dos gráficos, das histórias e dos personagens. O último jogo, o Underworld, é de 2008, sendo que este novo foi anunciado apenas em 2010. Desde o anúncio fui atrás de tudo que eu podia para saber mais a respeito do jogo, e saíram as primeiras informações, de que a série “começaria de novo”, de que mudariam a história e que não teríamos, de fato, Lara Croft tal como a conhecemos. Nada de dual weapon.

Admito que fiquei extremamente preocupado com esses dados, afinal, é uma das séries que eu mais gosto e mais joguei. Com o tempo, novas informações, novos traillers, fui confiando nessa nova direção que a série toma. Entretanto, com mais informações divulgadas (E tendo o ápice nesta E3), notou-se que a personagem estava muito mais humana, e isso é incrível, mas todo mundo se focou no quanto ela sofre (E ela sofre pacas), nos gemidos e no “sexualismo” quase-explícito: Voltamos para o começo dos anos 2000, quando tava na moda falar mal dos anos 90.

Lara Croft é minha personagem preferida nos video-games. Eu JURO, por mais que vocês não acreditem, que eu NUNCA fiz código para deixá-la pelada, nem a encostei na parede para ver peitos gigantes. Quando joguei, eu sequer sabia que tais coisas eram possíveis. Sim, eu sei que quando o troço surgiu, era puramente para chamar atenção que ela tinha peitos absurdamente enormes, mas 16 anos depois eu achava que isso havia ficado para trás: Tinhamos a personagem mais foda dos video-games, sem precisar apelar para a sexualidade dela. Sim, ela ainda tem peitos grandes (Menores do que eram, é verdade), que hoje são “marcas registradas”: Lara Croft não é, há muito tempo, só uma peituda pra vender joguinho, e ainda sim tem gente se preocupando muito mais com a menção de abuso sexual no trailer, do que no jogo em si.

Esse jogo contará como Lara virou a Lara que conhecemos: Ela está numa ilha, após ter sobrevivido à um naufrágio. É assim que a Lara, a filha de um milhonário meio maluco, vira a exploradora que todos conhecemos. Estupros, bem como a violência, são reais, acontecem todo dia, e não seria diferente com um “vilão”, numa ilha no meio do nada, ao ver uma garota gostosinha: É a realidade, e realidade é a base desse jogo. A personagem precisa passar por isso para se tornar o que ela deve ser.

Enquanto as pessoas ficam debatendo o quão absurdo é um jogo mostral algo extremamente provavel de acontecer (Mesmo que tal coisa seja ruim), esse mesmo trailer mostra algumas das coisas mais importantes da história da personagem: Aprendendo a atirar, a desenvolver suas habilidades, sair de situações completamente absurdas, a ajuda dos amigos. É nesse trailer que mostra a personagem sendo obrigada pela situação a matar, seja um animal, seja o “estuprador”, e ela sofre com isso.

Falam que essa E3 foi uma das mais fracas, e talvez até pode ter sido, comparada com outras, mas sério, há jogos incríveis aqui: DmC, The Last of Us, Forza, AC 3. São jogos que tem tudo para serem realmente bons, de “ficarem na memória”, e ainda assim as pessoas insistem em dizer que essa geração acabou. Essa geração é de 2006, não tem nem um terço da quantidade de jogos que a geração anterior teve, não utilizou todo o seu potencial. Meu deus, God of War saiu para o PS2 num tempo em que falavam que o console já havia morrido, e ainda sim foi um dos melhores jogos já feitos praquela plataforma. Como é que 3 consoles podem estar no fim da vida, sendo que eles não foram explorados ao máximo? Tudo bem, já há hardwares melhores, mas se você quer o máximo de gráficos, vai pro PC.

Lá em 2006, quando ficou-se sabendo que um jogo precisava ser instalado no console, e que este receberia atualizações pela internet eu já dizia que isso seria uma bosta. Bem, a galera “esqueceu” disso por 5 anos, afinal, isso traz algumas vantagens, mas agora esse é apontado como um grande motivo para que esta geração termine. Porra, mais oportunista impossível. Eu também quero novos consoles, mas não porque os atuais não prestam mais. Muito pelo contrário: O console que mais gosto é o PS2, e o portátil é o GBA. Nenhum, absolutamente nenhum portátil foi melhor que o GBA, e já tivemos 2845 versões do DS, o PSP e o Vita (Que na verdade é o PSP 2). Quero dizer, como é que, não um, mas TRÊS CONSOLES podem “estar morrendo” por falta de “capacidade”, se até hoje o GBA, que nem se compara ao PS3, Xbox 360 e Wii (Em todos os quesitos técnicos), “continua vivo”?

 SP é o meu pau.

Ao mesmo tempo que estão matando os consoles atuais, por pura conveniência, o fazem também com os jogos. Sim, eu sei que a E3 é uma feira comercial, que foca no vender, em contratos e tudo mais, mas não se pode excluir o combustível e o oxigênio de uma máquina e esperar que ela funcione ainda melhor sem eles. É uma ideia geral de que a próxima E3, que deve ser em Las Vegas (Atualmente é em Los Angeles), deve ser melhor que essa, e sim, eu concordo, já que tem muita coisa prometida para o ano que vem (Tanto em relação aos novos consoles quanto jogos e coisas como o SmartGlass), mas nego terminantemente que a deste ano tenha sido ruim.

Quero dizer, de que importa a E3? De que importam os consoles? Sim, eu sei que essas coisas formam a base para a indústria dos video-games, mas a partir do momento em que o trono importa mais que o imperador, há um problema. Simples assim: Essas coisas, na hora H, não importam. Os jogos importam, e só eles. Tá, o Vita vai ser uma porcaria igual o PSP, estão enterrando uma geração de consoles enquanto ela ainda respira, é importante que as pessoas que trabalham nisso recebam crédito, mas nada disso deveria importar mais do que os jogos em si. Só os jogos importam, é aquilo alí, as experiências que você tem ao jogar alguma coisa, tanto boas quanto ruins, seja porque a história e a trilha sonoro sejam boas seja porque a mecânica é uma merda e a câmera trava o tempo todo.

E aí voltamos para o início desse post: Não importa se houve ou não uma menção a estupro, não importa se a E3 foi fraca, se a geração acabou ou não (E não acabou), se a indústria está mal, o que importa é que um novo Tomb Raider vai sair, e ele promete ser incrível, já que uma das minha heroínas (Vão em frente e façam a piada óbvia) está ainda melhor do que nos outros jogos, que finalmente veremos que Lara Croft não nasceu sendo fodona, que as duas pistolas são legais, mas que não são um fator decisivo, que uma mulher peituda e “humana”, real, pode deixar (E deixa) Indiana Jones e Nathan Drake para trás com facilidade.

Essa E3 inteira só importa porque tem jogos que eu QUERO jogar, que eu quero ver como são, independente de eles se provarem bons ou ruins, e, ironicamente, a melhor parte disso tudo é uma piada sobre tumbas.

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