Videogame não é auto penitência
Eu não sei vocês, mas eu prefiro muito mais jogos single player que multiplayer. Não que isso seja novidade, mas a real é que um jogo, pra mim, é muito mais sobre a história que qualquer outra coisa, e quando eu digo história eu não quero dizer a história do jogo não, quero dizer o percurso de jogá-lo, o tempo que gasto com os personagens, o ritmo com que descubro como o jogo funciona e o que este tem para me oferecer: Pra mim, a história de um jogo é a história entre a obra e o jogador, e isso é mais importante que todo o resto.
Um dos grandes motivos pelo qual eu nunca dei grandes bolas pra jogo multiplayer é porque multiplayer não é, necessariamente, sobre você e um amigo jogando o que quer que seja, tanto em co-op quanto em versus, muito pelo contrário, sempre foi sobre você e mais um monte de gente jogando a mesma coisa: Basta olhar em volta e você estará vendo a si mesmo, às vezes com uma armadura e armas melhores, às vezes fazendo cagadas dignas da decepção de Jesus, mas inevitavelmente todo mundo ao seu redor é o chosen one, exatamente como você. Pra mim isso é chato pra caralho, não por inveja besta, mas porque
Em comparação ao esquema MMORPG, temos os outros multiplayer, como por exemplo FIFA ou Rocket League ou ainda League of Legends, em suma jogos competitivos, em que dois ou mais jogadores se enfrentam (Ou se ajudam a enfrentar adversários). Joguei bastante de ambos os tipos de multiplayer, e ainda que eu prefira este aqui, pra mim ele é um tapa buraco: O tipo de jogo que eu jogo quando não é possível reunir a galera pessoalmente pra jogar o que quer que seja. Não que não seja divertido, mas porra, multiplayer nunca chegará aos pés de uma lan party, muito menos de um bom e velho campeonato de videogame: A diversão do multi player é indivisível da diversão social, e esta é muito menor quando a tal socialização é, de certo modo, digital.
E é aí que entra o single player: Se por qualquer motivo a socialização “de verdade” não é possível, ou não é o que eu quero fazer (Mas eu ainda quero jogar alguma coisa), eu prefiro jogar alguma coisa que me permita criar a minha história ao invés de ter que caçar desconhecidos através da internet (Ou, ainda pior, dar um de hipster descolado e ir procurar bar arcade pra jogar). Por que aí é o meu ritmo, minhas ações, minhas descobertas… Independente do jogo ser de tiro, de aventura, de terror ou de plataforma, independente de mundo aberto ou progressão linear, de controle ou teclado, de vestir personagem de hentai anime ou descer porrada em dinossauro. O jogo é meu, o save é meu; foda-se nuvem, parceiros de clã, ranking, missão especial de fim de semana.
Então, se a escolha fica entre um quebra galho e um que me satisfaz plenamente (E que ainda não depende de mais ninguém, nenhum outro horário, nenhuma outra conexão, etc.), a escolha se torna um tanto óbvia. E isso vindo de alguém que não liga a mínima pro “ambiente” de jogos multiplayer, com toxicidade, com gente fazendo sexo virtual no chat (Se bem que isso é triste e vergonhoso para um caraleo) e esse monte de porcaria que rola à rodo por aí: Na maior parte do tempo eu nem ligo de ganhar, já que eu sou péssimo na maioria dos jogos online.
Já joguei muito esse tipo de jogo, horas e mais horas, tanto com amigos quanto com gente que, assim como eu, queria jogar e entrou numa partida qualquer, e eu tive bons momentos nessa coisa toda, mas a real é que não teve uma única vez na qual eu não acabei voltando pro single player. Porque, no fim das contas, eu posso jogar sem me preocupar com mais nada: Eu não quero ter que brigar contra um jogo ou contra outros jogadores pra poder aproveitar o que quer que seja. Eu não quero ter que depender de mais ninguém pra ter uma experiência divertida, sendo que eu tenho a escolha de tê-la do meu jeito. Jogos são sobre interação, e eu sei que interações entre pessoas são muito mais complexas e, de certo modo, melhores que entre pessoa e máquina, mas quando as pessoas do outro lado da relação estão te impedindo de se divertir, impedindo de aproveitar o jogo, cê tem que reavaliar as suas prioridades, porque nesse momento cê não só tá perdendo o que você ganha com o jogo, você também não está tendo as vantagens da socialização: Se torna um empecilho, se torna obrigação, e a real é que ninguém tem que jogar absolutamente nada. Isso aqui não é o teu trabalho… E se for, sempre dá pra pedir demissão enquanto você ainda gosta do que faz.
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