“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 65 – 61
65) Carne Trêmula
(Pedro Almodóvar, 1997)
Uiara: El Deseo S.A. presenta un film de Almodóvar y… digo, Carne Trêmula conta a história de Victor, um cabaço que cria uma relação imaginária com Elena. Um belo dia ele vai tirar satisfação com a moça e no meio do tumulto acaba dando um tiro em um policial. Anos depois Elena e David (o policial), que ficou paralítico, estão casados e Victor tenta se aproximar novamente. A história parece comum, mas NAONDE que um filme do Almodóvar é “comum”? Claro que no meio da história alguém vive bêbado, uma mulher ensina Victor a deixar de ser frouxo, tem traição pra tudo que é lugar e até as ações mais simples se tornam inusitadas… Tudo com aquelas cores todas dignas de um quadro surrealista.
Pedro: Se eu pudesse marcar um confronto recorrente na elaboração desse Top 100, seria a troca de xingamentos envolvendo nossas divergências entre Tarantino e Almodóvar. E mesmo nunca tendo ido com a cara do segundo, eu acabei me simpatizando com alguns poucos filmes seus. Carne Trêmula é um deles. Talvez por ser uma de suas obras mais lights (apesar dos dramas e traições) e mais “limpas”. Uma ótima obra para quem pretende iniciar nos filmes do diretor.
Veredito Final:
Pedro diz:
Filme do Almodóvar que não é chato, é bom por tabela. E carne trêmula é um exemplo disso.
Uiara diz:
primeira aparição do Almodóvar por aqui. O filme me fez detestar o espanholeto por uns dias depois de ler o livro em que a história foi inspirada e ver que não tem nada a ver. Passou quando eu li que ele só se inspirou no primeiro capítulo e as alterações dele faziam mais sentido que as ideias da autora
*momento Bel* Meninas, lá tem a cena de sexo mais bonita da história do cinema. Vejam.
Pedro diz:
overrat… gasp, se ela tá dizendo
Uiara diz:
eu disse “bonita”, veja bem
as cores são perfeitas
a câmera tá no lugar certo
enfim… não recomendado pra virgens
Pedro diz:
Porra
Que opinião mais extremista
Você recomenda o filme para as leitoras, e simplesmente faz com que todos os leitores homens não vejam
Uiara diz:
verdade… esqueci que estamos falando do Bacon. Bom, então façam assim: assistam, mas deixa a tia explicar que NÃO É DAQUELE JEITO. Pronto, melhor?
Pedro diz:
Isso aí. Sejamos democráticos.
Uiara diz:
e chega de soltando as trompas aqui
64) O Homem Que Sabia Demais
(Alfred Hitchcock, 1956)
Uiara: James Stewart e Doris Day fazem o papel de dois americanos ingênuos inocentes de férias no Marrocos. Por obra do destino, o cara é o único que sabe o que um espião francês disse em seus últimos segundos de vida, o que estrepa toda a viagem e resulta no seqüestro do filho dos dois. É um filme pra refletir sobre como tudo poderia mudar se você não estivesse na hora errada no lugar errado. Um dos mais brilhantes suspenses de Hitchcock.
Pedro: Você pode venerar Truffaut, idolatrar Kubrick, amar Chaplin e almoçar assistindo Eisenstein – mas não tem jeito, o gordinho é o HOMEM quando se fala de cinema. Ele pode não ter sido revolucionário nem ter incluído críticas sociais em suas obras, mas uma coisa ele fazia melhor que ninguém: entretenimento. Assistir um Hitchcock é sinônimo de assistir um filme de extrema qualidade, com cenas de tirar o fôlego e momentos icônicos. E não estou falando de um ou outro filme em especial, nem de cinco, seis filmes, na verdade estou falando de pelo menos quinze ou vinte PÉROLAS. E mesmo em um filme menos celebrado como O Homem que Sabia Demais , ele mostra que é insuperável.
Veredito Final:
PA diz:
Se um dia alguém me desse a ingrata missão de escolher o melhor diretor da história do cinema (e não o meu favorito), provavelmente o gordinho mais carismático de hollywood seria meu voto. Poucas pessoas tem tantos filmes – e dentro deles tantos filmes bons. Sério… um filme medíocre dele já seria “uma obra prima” para praticamente qualquer outro diretor.
