Trazendo à Realidade – Canário Negro

Nona Arte quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sexta-feira, 17h42. Seu Zé está vendendo churrasquinho grego no centro da cidade, como faz há oito anos para sustentar a família, quando vê você, caro leitor, correndo alucinadamente em direção ao final da rua. Seu Zé ignora isso e entrega, sem a menor pressa, o Tang Laranja ao cliente impaciente. Mas, o que aconteceu? Por que você estava correndo tanto?

Vou lhe dizer o que aconteceu: durante um bom jogo de tower defense, matando tempo pra aproveitar o happy hour das 18h e encher a cara de Guinness, você se lembrou que hoje, logo hoje, é o aniversário da sua gordinha. Preocupado com os litros de álcool que o espera(va)m, o atraso do SaT/SE e o modo de passar daquela fase escrota de seja lá o que você estiver jogando em serviço ao invés de trabalhar, nem passou pela sua cabeça de mandar um SMS que fosse para sua namorada. Correndo rua abaixo, vomitando os pulmões, você se amaldiçoa e tenta lembrar de algo que possa agradar a sua gordinha. Chegando à floricultura, aparece uma faixa, que anuncia um show da banda “Dinah e os Canários Negros”, uma banda de metal gótico. Sabendo que sua gordinha gosta desse tipo de música, você compra, junto com o crássico buquê de rosas, dois ingressos (Com uma graninha extra, para que a vendedora venda os ingressos com a data de duas semanas atrás – afinal, não podemos deixar margem para suspeitas, certo?). Durante o pagamento, a florista informa que ela é a vocalista da banda, o que você releva para sair correndo loucamente até a casa da gordinha.

Depois de tomar fôlego na porta por uns dez minutos, você entra na casa dela e começa a enrolação (“Claro que eu não esqueci, amor, só estava ocupado demais no trabalho. Olha só, comprei os ingressos – no camarote – para um show que eu tenho certeza de que você vai adorar. Não, eu não comprei agora! Olha só a data, já faz duas semanas!”). Convencida, a gordinha vai se arrumar para sair. Já no show, vocês se impressionam com os agudos que a vocalista da banda alcança, potentes ao ponto de trincar alguns copos. O show acaba, bla bla bla whiskas sachet.

No outro dia, ao sair pra comprar uma revista de palavras cruzadas, a seguinte manchete de um jornaleco vagabundo pula na sua cara:

“JOVEM COMBATENTE DO CRIME DERROTA GANGUE APENAS COM GRITOS

VEJA TAMBÉM NO CADERNO DE SAÚDE: DESCOBERTA A CURA DO CÂNCER“.
Você se lembra do show da noite passada, chega a suspeitar da florista cantora, mas ignora tudo isso para voltar logo ao calor da sua cama e/ou gordinha.

Para ser franco, a Canário Negro não tem lá grandes diferenças entre os quadrinhos e a vida, assim como a maioria dos personagens semelhantes à ela (Tais como as Espectrais, de Watchmen). Obviamente, como ela tem uma vida normal e só tem uma habilidade, que não é lá essas coisas, o combate ao crime ocuparia muito pouco tempo da vida dela. As maiores preocupações dela seriam, como acontece com a maioria de nós, as contas (Pagas com a grana da floricultura e os cachês da banda). O combate ao crime, ao invés do vigilantismo, se daria através da infiltração em organizações criminosas, onde ela recolheria provas para denúncias posteriores, como ela já fazia nas revistas da DC.

As incríveis habilidades marciais seriam reservadas para batedores de carteiras, trombadinhas e assemelhados. A poderosa voz, utilizada principalmente para covers de bandas como Therion e, eventualmente, salvar a bunda dela caso a Canário tenha que se livrar de bandos de criminosos genéricos.

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