Top 007 – Piores filmes do James Bond

Primeira Fila segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pois é, pois é, como vocês devem ter notado (Ou não, já que ainda pensam que quem tá escrevendo é o baconfrito), esse post marca a volta da Primeira Fila. E o que isso significa? Bom, na teoria, toda segunda tem coluna nova, o que faz com que eu tenha que escrever um texto novo todo o domingo. Ou seja, só quem sai ganhando é o Pizurk. Mas por hora chega de enrolação e vamos ao que interessa, a segunda parte do Top 007. Que deveria se chamar algo como Bottom 007, por sinal, mas agora é tarde.

7 – 007 – Os Diamantes São Eternos (Diamonds Are Forever)

Olha, esse filme nem é (Muito) ruim, mas merece a posição por tudo que ele representa. E nem é porque essa foi a primeira vez que o Sean Connery voltou pro papel de James Bond depois de prometer que nunca mais o faria (Ele fez isso de novo no Nunca Mais Outra Vez, que só não tá aqui porque não faz parte da série oficial e a minha lista não é bagunça). Mas ok, eu tou divagando demais hoje. O fato é que foi nesse filme que os realizadores do 007 largaram mão de qualquer vínculo com a realidade, coerência ou outro adjetivo que denote moderação que ainda restava na franquia. Porque vejamos, até aqui os exageros funcionavam porque divertiam. Só que como tudo que envolve o 007, a ideia acabou indo longe demais.

Vamos a cena chave, que resume tudo isso. Ainda na primeira parte do filme, Bond se infiltra na base de um vilão que acaba se revelando ninguém menos que Ernst Stavro Blofeld, o arqui-inimigo da parada. Só que na sala não há apenas um Blofeld, mas dois! Na verdade, um deles é um cara que passou por cirurgias plasticas e ou algo assim, mas isso não é importante. De qualquer modo, ambos tem o agente na mira, mas ao invés de acabarem com a coisa ali mesmo, preferem ficar trocando piadinhas sobre a situação. Até aí tudo bem, todos podemos entender o apelo de assassinar alguém afundando-o lentamente num tanque de tubarões, ou amarrando-o em uma maca que está no percurso de um laser mais lento ainda. Só que o que acontece aqui é algo muito além do que qualquer mente criminosa poderia imaginar.

O 007 consegue matar um dos Blofelds, que acaba sendo o falso. Se bem que pode ser o verdadeiro também, o que explicaria o comportamento do vilão nos filmes seguintes. Enfim, o Blofeld restante decide que é hora de acabar com a brincadeira e obriga Bond a entrar num elevador e apertar um botão. Que solta um gás, fazendo o agente adormecer. Chegando no térreo, os dois assassinos menos ameaçadores da história do cinema carregam o corpo dele pra fora.

E colocam o 007 num carro. Que é levado pro deserto. Lá, eles colocam o cara, ainda inconsciente, dentro de um tubo no meio de uma construção. Algumas horas se passam e um guindaste chega pra colocar o tubo em questão de baixo da terra, como parte de uma tubulação. Mais horas se passam (Dá pra perceber porque chega a anoitecer e amanhecer durante esse processo) e olha só, James finalmente acorda. Quase imediatamente, vemos um mecanismo com lâminas giratórias se aproximando, e eu vou deixar vocês adivinharem a velocidade. De qualquer forma, dá tempo de o protagonista arrancar uns fios do troço e provocar um curto circuito. Livre da ameaça, Bond caminha lentamente até a próxima abertura da tubulação e volta pra cidade. E tudo isso acontece em algum momento antes da metade do filme, sem importância alguma pro resto da coisa.

Ah, e o enredo é algo sobre um contrabandista de diamantes que pretende construir um satélite que atira raios do espaço. Se bem que isso pode ter acontecido em outro filme da série. Ou nos dois, provavelmente.

 Mas pelo menos as cenas no espaço são melhores que as do Foguete da Morte.

6 – 007 – Na Mira dos Assassinos (A View to a Kill)

Eu não queria começar com os filmes do Roger Moore tão cedo, eu juro. Mas não deu pra evitar. Mesmo assim, fica a menção, eu quase coloquei O Amanhã Nunca Morre no lugar, já que ele se apropriou do pior que o visual dos anos 90 podia a oferecer. Mas o Na Mira dos Assassinos fez isso com os anos 80, o que é insuperável. E vamos a história, que aqui é particularmente… Ruim.

 Pensando bem, esse é o menor dos problemas.

Quer dizer, eu nem não tenho capacidade pra elencar todos as bizarrices que o filme apresenta. Basta dizer que Bond encontra um chip capaz de resistir a um pulso eletromagnético nuclear (?) nas mãos de um agente morto e vai investigar, já que ninguém além da Inglaterra teria essa tecnologia. Quem tá por trás da produção do chip é Max Zorin, ex-agente da KGB, cujo hobby é criar cavalos de corrida. E injetar esteroides que fazem os cavalos ganhar todas as provas. Esteroides que foram utilizados nele mesmo durante a Segunda Guerra Mundial, em um experimento nazista. Que deixaram Zorin mais esperto, com o pequeno efeito colateral de tornarem-no um psicopata. Mas fazer o que, não se pode ganhar todas.

