Um pouco sobre a música country
Primeiro, a música country é um estilo musical como qualquer outro. Não é coisa exclusiva de velhos e gente com chapéus de cowboy. Também não é sertanejo. Segundo, não é tudo a mesma coisa, tem uma série de subgêneros. Aliás, a música country, uns 60 anos atrás, foi parcialmente responsável pelo nascimento do rock.
E a Shania Twain é canadense, e aquilo que ela canta não é música de homem sério, então não encham o saco citando ela. A não ser pra dizer que ela é gostosa, claro.
Uns duzentos anos atrás, muitos europeus cansados de passar fome emigraram de seus países de origem para outros cantos do mundo. Uma parte deles escolheu os Estados Unidos da América. Nessa história e para o nosso texto de hoje, interessam principalmente os irlandeses. Este povo calejado, mas com uma bela e singular cultura, criou uma vasta colônia em terras estadunidenses. Lá, viviam em paz nas regiões montanhosas que lembravam sua própria pátria, tocando suas músicas folclóricas, fazendo guerra entre si e tendo filhos. Enfim, tudo o que faziam na Irlanda. De forma grosseira, para encurtar uma história longa, essa música folclórica, rica em banjos, foi mais tarde chamada de “hillbilly music”. O caso é que da metade do século XIX pra frente, por conta da Guerra Civil Americana, o termo “hillbilly” se popularizou, servindo para designar (Geralmente de maneira ofensiva, mas não sempre) os supramencionados imigrantes irlandeses, simples gente das regiões montanhosas e suas características; entre 1861 e 1865, na vigência da guerra, muitas dessas pessoas saíram de suas comunidades, seja para lutar por um dos lados ou para fugir deles, e se estabeleceram em outras partes do país. Desse jeito, os hillbillies foram parar no cânone de estereótipos típicamente americanos.
Expus tudo isso em termos simples. Claro que, na vida real, a interação entre uma série de grupos, uns com mais influência e outros com menos, acabou por gerar o que está aí hoje. E há sempre detalhes que vêm se agregar com o passar do tempo; por exemplo, através do século XIX, imigrantes, notadamente da Irlanda, Alemanha e Espanha, passaram a viver no Texas e, interagindo com que lá estavam há mais tempo, com os índios nativos e os mexicanos, ajudaram a formar a vastidão do country. Os negros também participaram dessa criação, já que nas regiões rurais americanas, geralmente negros e brancos trabalham, cantavam e tocavam música juntos. Em outras palavras é como eu disse: Uma longa história.
Avançamos para o início do século XX. A música hillbilly começa a ganhar certa popularidade. Efetivamente, entre os anos 20 e 40, apareceram os pioneiros do country, com nomes que mais tarde ficariam famosos, como Hank Williams, Roy Acuff, e Ernest Tubb. Os anos 50 viram essa popularidade subir ainda mais com a criação da primeira associação de música country. Nesse ponto, uma diferenciação se faz necessária: O termo “hillbilly music” caiu em desuso, enquanto que “country music” passou a ser preferido. Também, desse ponto em diante, a música hillbilly passou a ser um nicho dentro do country, que seguiu uma série de rumos. Hoje existem vários subgêneros, como outlaw country, americana, honky tonk, Nashville sound, Texas country e muitos mais; além disso, fusões com outros gêneros deram origem a coisas pouco respeitáveis como country pop e country rap. Mas claro, nem tudo nessas fusões deu errado: A relação próxima do blues com o country (Na época ainda chamado hillbilly) deu origem, lá pela metade dos anos 50, a um certo estilo chamado Rockabilly.
Hoje, a música country é (Obviamente) muito popular na região sul dos Estados Unidos e conta com toda uma legião de seguidores pelo mundo, gente que gosta de seus ritmos e vozes. “A capital do country”, é como chamam Nashville, no estado do Tennessee, dita as regras do que é moda e do que é vendável ou não no estilo; lá também se localiza a WSM, maior e mais influente rádio de country, que realiza desde 1925 o Grand Ole Opry, programa semanal que reúne as estrelas patrocinadas da emissora.
Enfim, é isso. Isso foi só um rápido e simplório olhar sobre o velho country. Faltou muita coisa mas, se fizer sucesso, qualquer dia eu volto com mais passagens da história da música.
Vida longa e próspera, buddies.
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