“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 30 – 26

Cinema segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

30) Quanto Mais Quente Melhor

(Billy Wilder, 1959)

Pedro: A eleita (pela AFI) melhor comédia já feita não tem esse título a toa. Contando com uma atuação inesquecível de Jack Lemmon, o filme conta a história de dois músicos (Lemmon e Curtis) que se travestem de mulheres para fugir de um grupo de mafiosos. Ah… e eu já falei que esse é O filme de Marilyn Monroe? Leve, incrivelmente divertido e com um dos finais mais marcantes do cinema, Quanto mais quente melhor só não é a comédia perfeita porque como ela deixa bem claro… ninguém é perfeito.

Uiara: Se alguém ainda cultiva a ideia de que Marilyn Monroe era uma loira burra e sem talento, tá passando da hora de ver Quanto Mais Quente Melhor. O timing dela pra comédia só não é melhor que o de Tony Curtis e Jack Lemmon, apesar de não ficar muito atrás. A ideia é original: dois caras são testemunhas de um tiroteio e tem que se disfarçar pra fugir dos gângsters. A fuga mais fácil é com uma banda só de garotas. Numa turnê com elas, um deles atrai o interesse de um senhor ricaço e o outro se finge de senhor ricaço pra ganhar a Monroe. Aí cês dizem: “Original NAONDE? Já vi essa história” e eu respondo que vocês deveriam pesquisar quem copiou quem. Fora que não é qualquer um que tem o gênio da comédia Jack Lemmon, um galã bonito e talentoso se despindo da vaidade pra colocar cílios postiços e, claro, a deusa Marilyn no seu melhor papel.

Veredito Final:
PA diz:
O que dizer de uma das comédias mais engraçadas da história? Com Marilyn Monroe mais espetacular do que nunca – e Jack Lemmon HILÁRIO
Uiara diz:
e o Tony Curtis, grande galã da época, vestido de mulher
a história foi copiada descaradamente milhares de vezes desde sua estreia, mas nunca fizeram um filme tão engraçado quanto esse

PA diz:
E como Billy Wilder transformou uma frasezinha besta como “Ninguém é perfeito” em uma das cenas mais divertidas de todos os tempos
E falando no Tony Curtis – para quem gosta dos bastidores, saiba que ele ficou tão puto em comer 50 pernis (na cena do barco) pq Marilyn não conseguia decorar seu roteiro que ao beijá-la, disse que era como beijar Hitler

Uiara diz:
grande pai da Jamie Lee Curtis

29) Tudo Sobre Minha Mãe

(Pedro Almodóvar, 1999)

Pedro: Acredito já ter deixado explícita minha “quase aversão” por Almodóvar. Ainda assim preciso torcer o braço pra falar de Tudo sobre minha mãe. Não que o filme seja diferente de tudo que o diretor já produziu, na verdade, muito pelo contrário é a síntese do cinema do espanhol (com travestis, mulheres fortes e Penélope Cruz), porém é uma das poucas vezes em que o drama não ofusca a qualidade da obra – e na verdade até acentua.

Uiara: Ao contrário do Pedro, vocês já devem ter notado a minha devoção ao gordinho espanhol. “Parte de toda mulher é mãe/atriz/santa/pecadora. Parte de todo homem é mulher”. Considerada a obra-prima de Almodóvar – apesar de “Má Educação” ocupar esse espaço na minha opinião – é um filme que mostra a especialidade do espanhol: mulheres. As personagens dele (travestis inclusos) são tão dramáticas, neuróticas e fortes quanto as da realidade. Com o diferencial que as famosas cores de Almodóvar deixam a vida na tela muito mais bonita que fora dela. Atenção especial pra cena de transição em que toca Tajabone.

Veredito Final:
PA diz:
Travestis, mulheres fortes e dramas familiares. Tudo o que você espera de um filme de Almodóvar – porém melhor do que em qualquer outro filme, e com algumas “liberações” cômicas e referências A Malvada
Uiara diz:
isso tudo vindo do rapaz que odeia Almodóvar é a prova máxima que vocês precisam ver esse filme

28) 12 Homens e uma Sentença

(Sidney Lumet, 1957)

Pedro: Esse filme é a prova cabal que um bom roteiro, direção competente e boas interpretações são o suficiente para produzir um clássico. Pois é munido disso que doze atores e apenas um cenário fazem um dos clássicos mais inusitados e, por isso mesmo, interessantes do cinema. Não é a toa que já rendeu uma série de (bons) remakes. Mas para variar, nenhum superior ao original.

Uiara: Nesses tempos de orçamentos milionários e consideração errônea dos espectadores de que quanto mais caro um filme, melhor, ver 12 Homens e uma Sentença lembra que a magia do cinema tá simplesmente na boa junção de roteiro+atuação+direção. O que não tem a ver necessariamente com dinheiro. Por mais que o futuro do cinema pareça reinado pelo 3D (que pra mim é uma tecnologia que tem MUITO a ser aperfeiçoada, mas isso é assunto pra uma coluna especial), ainda tá pra chegar o dia que atores digitais sejam melhores que os reais.