Mesmo com esse currículo, qual é o objetivo do cara? Provocar um terremoto em San Andreas pra inundar o Vale do Silício e tomar conta do mercado de chips. Mas é claro que o CJ James Bond não ia deixar isso acontecer e acaba explodindo a porra toda. Eu tento resumir essas sinopses ao máximo, eu juro. Mas olha pra isso, é tudo tão estranho que não dá nem pra acompanhar o que acontece. Sem falar que o plano todo só foi descoberto por causa dos malditos cavalos. Coisa que até o general russo camarada Gogol tentou avisar durante o filme, ninguém lhe deu ouvidos. Pelo menos a parte que o Christopher Walken zoa geral é genial.

5 – 007 Contra Octopussy (Octopussy)

Se o filme anterior se destaca pelo roteiro desnecessariamente complexo, esse consegue manter o nível, com uma trama irrelevante que envolve falsificação de jóias, contrabando de bombas e umas traições aqui e acolá. Com o agravante de ter várias classes e subclasses de vilões, o que prejudica ainda mais a compreensão de tudo. Não que seja complexo, obviamente, mas deixa tudo mais chato ainda. Com destaque pra a personagem título, que nem é vilã de verdade e tem uma ligação mequetrefe com o passado de Bond.

Mas isso nada tem a ver do porquê o filme ocupa essa posição. Basta dizer que o que caracteriza o clima do Octopussy é uma sequência à lá desenho animado onde o 007 escapa de um cativeiro na Índia, se esconde numa floresta e acaba topando com um tigre. Do qual ele consegue se livrar, só pra cair e descobrir uma cobra rastejando nas proximidades. O que faz com que ele pule na água, encontre dificuldades com algumas sanguessugas, seja novamente perseguido por um cara num elefante e tenha que voltar pra água, agora pisando na cabeça de um crocodilo pra escapar. Em resumo, ele enfrenta altas confusões, tudo em uns cinco minutos de filme. Pelo menos o Roger Moore teve a decência de se vestir a caráter.

4 – 007 – Somente Para Seus Olhos (For Your Eyes Only)

Outro caso onde o filme nem é tão ruim, mas simboliza tudo que deu errado na franquia. Alias, é até um dos mais sérios com o Roger Moore, pelo menos até os minutos finais. Mas comecemos pelo início, pra variar. Eu ainda não decidi se acho isso legal ou não, mas essa deve ser a única vez que a trama é posta em movimento pelo acaso. Um acaso um tanto imbecil, mas beleza. Um navio britânico equipado com um mecanismo que quebra códigos (Ou que contém códigos secretos e serve pra comunicação, sei lá), navega calmamente, disfarçado de navio pesqueiro. Claro que pro disfarce funcionar eles tem que pescar de verdade, né. Porque se tem uma coisa que os 007 prezam, é com a realidade. Só que de algum jeito os caras acabam pescando uma mina que afunda o navio. A notícia do naufrágio logo se espalha e então uma porrada de gente vai atras da tal máquina.

A partir daí, o filme segue sem maiores problemas, Bond vai em busca do troço, juntamente com uma mulher que teve os pais mortos no incidente. O esquema de o agente não saber em quem confiar na Grécia, local do naufrágio, também funciona surpreendente bem. Até que, noutra sequência simbólica, o protagonista precisa escalar uma montanha pra chegar no covil do vilão. Conforme vai subindo, ele crava pinos na parede, porque a segurança vem em primeiro lugar. Só que perto do topo, um dos guardas avista o 007. E claro que não dá pra esperar que o o bandido se comporte de maneira lógica, mas o que ele faz já é demais. O capanga acha acha uma corda, amarra a um tronco e começa a descer a montanha. Então, ele usa a coronha do revolver (Sim, ele estava segurando um revolver esse tempo todo) e começa a bater no primeiro pino fixado por Bond, até ele se soltar da pedra. E o padrão se repete, com o protagonista caindo uns metros por vez, até o vilão se aproximar o suficiente pra ser derrubado.

Mas isso não seria suficiente pra estragar o filme, não mesmo. A trama segue satisfatoriamente até os últimos cinco minutos, com o 007 já acompanhado pela Bond Girl da vez. Quando os superiores decidem entrar em contato com ele, porque a primeira ministra da Inglaterra quer agradecê-lo pessoalmente. Mas, não querendo interromper o ato, James passa o comunicador pra um papagaio que se encontra no recinto (E que é muito importante pra trama, por sinal). O que se segue são vários minutos hilários onde a Margaret Thatcher conversa com o bicho pensando ser o 007. Eu estou rindo só de lembrar.