PA diz:
E talvez por isso escolhemos um filme que não pertence ao seu “Big 4” (composto por Intriga Internacional, Psicose, Janela Indiscreta e Um Corpo que Cai) para essa lista. Pois até em um filme “menor” o cara consegue fazer um clímax de 10 minutos que você nem percebe a falta de diálogos. Não bastasse imortalizar a canção “Que sera, sera” na voz doce de Doris Day.
E eu já falei que isso é um REMAKE do próprio Hitchcock? GÊNIO.
Uiara diz:
um dos poucos papéis em que James Stewart (o ator mais querido do Hitch) não faz um cara engraçadinho. Isso além de ser um dos filmes mais amplos do cara, envolvendo até espionagem internacional. A cena do Royal Albert Hall dá arrepios até no mais insensível dos seres
63) O Túmulo dos Vagalumes
(Isao Takahata, 1988)
Uiara: Esqueça todos os Dragon Balls que você já viu na vida. Aquilo não é animação japonesa que mereça o nome. O Túmulo dos Vagalumes ilustra bem a profundidade dramática que os japoneses conseguem dar aos seus filmes, mandando um abraço pra ideia de que desenho é coisa bobinha pra criança. É impossível desfazer o nó que se forma na garganta durante a exibição. Isso se você não partir direito pro berreiro, tipo eu. E se você tiver algum coração é bem capaz de ao final ir dar um abraço gigante no seu irmão na sua geladeira e agradecer por tudo que ta lá dentro.
Pedro: Se existir alguém que ainda tenha preconceito com animações japonesas, favor mostrar O Túmulo dos Vagalumes para ela. Uma obra que consegue carregar (sem perder o tom em nenhum momento) um misto macabro de beleza com morbidez como só os japoneses conseguem fazer. Um filme sujo, triste, doloroso. Aposto que vocês nunca mais vão encarar as animações da mesma forma.
Veredito Final:
PA diz:
Não me lembro de ter assistido nenhuma animação tão triste/mórbida quanto O Túmulo dos Vagalumes. Sério… até os momentos “felizes” tem um tom de melancolia.
Uiara diz:
eu tinha um preconceito gigantesco com animações japonesas, mas depois que assisti o primeiro fiquei encantada com a maturidade dos filmes. Eles não são como as comédias da Disney. São filmes com uma complexidade tão grande quanto a de grandes dramas ganhadores de Oscars.
Uiara diz:
o final, devo confessar, me fez chorar feito um cachorro na chuva
PA diz:
Mas ainda sim é um filme de beleza única (como é característico dos grandes filmes japoneses) cujo o fato de ser um desenho só mostra o quanto não devemos subestimar as animações – talvez o filme não fosse tão efetivo se utilizasse atores reais.
Uiara diz:
até porque teriam que usar uma criança de verdade. E crianças em geral são tão canastronas que não passariam a emoção da forma devida
PA diz:
Perfeita colocação.
Uiara diz:
você consegue imaginar uma criancinha dessas de propaganda de margarina, toda gorduchinha e rosada, dizendo que tá definhando de fome?
eu não engoliria
PA diz:
Ah! E não deixemos de dizer que acaba sendo um dos grandes manifestos contra a guerra, como poucas vezes o cinema já produziu.
62) Alice no País das Maravilhas
(Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske, 1951)
Uiara: Existem três livros no mundo que dizem ter sido feitos pra crianças e até figuram nas prateleiras infantis, mas que eu botaria minhas mãos no fogo pra provar que um pirralho não entende nem a metade: O Pequeno Príncipe, Alice no País das Maravilhas e Alice no País do Espelho. Os dois últimos foram devidamente compilados no que é, na minha opinião, o melhor filme da Disney. Alice entra no universo mais louco e encantador de todos. Queria eu encontrar por aí um coelho de colete falando “ai meus bigodes, é tarde, é tarde, é tarde!”…
Pedro: Pegue altas doses de LSD, misture com um pouco de crítica social, acrescente uma pitada de filosofia, vire tudo de cabeça pra baixo, deixe de molho em um chá de cogumelo e coloque a roupagem de um conto infantil. Isso é Alice no País das Maravilhas (um compilado de estranha competência por parte da Disney). Poderia escrever páginas e mais páginas sobre o mundo e seus personagens, mas isso já será minha monografia. Então vou sintetizar com minha frase favorita de um dos melhores personagens da história (o Gato de Cheshire): “Nós somos todos malucos aqui”.
