Uma bruxa cinquentona

HQs sexta-feira, 17 de junho de 2011

No começo do ano, abordei sobre dois personagens dos quadrinhos que em 2011 completam seu jubileu de ouro. Ou seja, se tornam bons cinqüentões, sendo eles o italiano Zagor e brasileiro Chico Bento.

Pois bem, claro que há outros personagens que este ano completam 50 anos de vida, mas não fiquei pesquisando. Mas enfim, eu vou voltar ao tema pois há alguns dias descobri que uma das vilãs mais famosas do mundo também está no time dos cinquentinhas: Maga Patalógica.

Criada por ninguém menos que Carl Barks, Maga Patalógica (Ou Magica De Spell como é chamada no original) surgiu para rivalizar com o pato mais rico do mundo Disney: Tio Patinhas. E seu objetivo não é se apoderar dos quinquilhões do muquirana mais conhecido do mundo, pois ela quer apenas uma moedinha que pertence a ele e, que, por azar é exatamente a nº 1.

Na história O Toque de Midas, onde a bruxa faz sua primeira aparição, ela já demonstra uma aversão completa ao clichê da bruxa má, sendo retratada com muita sensualidade até. E é usando-se da sedução que ela solicita educadamente ao Tio Patinha que ele lhe dê alguma moeda de sua fortuna para que ela derreta junto com outras moedas que ela coletou de outras fortunas para criar um amuleto que lhe trará muitas riquezas.

Tio Patinhas dá a moeda e zomba da feiticeira por essa idéia de amuleto, mas acaba indo atrás dela ao perceber que havia dado a moeda nº 1 para ela. Ele recupera sua moedinha da sorte trocando por outra e acaba comentando com Patalógika que aquela foi a primeira moeda de sua fortuna, razão pela qual a maga conclui que a nº 1 é mais poderosa que qualquer talismã que ela possa forjar. E a conseguir se torna a obsessão de sua vida.

Segundo o próprio Barks, a Maga Patalógika surgiu para dar oportunidade para que as história do Tio Patinhas e seus sobrinhos pudessem viver aventuras em países e situações exóticas. Além disso, Barks estava cansado de usar os Irmãos Metralha como única ameaça ao dinheiro do pato mais rico do mundo.

No livro Uncle Scrooge MacDuck – His Life and Times, editado por Edward Summer, Barks revela que na época “Havia poucas nações para onde mandar os patos que não estivessem em guerra ou enfrentando conflitos internos”, mostrando que havia uma preocupação em não causar problemas políticos com países que achassem que a história se passassem neles ou com locais semelhantes a eles.

Neste mesmo livro, ele conta que quis inovar com sua bruxa: “A Maga Patalójika é pura fantasia: Uma bruxa à moda antiga, incrementada com um toque de humor. Eu a desenvolvi como outra ameaça ao dinheiro do Patinhas porque não podia usar os Metralhas o tempo todo. Os Estúdios Disney tinham feiticeiras em quase todos os filmes que faziam. Pelo menos, eu achava que sim. Então pensei: Por que não inventar uma? E se eu desse a ela um visual mais ou menos glamouroso, com cabelos negros e olhar provocante, em vez daquela aparência das velhas bruxas gordonas e narigudas?”.

Ao todo, Barks produziu nove histórias da Maga Patalógika, que posteriormente ganhou outras inúmeras aventuras pelas mãos de diversos roteiristas e desenhistas.

Maga Patalójika é uma feiticeira italiana, que mora aos pés do Monte Vesúvio. Uma das inovações é que a bruxa usava aviões para se locomover e seus poderes se concentravam em poções, entre as quais as que lhe davam poder de comandar animais, de transmutar o rosto da vítima e um perfume hipnótico.

A própria Patalógika clama ser descendente da feiticeira Circe, o que tem fundamente já que o próprio Barks admitiu ter se inspirado na bruxa mitológica que transformava homens em animais. Maga Patalógika também se transmuta nos mais diversos animais, mas em suas primeiras histórias seus poderes eram limitados. Porém com o passar dos anos ela ganhou mais poder, além de outras características mais comuns entre bruxas, como ver tudo por meio de uma bola de cristal e uma vassoura mágica para se locomover.

Pra conseguir a moedinha numero um a bruxa costuma se aliar a outros vilões, não só do Tio Patinhas como os Irmãos Metralhas e Pão Duro Macmoney, mas também a outros vilões do universo Disney como Bafo de Onça e Mancha Negra, inimigos recorrentes do Mickey Mouse.

Uma aliada frequente é a bruxa Madame Mim, que mais atrapalha do que ajuda, mas as duas formam sempre uma dupla hilária quando trabalham juntas. Ela também fez sucesso fora dos quadrinhos na série animada Duck Tales, sendo inclusive personagem recorrente das histórias.

Assim como Tio Patinhas, ela conta com sua família para atingir objetivos, como sua sobrinha Magali, o bruxo Peralta e sua prima/amiga Vanda. Além do seu corvo de estimação Laércio, cujo nome original é Poe, numa clara referência ao poeta americano Edgar Alan Poe.

Reza a lenda que Carl Barks buscou inspiração nas divas italianas Gina Lolobrigida e Sophia Loren para dar o “ar sensual” de Patalogika, mesclando a mesma com personagens como Mortícia Adamns e Malévola (Feiticeira da Bela Adormecida), mas nada disso é confirmado, mas a sensualidade da pata acabou causando problemas para Barks, que certa vez fora repreendido e censurado por uma personagem de “seios fartos” criada para uma história do Pato Donald.

De qualquer forma, Patalógica continua bem jovem apesar de seus 50 anos e com muita disposição para atazanar o pato mais rico do mundo…

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