Ah, e eu quase ia esquecendo. Também é nesse filme que o Blofeld finalmente morre, de uma forma um tanto quanto patética. E ainda na cena pré-créditos, que começa com Bond indo visitar o túmulo da esposa, numa referência infeliz ao A Serviço Secreto de Sua Majestade que não tem nada a ver com nada. É, eu retiro o que disse, o filme é bem ruim sim.

3 – Com 007 Viva e Deixe Morrer (Live and Let Die)

Muito bem, aqui entramos num novo nível, e já na primeira aparição do Roger Moore na franquia. Eu poderia falar do objetivo altamente duvidoso do vilão, de explodir uma bomba de cocaína na atmosfera pra deixar todo mundo viciado, ou do protagonista altamente piadista, mas o mais marcante a se ressaltar é a primeira participação do xerife J.W. Pepper.

 Grande personagem.

E a conclusão épica, uma batalha final que não pode ser descrita com meras palavras:

2 – 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade (On Her Majesty’s Secret Service)

Pois é, depois da saída do Sean Connery, a solução brilhante dos produtores pra um novo 007 foi a contratação de George Lazenby. E essa pode ser considerada a primeira tentativa de dar um ar mais sério pra franquia, apesar de o filme claramente se recusar a corroborar com essa teoria. Mas é a primeira vez que o lado emocional do protagonista é explorado, ao menos. Pena que de um jeito ruim. Mas veremos do que tudo se trata, afinal. Em outra decisão totalmente errada dos realizadores, um Blofeld mais afetado do que de costume tem uma clinica nos alpes suíços, onde trata mulheres com alergia. Não perguntem. Só que na verdade, ele usa as pacientes como cobaias pra um plano de dominação mundial que envolve controle da mente e essas coisas. Então, o 007 se infiltra no local pra descobrir mais. E os dois ficam cara a cara de boa, mesmo que tenham se enfrentado no filme anterior. Esse deve ser o primeiro erro de continuidade relevante da série, outro marco do filme.

Enquanto isso, o protagonista precisa da ajuda de um mafioso local, que oferece seu auxilio caso Bond se case com sua filha. Não perguntem. E não se preocupem, ele acaba se casando com ela sim, mas só porque eles se apaixonam, tá? Só que no final ela acaba morrendo, muito triste. Mas nada comparado a felicidade do espectador após o fim dos inacreditáveis 142 minutos de filme.

1 – 007 Contra o Foguete da Morte (Moonraker)

Enfim, uma das obras mais enigmáticas da humanidade. Mesmo esse sendo indiscutivelmente o pior 007 já feito, eu ainda tenho que recomendar que vocês assistam. É inacreditável demais.

 E olha só quem esta de volta.

A coisa já começou errada quando o tema do filme foi escolhido, pra pegar carona no sucesso do Star Wars. E o vilão da vez quer construir uma nova civilização perfeita no espaço. Porque né, a ideia de construir uma nova civilização em baixo d’água no Espião que Me Amava não deu certo por detalhe. Mas o mais legal é que o filme começa com uma das melhores cenas de toda a série, em que o protagonista luta em queda livre por um paraquedas. A única explicação plausível pro resto do filme é que 90% do orçamento tenha sido gasto ali. E essa sequência marca apenas a primeira vez no filme em que Jaws cai de centenas de metros e sobrevive.

Mas seguindo com a história, o 007 é chamado pra investigar o sumiço de uma nave espacial americana que tava sendo transportada pra Inglaterra. O que o leva a rastrear o dono da empresa que constrói o veículo, Hugo Drax, através de locações exóticas. Como o Brasil. E nada melhor para representar o país nas telas do que o Rio de Janeiro. Em meio ao Carnaval, obviamente. Mas ao contrário do que costuma acontecer nas produções hollywoodianas, o filme captura perfeitamente as nuances da nossa sociedade. Por exemplo, Bond segue pra o bondinho, sendo que durante todo o percurso só encontra pessoas de biquíni. Depois de uma batalha onde Jaws rói os cabos da atração turística, os dois caem próximos ao local. E aqui precisamos fazer uma pausa para apreciar a cena mais singela de todos os 007s.

O amor é lindo. Mas Bond não teve a mesma sorte e caiu um pouco mais longe, numa área desértica do Rio. Mas tudo acabou bem, ele foi resgatado por um grupo de gaúchos/mexicanos que passavam pelo local a cavalo, e gentilmente cederam uma fantasia de Clint Eastwood ao protagonista.

Logo após, James segue para a Amazônia, onde encontra a base de Drax numa piramide maia. Com todo o Brasil já retratado, os acontecimentos seguintes ocorrem no espaço, e culminam com uma batalha de lasers que não perde em nada para os filmes B dos anos 50. E tudo fica ainda melhor quando Jaws, ainda ele, passa para o lado dos mocinhos. E se levarmos em conta que todo o plano do vilão só foi descoberto porque ele roubou a própria espaçonave que tinha cedido ao governo, aparentemente porque outras cinco que ele já tinha não eram suficientes.

Mas mais incompreensível que a mente dos realizadores é o fato de esse ter sido o 007 de maior bilheteria até o Cassino Royale. Pensem nisso.

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