Veredito Final:
PA diz:
Até hoje eu tenho dúvidas de como a Disney conseguiu juntar os dois livros (Alice no País das Maravilhas e Alice atráves do Espelho), encher com sua melação típica e não fazer cagada.
Eu poderia ficar o dia inteiro citando os milhares de personagens marcantes – o gato de cheshire, o chapeleiro, a lebre atrasada, a rainha vermelha…
Uiara diz:
e engana-se redondamente quem pensa que Alice é pra criança. É uma história tão cheia de nuances que só um adulto poderia entender (quase) completamente. Até porque nem o Lewis Carrol entenderia tudo. Todos ali só dizem coisas geniais e uma criança não entende nem a metade do sarcasmo ou da insanidade maravilhosa dos personagens
É o tipo de filme que carrega legiões. É impossível gostar “um pouco” da história. Todos os fãs de Alice que conheço são loucos apaixonados.
PA diz:
Pode me incluir nisso. Pra quem não sabe – minha monografia de GEOGRAFIA é sobre Alice.
Uiara diz:
viram?
pra quem estiver com algum sobrando, por favor, faça um favor a si mesmo e vá a EuroDisney. Um dos dias mais felizes da minha vida foi o que passei horas me perdendo no labirinto do Alice no País da Maravilhas
61) A Viagem de Chihiro
(Hayao Miyazaki, 2001)
Uiara: Era uma vez uma menina que tem sua atenção voltada pra alguma coisa totalmente fora do padrão durante um dia normal e é levada pra um mundo paralelo completamente maluco. Sim, você já viu essa história antes, mas nunca como só Hayao Miyazaki poderia apresentar. Os personagens são lindos, por falta de uma palavra melhor. Na verdade, acho que não inventaram uma palavra que seja adequada ao design das figuras do japonês. O homem ganha mais prêmio de animação do que estrelinhas no céu.
Pedro: Pegue a fórmula de Alice, retire o excesso de músicas (padrões da Disney), invista em um caprichadíssimo traço de Anime e ao invés da roupagem de conto infantil, faça uma de mitologia japonesa. Mal e porcamente é o que eu senti assistindo A Viagem de Chihiro. Um filme esteticamente perfeito e com uma história que pode não fazer sentido nenhum para você como pode te apontar o sentido da vida. Uma experiência que eu recomendo a todos vocês, fãs de Naruto.
Veredito Final:
PA diz:
Quem diria… duas animações japonesas em uma única coluna.
Uiara diz:
duas animações japonesas e uma americana
essa é a coluna das animações, nem tinha percebido
PA diz:
Louco. Genial. Sem sentido. Lotado de sentido. A viagem de Chihiro é a Alice japonesa
Uiara diz:
exatamente. É uma Alice com um toque dramático
PA diz:
Palmas para o design dos personagens, que é maravilhoso. Tem cada criatura ali que me fez pausar o filme pra ficar admirando suas formas peculiares.
Uiara diz:
os personagens do Hayao são visualmente incomparáveis. Os protagonistas são absolutamente lindos, não aquela coisa de charge comum em animações
PA diz:
Até a bruxa incrivelmente desproporcional que teria tudo para ser uma “charge” besta consegue ser crível e INcrível no mundo concebido por Miyazaki – onde até personagens sem expressão facial consegue ser extremamente carismáticos.
Uiara diz:
um salve pra minha amiga japonesa que compra os dvds caros do Hayao pra me emprestar. Fernanda o/
P.S. (Uiara): Não, não vou desejar “feliz natal” pra ninguém. Morram.
P.S. (PA): Idem.
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