Veredito Final:
PA diz:
Depois de assistir a esse filme me digam QUEM precisa de orçamentos milionários para produzir um clássico?
aliás – quem precisa de mais de uma sala para produzir um clássico?

Uiara diz:
é um filme a ser estudado por companhias de teatro e aulas de atuação em geral, porque o maior mérito do filme é certamente do trabalho magistral dos atores
PA diz:
E os diretores de cinema aprenderem que a imersão do espectador, só depende do roteiro
Não sei quanto a você, mas eu me senti um 13o jurado, mesmo que sem poder de voto

Uiara diz:
eu fiquei feliz por não poder mesmo ser uma 13ª jurada, porque não saberia como votar a maior parte do tempo

27) De Volta para o Futuro

(Robert Zemeckis, 1985)

Pedro: Eu já declarei aqui a minha admiração à trilogia por aqui. Mas ela só existiu porque Zemeckis, Michael J. Fox e Christopher Lloyd transformaram o que poderia ser um filme meia boca, em um clássico que marcou a década e juntou uma legião de fãs. Aliás, sinceramente… existe alguém que não seja fã?

Uiara: Duvido muito, Pedro. E se tem alguém, é certamente uma pessoa de mau gosto. A história do garoto que entra num DeLorean e altera o próprio passado deu início a uma das melhores trilogias já filmadas. Infelizmente é um desses que desapareceu da Sessão da Tarde. Alou galerinha do barulho, cadê os clássicos?

Veredito Final:
PA diz:
Os anos 80 foram divertidos. Como eu gostaria de ter nascido com uma década de antecedência…
Uiara diz:
eu não. Sou mais feliz com os penteados atuais
PA diz:
Imagina passar a infância assistindo a clássicos como De Volta para o Futuro NO CINEMA?
Se bem que você nasceu na metade da década de 80, então não conta, vó.

Uiara diz:
na minha imaginação veio agora eu, você… e uma cadeira voando entre nós em direção a sua cabeça
eu sou DOIS anos mais velha que vc, fidaputa

PA diz:
Cáspita. Então troca a sua foto do MSN com urgência.
Eu tava até preocupado se você ainda estaria apta a viajar para L.A.

Uiara diz:
por que eu trocaria a minha foto?
PA diz:
te faz parecer mais… antig… experiente
Uiara diz:
me dê um bom motivo pra eu não te bloquear agora
PA diz:
acabar esse top100
Uiara diz:
pelo menos eu teria acompanhamento e direito a cadeira de rodas no aeroporto e você não
vou chegar em LA mais confortável que você

PA diz:
Nisso você está certa.

26) Um Cão Andaluz

(Luis Buñuel, 1929)

Pedro: O único curta de nosso Top100. O filme mudo de 16 minutos que funciona de relato dos mais estranhos e peculiares sonhos de Salvador Dali e Buñuel, pode parecer lixo intelectualóide para a grande maioria. Mas não é. E não quero dizer que é um filme metafórico (o próprio diretor disse que nada ali tem um significado especial), mas uma obra que preza que através da fragmentação, violência e de seu aspecto onírico, grita, através do grotesco e da ironia, contra a falsa moralidade e principalmente contra a igreja católica.

Uiara: Desde pequena tenho curiosidade em saber como as pessoas pensam. Não “o quê”, mas “como”. Sempre quis saber se a desordem nos meus sonhos, por exemplo, é constante em todo mundo. Pensei que nunca fosse saber, até que um dia, no Museu da Rainha Sofia, em Madri, eu ASSISTI o sonho de dois homens. Esse foi o máximo de racionalização que consegui pra explicar o porquê de ter me emocionado tanto ao ver esse curta. Buñuel e Dalí me fizeram sentir como se fosse a primeira pessoa a ver um filme. E na salinha escura do museu eu ri e chorei como se tivesse visto o amor da minha vida pela primeira vez: o cinema. Sim, esse foi um comentário altamente pessoal. Mas quando é que a gente foi imparcial aqui no Bacon? Vão lá, vejam esse filme e tirem suas próprias conclusões agora.

Veredito Final:
Uiara diz:
eu nunca, NUNCA na vida fui tão envolvida por um filme quanto por Um Cão Andaluz. Eu não sabia se ria, se chorava. Só sei que meu queixo foi no chão e ficou lá no museu em Madri por uns 5 minutos depois do filme
é tão lindo quanto só uma obra surrealista pode ser

PA diz:
Se desarme do seu preconceito com filmes surrealistas, preto e branco e nonsense – e só aprecie a maravilha estética e as sensações que o filme produz.
É o tipo de filme que se torna uma experiência única.

Uiara diz:
é uma pena que ninguém entende que não tem nada pra entender ali. É só a reprodução de dois sonhos, do Buñuel e do Dalí.
não sonho-ideal. Sonho tipo deita-dorme-sonha

PA diz:
Sim. E sonhos bizarros – como são os sonhos de fato.
Uiara diz:
lembrando que é nossa homenagem aos curtas em geral

Este texto faz parte de um TOP 100. Veja o índice aqui.

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