Uma domingueira televisiva na vida de um cidadão Century
Eu não sei se isso já foi dito em algum outro texto que escrevi, mas eu moro em Petrópolis e diferentemente do que dizem por aí, não, ela não é uma cidade divertida. Ela mal é uma cidade pra dizer a verdade, mas por incrível que pareça ela tem uma área rural e por mais que a internet chegue aqui, TV por assinatura é uma incógnita completa. Ou talvez as pessoas apenas levem muito a sério o que o Lima Duarte ou o Sérgio Reis dizem. Enfim, eu tenho que passar a mão no toco e agradecer por ter uma antena parabólica com mais de 30 canais.
O grande problema é que desses 30 canais, 10 são agropecuários e outros 15 são religiosos, restando assim Globo, SBT, Record, Cultura e de vez em quando a Band. Pois é, até a Rede TV nego tirou da parabólica. E meu domingo, aquele dia legal pra caralho, resume-se a assistir algum desses 5 canais, mas é claro que se vocês já leram algum texto meu, vocês sabem que eu sou um tanto quanto alienado e falar em alienação e não falar na Globo é quase uma heresia, então meu domingo resume-se praticamente a programação da Globo. Pois é, esse sou eu.
Eu acordo por volta das 13:00 horas com uma puta ressaca escrota. Me arrasto até o banheiro, dou uma bela duma cagada, escovo os dentes, pego uma garrafa d’água, me largo no sofá e ligo a televisão. Primeiramente, é óbvio, faço o que qualquer um faz, dou uma zapeada por todos os canais na vã esperança de encontrar algo legal. Frustrado e desapontado comigo mesmo, acabo deixando na Globo. Nesse horário costuma estar passando um filme. Na maioria das vezes algum dos Transformers ou qualquer animação da Pixar. Não é tão ruim, levando em conta o que está por vir. Quando o filme chega ao fim, começa então o programa que é tudo e não é nada ao mesmo tempo. Sim, estou falando de Divertics. O programa, que envolve circo, teatro, stand up, improviso, esquete, balé, despacho, possessões demoníacas e sondas anais até que tem um bom elenco, se você considerar apenas Leandro Hassum, Rafael Infante e Luís Fernando Guimarães como elenco. As esquetes, que nunca funcionam, nem quando plagiam o Porta dos Fundos, começam do nada e terminam do nada. Você espera que alguma piada saia dali, mas a única forma de rir com o programa é com os improvisos dos já citados Hassum, Infante e Guimarães. Tá pra nascer programa pior do que esse, e olha que ele só tinha que ser melhor do que o Esquenta.
Quando a tortura do Divertics finalmente chega ao fim, tem início o tradicional futebol de domingo. Geralmente o jogo é do Flamengo, mas daí eu nem posso reclamar, ninguém mandou o gordo filho da puta aqui escolher torcer pro Fluminense. Nesse momento eu até mudo de canal e coloco no SBT. Costuma estar dando um quadro dentro do programa da Eliana onde caras entram fantasiados no palco e se oferecem para 5 mulheres que estão lá pra aparecer e não para encontrar sua cara metade. Eu assisto por uns 5 minutos até que a vergonha alheia toma conta do meu ser e eu volto para o futebol. Afinal, secar o Flamengo é sempre legal. Mas é após o jogo que a tortura realmente começa.
O que tem a essa hora é Domingão do Faustão, Roda a Roda Jequiti e o Domingo Espetacular com matérias confiáveis como o ET Bilú. Nessa hora não tem jeito, o lance é desligar a TV e inventar alguma coisa pra fazer. Geralmente eu saio pra comprar algum goró ou vou assistir pornô. Enfim, enrolo na rua ou no XVideos até as 21:00 horas, quando ligo novamente a TV e tento assistir Pânico na Band. É, esse cara sou eu. Globo e Pânico na Band. Foda-se. O problema é que por algum satanás estático, a Band costuma não funcionar a noite, então eu fico puto, dou uns tapas no receptor, taco uma lata na antena e por fim me contento em assistir o Fantástico. Após xingar os repórteres e as reportagens, eu continuo por ali mesmo e assisto Big Brother, The Ultimate Fighter e o filme do Domingo Maior, que geralmente é um filme dos anos 90 com algum dos brucutus do filme Mercenários. Após isso eu vou me deitar sentindo uma ligeira vontade de cortar os pulsos e questionando-me sobre o que estou fazendo com a minha vida, mas depois eu relaxo, já que tudo isso irá passar até o próximo domingo, quando farei exatamente a mesma coisa.
E é assim que um cidadão que não gosta muito de sair de casa passa o seu domingo, sendo torturado por uma caixa mágica que defeca inutilidades na sua mente. Mas cês querem saber o que é mais legal? Mesmo se eu tivesse todos os canais disponíveis na SKY, eu provavelmente continuaria assistindo a estas mesmas porcarias. Meu Deus, eu preciso de um vídeo game.
Leia mais em: Divertics, Globo, Pânico na Band, TUF Brasil