Uma questão de dificuldade

Games sexta-feira, 20 de julho de 2012

Cientistas belgas provaram algo que todo mundo que jogou video-games quinze anos atrás já sabe: Os jogos antigos são mais difíceis que os de hoje. Vocês aí, que devem ser modernos e conectados com o que acontece no mundo provavelmente já devem saber, a notícia tem alguns meses. O caso é que eu li sobre isso recentemente e, por coincidência, desde a semana retrasada eu tenho parado pra jogar alguns desses tais jogos antigos. Acho que eu tinha me esquecido como era ficar puto com tapetes voadores, abelhas, monstros, princesas, jacarés e afins.

Como eu estava sem conexão com a internet, nas minhas horas vagas eu passei a usar o velho emulador do Super Nintendo, já que não tenho um, pra jogar algumas pérolas da infância. As coisas tavam indo tranqüilas, até que comecei a notar que eu mudei um pouco desde a última vez em que fiz isso, fiquei mais impaciente. Nunca fui um grande jogador, daqueles de ter vários títulos e vários consoles, mas tenho alguma experiência na área. De alguns anos pra cá, tenho jogado algumas coisas no meu Nintendo 64 (E alguns jogos dele também eram difíceis, só que um pouco menos), no computador, X-Box, Playstation, enfim; então, quando, mais uma vez, tive que lidar com as coisas da velha guarda da Nintendo, percebi como algumas coisas que tem hoje aí são brincadeira, literalmente, perto de um Aladdin ou Donkey Kong da vida.

Aliás, esses foram os dois primeiros que terminei. Primeiro, as aventuras do rapaz das Arábias. Como eu estava desacostumado a ter um número limitado de vidas sendo severamente ameaçadas o tempo todo por praticamente tudo que se mexia no cenário, sem ter pra onde correr, me emputeci várias vezes. Perguntas surgiam na minha mente: Por que esses bichos malditos ficam pulando dentro desses vasos? Por que esse gênio filho da puta não me ajuda? E, pior ainda, QUEM foi o filho de uma rameira que criou aquela fase do tapete voador? Puta merda, controlar um tapete que voa dentro de uma caverna sinuosa e com lava. Só pode ter sido um gênio. Do mal. É.

 Véi, na boa…

Mas prossegui. Demorei horas pra passar cada desafio. Xinguei Jafhar (É assim mesmo que escreve o nome do vilão?) incontáveis vezes por se transformar naquela maldita cobra no final, e me dar um puta trabalho. Enfim. Zerei o jogo. Alegria, festa. Nesse clima, passei pra Donkey Kong Country, o primeiro, um clássico universal. Como de costume, no começo foi uma beleza. Até que as abelhas começaram a girar e voar mais rápido no meu caminho. Apareceu neve, pulos e manobras que exigiam uma perícia ridiculamente grande pra um jogo chamado de infantil. Pra falar a verdade, eu só achei demais por que tinha esquecido o quanto o segundo jogo daquela franquia ficava difícil ainda mais rápido – que o digam aquelas malditas montanhas russas lá.

Também terminei Donkey Kong, aliviado, e com os reflexos adquiridos nele transbordando pra vida real. Naquele dia, se eu visse um barril, ia tentar jogar nas pessoas. Mas enfim. Ainda nesse ritmo, comecei a jogar Zelda – The Four Swords, As Aventuras de Batman e Robin (Outro jogo ridiculamente chato em certos pontos), e alguns meio esquecidos, como Secret of Mana e Demon’s Crest. Preciso dizer que arranjei encrenca com dois jogos em especial, que desafiam minha paciência de verdade. São eles Lion King e Earthworm Jim. Não, sério, o joguinho do Rei Leão só é pra criança na aparência. Tem coisa ali que você, com vinte e poucos anos na cara, ainda acha difícil. Isso por que sua cabeça, tecnicamente, é mais desenvolvida do que quando cê tinha sete anos. Quanto à Earthworm, aquilo foi enviado por Satã para a Terra, para atormentar as gerações. Quem mais criaria aqueles corvos, e pior, QUEM criaria aqueles malditos cães? O Diabo. Acreditem.

 Trabalho do Capeta!

A verdade é: Não subestimem os jogos daquela era. Nem mesmo se for algo aparentemente simples, como Bust-a-Move (Até por que, com sorte, uma hora cê também vai chegar na fase 27 e querer amaldiçoar aquelas bolinhas coloridas). Se encará-los sem o devido respeito, eles vão torrar sua paciência mais ainda. Claro, em compensação vão te dar reflexos de piloto de corrida. Ah, taí algo bem certo: Uma grande parte desses jogos eram baseados, em primeiro lugar, nos reflexos adquiridos pelo jogador; depois, por inteligência básica, como noção de estratégia, entendimento do que está se passando na história, percepção e cálculo dos movimentos dos objetos – sempre cíclicos e previsíveis, quando prestamos atenção.

Enfim. Com alguma reflexão, não é difícil entender o que os cientistas belgas disseram em termos técnicos complicados, ou o que a sabedoria popular dos jogadores nos diz; os jogos da era do Super Nintendo eram realmente mais difíceis no geral do que os dessa geração. Em contrapartida, eram mais curtos e simplórios, reconheço. Mas as habilidades que eles nos forçavam a desenvolver, as horas gastas, até mesmo os estresses, tudo isso é impagável.

Mas hey, não pensem que eu estou dizendo que todo jogo de hoje é fácil. Cê pensa assim? Então vai jogar Black no modo Black Ops sem munição infinita, vai.

Leia mais em: , , , ,

Antes de comentar, tenha em mente que...

...os comentários são de responsabilidade de seus autores, e o Bacon Frito não se responsabiliza por nenhum deles. Se fode ae.

confira

quem?

baconfrito